O
Público coloca em subtítulo este artigo na secção “transparência”.
Acrescente-se Imoralidade / Corrupção.
Nào
se trata aqui de Esquerda ou de Direita. Trata-se de Ética
Universal.
Depois
de Durão , Portas, a confirmar ...
OVOODOCORVO
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Depois
da América Latina, que trabalho se segue para Paulo Portas?
O
ex-vice-primeiro-ministro está a acumular ligações empresariais em
sectores ou regiões do globo a que deu especial atenção quando
esteve no Governo. A esquerda critica e a direita desvaloriza
Ao
contrário da esquerda, que fala de problemas éticos, o
ex-governante defende não haver incompatibilidades nas suas novas
funções
Maria Lopes
9 ago 2016 / PÚBLICO
Olhando para os
sete trabalhos com que, em Junho, Paulo Portas se propunha preencher
o seu futuro fora da política activa, a sua contratação pela
petrolífera estatal mexicana Pemex já deveria estar nessa altura a
ser discutida. É que o ex-viceprimeiro-ministro contabilizava então
como um desses sete trabalhos a “consultoria estratégica no Golfo
e na América Latina” e não estava a incluir nela o aconselhamento
à construtora nacional Mota-Engil que tem negócios de peso em
território americano. O que deixa no ar também a possibilidade de
Paulo Portas vir a ter, a curto ou médio prazo, funções noutra
empresa que opere na região do Golfo Pérsico.
A isso não seria
alheio o facto de essa região do globo ser uma das que mereceram
especial atenção de Portas na sua passagem pelo Governo: entre as
missões empresariais ao Golfo Pérsico estão as deslocações, em
Dezembro de 2012, a Omã, Dubai, Kuwait e Emirados Árabes Unidos
(EAU) como ministro dos Negócios Estrangeiros; um ano depois ao
Qatar e aos EAU já como viceprimeiro-ministro; e, em Março e
Novembro de 2014, novamente aos Emirados.
Mas, para já, Paulo
Portas foi nomeado conselheiro da Mex Gas Enterprises, a filial
mexicana da Pemex instalada em Madrid desde 2014, depois de se ter
mudado das ilhas Caimão, onde usava a designação MGI Enterprises
Limited. A nomeação é de 20 de Julho, quando já tinha deixado de
ser deputado há mais de um mês. É um trabalho que se vem juntar ao
de conselheiro estratégico para a internacionalização da MotaEngil
na América Latina (anunciado no início de Junho, quando pediu a
renúncia ao seu mandato), e às funções de vice-presidente — sem
remunerações, garantiu — da direcção da Câmara de Comércio e
Indústria Portuguesa. Portas está como representante da Pinto Basto
Gest, do universo de empresas do presidente da câmara de comércio,
Vasco Pinto Basto, que o convidou.
Sobre as questões
das incompatibilidades, Paulo Portas não tem dúvidas e em Junho
mostrou-se mesmo preparado para argumentar. “A única questão que
se coloca é se alguma vez tive tutela de sectores [em] que a
Mota-Engil tem desempenho. Não. Alguma vez privatizei a Mota-Engil?
Não. Alguma vez a Mota-Engil beneficiou de incentivos fiscais de
natureza contratual àqueles em que havia negociação com o Governo?
Não. Só aqueles que são para todas as empresas, num regime em que
o Governo não intervém. Donde, a questão não se colocava”,
afirmou à Sábado, que o acompanhou na sua primeira missão pela
CCIP a Cuba.
Da ética e da lei
No Parlamento, a
matéria divide a direita e a esquerda. A primeira é muito crítica
e tem apontado questões morais e éticas — já que legalmente
Portas estará bem escudado nos “alçapões”, como dizem BE e
PCP, que a lei das incompatibilidades comporta. O comunista António
Filipe, que classifica o caso como “grave” do ponto de vista
ético, realça a necessidade de a comissão parlamentar da
transparência legislar de forma a colmatar as falhas da lei para
evitar estes “casos muito evidentes em que se beneficia de ter
exercido um cargo público para dar o salto para o sector privado”.
A direita prefere
desvalorizar. Ao PÚBLICO, Fernando Negrão (PSD) recusou antecipar a
discussão que se fará na comissão de que é presidente e sobre as
contratações de Portas alegou que essa é uma das questões que
está a ser objecto de discussão na comissão “relativamente a
todos, e não só a um político”. Em 2014, na festa do Pontal,
Pedro Passos Coelho insurgiu-se contra a “falta de ética de muita
gente que vivia [no tempo do Governo socialista anterior] entre a
política e os negócios, e os negócios e a política”. Já o
centrista António Carlos Monteiro preferiu dirigir a questão para a
resposta aos ataques da esquerda, questionando as posições
diferentes quando se trata de atitudes de elementos da oposição —
como Portas ou Maria Luís — ou do Governo — lembrando a polémica
das viagens oferecidas pela Galp, e disse que o CDS é frontalmente
contra as propostas de exclusividade dos deputados e alargamento do
período de nojo e das incompatibilidades dos titulares de cargos
públicos e políticos que impediriam a contratação da ex-ministra
das Finanças pela Global Arrow e a de Portas pela Mota-Engil por ter
tutelado a internacionalização de empresas.
TV, aulas e
conferências
O quarto trabalho
com carácter permanente do ex-líder do CDS será o de comentador da
TVI a partir de Setembro. Paulo Portas já esteve no
Jornal das 8 no
final de Junho a comentar o referendo do Reino Unido e as eleições
em Espanha, mas sem qualquer expressão nas audiências: nas duas
ocasiões o noticiário da TVI não teve mais espectadores do que a
média dos restantes dias. O futuro formato da participação de
Portas ainda está a ser ultimado, que deverá ocupar o espaço nobre
ao domingo à noite, deixado vago por Marcelo há quase um ano.
Somam-se ainda três
trabalhos pontuais. O ex-líder centrista será um dos 11 oradores do
programa de formação para executivos da Nova School of Business da
Universidade Nova de Lisboa denominado
Unlocking growth
(desbloquear o crescimento), focado em geoeconomia e geopolítica,
que começa em Setembro. Portas, que aparece na brochura do curso
numa fotografia ainda como líder do CDS, participará apenas numa
sessão de três horas (ainda sem data anunciada), falando sobre
“crescimento através da diplomacia económica”.
Paulo Portas foi
agenciado pela Thinking Heads, uma empresa de organização de
conferências a nível internacional, com escritórios em Madrid e
Miami, que o descreve como uma “figura imprescindível da política
portuguesa desde os anos 90”, mas não há indicação de qualquer
evento em que tenha participado. Por último, mantendo um pé na
política, o ex-líder do CDS comprometeu-se com Assunção Cristas a
continuar a participar nas escolas de quadros para formar jovens
centristas.
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