INCÊNDIOS FLORESTAIS
Perda de floresta bateu recorde mundial em 2016. E Portugal
liderou as perdas
Em 2016, desapareceu a nível mundial o equivalente à área da
Nova Zelândia. No total, desapareceram da superfície terrestre 29,7 milhões de
hectares de floresta, mais 51% do que no ano anterior.
Liliana Borges
LILIANA BORGES 24 de Outubro de 2017, 13:43
Só em 2016, desapareceram 29,7 milhões de hectares de
floresta em todo o mundo, o equivalente ao tamanho da Nova Zelândia. Contas
feitas, trata-se de um aumento superior a 51% de floresta perdida em relação a
2015. Os números são da Universidade de Maryland e foram publicados nesta
terça-feira pela Global Forest Watch, um portal de vigilância da World
Resources Institute. De acordo com o instituto, este é o valor mais alto
registado nos últimos 17 anos, data em que começaram os registos. Devido aos
incêndios deste ano, quer em Portugal quer na Califórnia, prevê-se que no
próximo ano seja registado um novo recorde de floresta desaparecida.
Os números relativos à floresta perdida incluem não só a
desflorestação natural, mas também os espaços plantados pelo homem. Só Portugal
perdeu 4% de área arborizada em 2016 devido à má gestão de solos e falta de
prevenção, revela o relatório. A proporção de 4% é a maior entre todos os
países. De acordo com a Global Forest Watch, a prevalência de eucaliptos, que
ardem facilmente, conjugada com uma má gestão dos solos e a falta de medidas de
prevenção, como corta-fogos, explicam este balanço.
O relatório realça que parte da responsabilidade do recorde
mundial de 2016 é atribuída à desflorestação com fins agrícolas e aos incêndios
no final de 2015 nomeadamente os que atingiram a Indonésia, Brasil e Portugal,
que num só dia viu arder metade do total de área ardida na União Europeia.
O estudo distingue a desflorestação e a perda de floresta,
esclarecendo que enquanto a desflorestação é resultado da acção humana para
agricultura, minas ou construção civil, por exemplo, a perda de floresta é um
conceito mais abrangente, que inclui também as causas naturais, nomeadamente os
incêndios.
Na Califórnia, exemplifica o relatório, anos de seca
seguidos de um Inverno particularmente chovoso fizeram crescer muita vegetação
rasteira que acabou por ser o combustível ideal para incêndios, num ano em que
as temperaturas elevadas bateram recordes.
No Brasil, por exemplo, depois de uma década de recuperação,
a desflorestação tem aumentado a um ritmo constante, o que preocupa
especialistas. A perda da floresta da Amazónia é uma das maiores preocupações, uma
vez que contribui para o aquecimento global. No último ano, a floresta da
Amazónia perdeu três vezes mais do que o que tinha perdido em 2015: 3,7 milhões
de hectares.
Nas florestas tropicais os incêndios raramente acontecem de
forma natural. São provocados pela mão humana, conjugados com condições
meteorológicas adversas, como altas temperaturas e seca. Em 2016, pelo menos
12% da superfície terrestre experimentou seca severa todos os meses do ano, uma
das secas mais generalizadas de que há registo desde 1950, de acordo com o
Relatório Anual do Estado do Clima, publicado como suplemento do jornal oficial
da Sociedade Americana de Meteorologia. Além disso, sublinham os autores do
estudo, a desflorestação também aumenta os riscos de incêndio, uma vez que contribui
para as alterações climáticas.
Uma gestão mais eficiente dos espaços florestais pode
reduzir os riscos de incêndio. Além disso, o relatório destaca a importância de
os sistemas detectarem ocorrências e permitirem a rápida cooperação entre meios
de combate.
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