Milionários
abrem centro de arte contemporânea no Alentejo
26/8/2016,
OBSERVADOR
É
das maiores coleções privadas de arte contemporânea e vai ser
exibida numa quinta vinícola no concelho da Vidigueira. O enoturismo
cruza-se com o turismo cultural.
São 450 metros
quadrados num edifício de linhas modernas, em parte revestido a
xisto, plantado no meio da planície. Foi aqui que um casal
milionário holandês decidiu criar um museu de arte contemporânea.
É o Centro de Arte
Quetzal, situado em Vila de Frades, concelho da Vidigueira, Baixo
Alentejo, zona há muito conhecida pela terra fértil e pelo cultivo
de uvas. A envolvente é a Quinta do Quetzal, que já hoje recebe
visitantes para provas de vinhos.
O Centro vai ser
inaugurado a 7 de setembro, com a presença de ministros e artistas
contemporâneos. Tem por objetivo mostrar a coleção privada do
casal Cees e Inge C. de Bruin-Heijn, natural da Holanda e responsável
pelo projeto.
São ambos
colecionadores e mecenas, destacando-se o trabalho de Inge como
diretora da feira Art Basel, pólo da Basileia, e consultora na área
de multimédia e performance do MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova
Iorque.
Discretos, Cees e
Inge preferem não divulgar a extensão da coleção, que se julga
ser composta por milhares de peças, incluindo vídeo, pintura,
fotografia e escultura. Em 2010, encontravam-se entre as duzentas
maiores colecionadores do mundo, segundo a revista ArtNews.
O valor das obras e
os artistas incluídos também não são divulgados. Dizem os
assessores do casal que não vale a pena procurar na internet porque
essa informação é confidencial. Sabe-se que os portugueses Julião
Sarmento e Francisco Tropa estão no acervo, pouco mais.
É por isso que na
Vidigueira a coleção Bruin-Heijn será exibida em parcelas, nunca
na íntegra. A exposição inaugural, que já pode ser vista por
estes dias, inclui apenas três nomes: Robert Heinecken (1931-2006),
Pat O’Neill (n. 1939), e Trisha Baga (n. 1985), todos com trabalhos
de cinema, vídeo ou performance.
“Optámos por
começar com obras audiovisuais, que talvez sejam são mais adequadas
para um grande público que não é conhecer profundo de arte
contemporânea”, explica a diretora do Centro, Joana Mexia de
Almeida.
A inauguração tem
lugar a 7 de setembro, uma quarta-feira. Autocarros com convidados
saem do centro de Évora às três da tarde. Já em Vila de Frades,
decorre uma vista livre ao Centro de Arte Quetzal, seguida de visita
à adega e cerimónia de abertura do Centro, com discursos, e um
jantar sentado até à meia-noite.
No dia anterior,
jornalistas e especialistas da área do vinho são convidados a fazer
visita semelhante, com prova de vinhos e jantar.
Os organizadores
prometem para o dia 7 a presença das “mais importantes
personalidades do mundo da arte contemporânea”, mas não divulgam
quais, e informam que entre os convidados portugueses estarão o
ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o ministro da
Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes.
A família tem
casa de férias em Silves há 40 anos, têm uma ligação muito
próxima com Portugal e são apaixonados pela nossa cultura e
gastronomia. Por isso, em 2002, iniciaram a compra de terrenos na
zona da Vidigueira para começarem um projeto vinícola que hoje tem
50 hectares”, explica Joana Mexia de Almeida. “Nos últimos anos
atingiram decidiram fazer um novo investimento, que teria de ter
elementos diferenciadores em relação aos outros produtores de vinho
do Alentejo, que são mais de 250. Como são donos de uma coleção
de arte, criarem este Centro. Fazem questão de que a arte esteja ao
alcance de todos”, acrescenta aquela responsável.
Em rigor, o Espaço
de Arte Quetzal já está a funcionar e aberto ao público – com
entrada livre e horário de quarta a domingo, das 10h00 Às 20h00. A
abertura suave iniciou-se em junho, ainda que a inauguração oficial
só agora aconteça.
Cada exposição
prolonga-se por seis a 12 meses, permitindo a renovação cíclica
com novas propostas, estando o espaço equipado com paredes
amovíveis, para criação e recriação de salas à medida das
obras. O edifício é assinado pelo arquiteto alentejano Filipe
Nogueira Alves.
A próxima mostra
está marcada para fevereiro de 2017, mas ainda não são conhecidos
detalhes, até porque os critérios de seleção – por temas,
épocas, artistas ou linguagens – estão a ser definidos.
O número de
visitantes esperados é incerto, pois o projeto é “totalmente
experimental, nunca foi testado na região e não há indicadores
possíveis”, segundo Joana Mexia de Almeida, a qual acrescenta que
o público procurado pelo Centro são os portugueses mas sobretudo os
turistas estrangeiros de um segmento designado “fly and drive”:
os que viajam de avião, alugam carro à chegada e partem à
descoberta sem programa definido.
A inauguração do
Centro de Arte será acompanhada pela abertura oficial de uma loja
com produtos da região, livros de arte e vinhos, e de um restaurante
com carta assinada pelo chef Pedro Mendes, cujo menu fixo é feito
com base em produtos da zona e de época. Funciona de quarta a
domingo, para almoços e petiscos ao fim da tarde, a que acresce
horário de jantar às sextas e sábados. O preço do menu é de 19
euros por pessoa.
Neste contexto, Cees
e Inge de Bruin-Heijn querem ainda criar residências artísticas
para portugueses e estrangeiros. O espaço para o efeito já foi
comprado em Vila de Frades, mas a data de abertura só mais tarde se
conhecerá.
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