Obras
no Saldanha deitam árvores abaixo apesar das promessas em contrário
LILIANA BORGES
30/09/2016 – 19:24
A
Plataforma em Defesa das Árvores questiona a decisão da Câmara de
Lisboa, que há três meses tinha garantido que nenhuma tipuana seria
abatida. A autarquia justifica o abate com o "mau estado
fitossanitário".
As árvores
tipuanas, de copa amplas e densas que enchiam a Praça do Saldanha,
em Lisboa, foram, esta sexta-feira, abatidas. A denúncia é feita
pela Plataforma em Defesa das Árvores, que questiona a legalidade da
decisão do vereador responsável pelo pelouro da Reabilitação
Urbana, Manuel Salgado.
De acordo com os
documentos disponibilizados pelo grupo ambiental, a 1 de Julho deste
ano, o vereador da Câmara Municipal de Lisboa comprometeu-se a não
abater nenhuma árvore e a transplantar duas das árvores que estavam
no centro do Saldanha.
“No que concerne
ao projecto da nova praça do Saldanha e por força de alteração da
geometria da ligação da Avenida Casal Ribeiro à futura rotunda do
Saldanha, está previsto que das 26 tipuanas existentes, duas sejam
transplantadas, sendo o local da sua replantação determinado após
a avaliação resultante da vistoria da Direcção Municipal de
Estrutura Verde, Ambiente e Energia, estando previsto que a mesma
venha a ocorrer na nova Praça do Saldanha”, pode ler-se no
documento que Manuel Salgado assinou na altura.
Nele, o autarca
detalha que "todas as outras árvores existentes na Praça Duque
de Saldanha (tipuanas) serão mantidas, sendo ainda plantadas nesta
área mais 69 árvores novas das seguintes espécies:
jacaranda-mimoso, coreutéria, pereira-de-jardim, cerejeira-brava,
plátano e tipuan".
Confrontados com as
imagens do abate de tipuanas durante esta sexta-feira, os membros do
grupo vieram exigir uma prova de que houve uma autorização escrita
do presidente da Câmara de Lisboa a concordar com o desaparecimento
das árvores em questão. Os cidadãos e as associações
ambientalistas que formam o colectivo sublinham, em comunicado, o seu
“profundo desapontamento pelo vil abate” e dizem aguardar uma
resposta do gabinete de Manuel Salgado.
Entretanto a Câmara
de Lisboa emitiu um esclarecimento sobre a situação ocorrida esta
sexta-feira na Praça do Saldanha. Nele a autarquia informa que "os
serviços dos Espaços Verdes" concluíram, "quando foram
fazer as vistorias necessárias ao transplante das duas tipuanas",
que o seu transplante "seria completamente inviável".
Segundo a câmara,
essa conclusão foi alcançada "atendendo ao mau estado
fitossanitário" de uma das árvores e "à acentuada
degradação" da outra. Face a essa realidade, sustenta-se, as
duas tipuanas "teriam que ser abatidas e plantadas duas novas
tipuanas".
No esclarecimento o
município salienta que "todas as outras árvores existentes na
Praça Duque de Saldanha serão mantidas, sendo ainda plantadas nesta
área mais 69 árvores novas das seguintes espécies:
jacarandá-mimoso, coreutéria, pereira-de-jardim, cerejeira-brava,
plátano e tipuana". A câmara presidida por Fernando Medina
destaca ainda que "a preservação e incremento das árvores
existentes no local foi uma das principais linhas do projeto para a
requalificação do Eixo Central", estando prevista "a
plantação de 741 novas árvores".
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