Os
efeitos perversos do Turismo.
Portugueses
expulsos do Centro de Lisboa pelo aumento explosivo do preço das
casas.
Quem
vai poder morar em Lisboa !?
Este
vai ser um dos grandes temas políticos de um futuro muito próximo.
OVOODOCORVO
–------------------------------------------------------------------
Casas. Lisboa já pratica preços de Paris
Sónia Peres Pinto
16/08/2016 15:43
Vai
ser cada vez mais caro viver no centro da cidade. Há determinadas
zonas #da capital em que o preço por metro quadrado já chega a
atingir #os 10 mil euros. O turismo e a concessão de crédito para
comprar casas para arrendar são as principais causas deste aumento
Vai ser cada vez
mais caro viver no centro de Lisboa e, a curto prazo, muitos
portugueses vão ter de optar por outras zonas mais baratas e que vão
ao encontro das suas condições financeiras. A culpa deve-se, em
parte, ao turismo: o aumento da procura está a levar a uma subida
dos preços cobrados pelo metro quadrado na capital. O alerta é
feito pelo partner e cofundador da Quintela e Penalva – Real
Estate, Francisco Quintela, em declarações ao i.
“Esta subida de
preços tem acontecido nos centros urbanos que são
internacionalmente cobiçados por turistas e investidores. #E
normalmente gera grandes clivagens a nível dos preços praticados
nos diferentes mercados imobiliários”, salienta.
Isso é visível em
determinadas zonas da cidade. Em algumas áreas da capital já se
cobra o mesmo preço por metro quadrado do que em Paris. É o caso
das habitações no Chiado e na Avenida da Liberdade, que chegam a
variar entre os sete e os 10 mil euros por metro quadrado.
Aliás, estas zonas,
assim como o Bairro Alto, registaram valorizações de 18 a 30,%
entre 2014 e 2015. Estas subidas devem-se sobretudo ao interesse dos
investidores estrangeiros. “Há vários indicadores que refletem e
incentivam este fluxo de investimento, como o Global Property Fund
Index: no universo de 32 países analisados, Portugal está entre os
países que geraram retornos mais elevados em 2015 a nível do
mercado imobiliário. Apenas nove países apresentam retornos de dois
dígitos, com o nosso país a registar o sétimo melhor retorno, ex
aequo com os EUA”, salienta.
Francisco Quintela
lembra ainda que zonas como a Baixa e o Castelo estavam até há
pouco tempo quase abandonadas, especialmente a zona da Baixa, com uma
enorme quantidade de prédios vazios e esquecidos. Atualmente estão
entre as zonas onde mais se investe, sobretudo em apartamentos
turísticos, e onde se pedem 6500 euros por metro quadrado sem
estacionamento.
Nova moda
Para o responsável,
há outras zonas que ainda não foram abrangidas mas que, no seu
entender, apresentam muito potencial. É o caso de Campolide e da
Avenida Almirante Reis. “São duas zonas com um potencial de
valorização significativo dada a proximidade com o centro e o fato
de serem bairros muito compostos, com imóveis com qualidade e ruas
com vida e comércio próprio.”
O mesmo acontece com
o Cais do Sodré, que já valorizou, mas que a Quintela e Penalva –
Real Estate acredita que ainda tem margem para crescer. A explicação
é simples: “Está a tornar-se uma extensão do Chiado.” Mais
perto do rio Tejo, o eixo São Paulo-Alcântara terá tendência para
valorizar com a nova sede da EDP – um exemplo que é seguido por
Xabregas, que será também valorizada pelos projetos urbanísticos
pensados para esta zona ribeirinha e pela dinâmica que será
introduzida pela criação de espaços de co-working, à semelhança
do que foi conseguido no espaço da LXFactory.
“Há cada vez mais
confiança de que o país irá continuar a atrair a atenção de
turistas mundiais e esta atração irá ter um impacto continuado no
mercado imobiliário, independentemente dos indicadores
macroeconómicos”, salienta.
Retorno Também o
maior acesso ao crédito explica esta tendência. Atualmente, com os
cortes sucessivos nos spreads, os novos créditos dispararam quase
80% em 2015, o valor mais elevado em quatro anos. Neste momento, a
maioria dos bancos emprestam até 85% do valor da garantia.
“O facto de
Portugal estar a atrair cada vez mais turistas, novamente com alguns
focos geográficos como Lisboa e Porto, tem levado os portugueses a
apostar em casas para arrendar. Com efeito, quem consegue crédito
tem um investimento quase seguro, com um retorno anual de cerca de
5%, mais do que tem sido o retorno médio no mercado de capitais”,
afirma o responsável.
Ainda assim,
Francisco Quintela elogia a existência de várias medidas políticas
que têm como objetivo conciliar o interesse do investimento de
reabilitação imobiliária, com a atração de jovens e de famílias
portuguesas para o centro de Lisboa e do Porto. “É muito
importante que estes incentivos públicos continuem e se
de-senvolvam, pois trazem um equilíbrio que o rápido crescimento do
mercado, gerido apenas pela oferta e pela procura, não contempla”,
acrescenta.
Mercado de luxo sobe
O segmento imobiliário de luxo também acaba por refletir esta
dinâmica, ao crescer 28% em 2015. Mas são os portugueses os
principais interessados em comprar habitações de luxo, sendo
responsáveis por cerca de metade de todos os investimentos. No
entanto, este mercado também beneficiou do investimento estrangeiro,
com os investidores chineses a darem um grande contributo. Aliás, a
Associação de Empresários de Xangai (Shanghai Entrepreneur
Association) anunciou recentemente que tem 10 mil milhões de euros
para investir em Portugal.
“Começou a surgir
procura da parte de mercados que não eram tradicionais, como o da
China, que lidera o número de pedidos de vistos gold, tal como outro
tipo de mercados que nunca olharam para Portugal como um país de
investimento, como Irão, Jordânia, Iraque e Líbano, entre outros.
Somos considerados um refúgio para a maior parte das zonas de
conflito, tanto no turismo como no investimento imobiliário”,
conclui.
Sem comentários:
Enviar um comentário