sábado, 5 de março de 2016

Lula foi um dos principais beneficiários de corrupção na Petrobras, diz Ministério Público / From a Former President to One of Brazil’s Richest Men, Meet The Top Players in the Petrobras Scandal


From a Former President to One of Brazil’s Richest Men, Meet The Top Players in the Petrobras Scandal

BY SIOBHÁN O'GRADYMARCH 4, 2016 –

Brazilian police raided the home of former President Luiz Inacio Lula da Silva Friday and investigators publicly accused him of accepting bribes from the country’s state-owned energy giant, Petrobras. The move brought the biggest corruption scandal in Brazilian history even closer to the highest levels of the country’s political elite.

The brief detention of the former leader known as Lula is one the most dramatic twists yet in Brazil’s two-year police probe into the scandal at Petrobras. Dubbed Operation Car Wash, authorities have questioned or arrested more than a hundred politicians and business executives as they investigate whether the company paid at least $2 billion of bribes to top government officials.

Prosecutors claim that hundreds of project costs were inflated in order for government officials to pocket the extra cash and pump it into their lavish lifestyles, or hand it over to allied politicians, mainly from the ruling Workers Party. Petrobras CEO Maria das Graças Silva Foster and other top officials executives resigned last year, and by January 2016, the company was $104 billion in debt.

The scandal has rocked Latin America’s largest country and helped send its economy spiraling into its worst recession in a century.

And Lula isn’t the only new one now wrapped up in the probe. Brazilian officials said they issued 33 search warrants and 11 detention warrants for various suspects in Rio de Janeiro, Sao Paulo, and Bahia on Friday alone.

Matters have only been made worse by the fact that embattled President Dilma Rousseff was chairwoman of Petrobras during a number of the years when corruption allegedly took place. She is now facing calls for impeachment for failing to rein in the country’s embezzlement problem. Depending on the outcome of the probe, the political career of Lula — who may run for president again in 2018 — could be over, and the former head of state could even find himself in prison.

Below, FP has highlighted a few of the biggest players being probed by Brazilian police:

André Esteves and Delcídio Amaral

Esteves, a billionaire banker, and Amaral, who led the ruling Workers’ Party in Brazil’s Senate, were both arrested last November. Esteves was accused of trying to block the ongoing probe, but was released in December, and put under a relatively lenient house arrest and banned from taking any leadership roles at his bank. He founded BTG Pactual investment bank and is the richest person to be implicated in the scandal thus far, with an estimated net worth of $2.3 billion.

Amaral, who was accused of taking kickbacks from Petrobras, was the first sitting senator to be arrested in Brazil. He was quietly released from prison in February amid suspicions he accepted a plea deal to testify against other suspects. Those suspicions might just prove to be true: This week, Brazilian media reported that Amaral unexpectedly agreed to offer Brazilian officials information he has about Rousseff and Lula’s alleged involvements in the scandal. According to the 400-page document he submitted to prosecutors, Rousseff is responsible for intervening in the investigation, and Lula has intimidated witnesses.

Simon Whistler, managing director for political risk for Latin America at the consultancy firm Control Risks, told Foreign Policy that “their arrests were another kind of step up in the case,” adding that until now he doesn’t think “anyone necessarily believed Dilma would be implicated by testimony in court.”

Lula

Lula left office in 2011 as Brazil’s most popular president in recent history. Now prosecutors say they have reason to believe that while he was in power, various companies paid him in order for him to carry out governmental favors on their behalf. Lula denies all charges, and on Friday, a spokesman for the Lula Institute — which the former president established to fight poverty in Brazil — said his questioning was “arbitrary, illegal and unjustifiable.”

Whistler told FP that if Friday’s questioning turns out to just be the beginning of Lula’s connection to the scandal, it could be the end of his political career. “To arrest an ex-president who is still pretty popular with a large proportion of the population shows that from the Brazilian prosecutors’ and police’s point of view, nobody is above the law,” he said.

For the moment, Brazilian police seem confident in the strength of their evidence against the former president.

“Ex-president Lula, besides being party leader, was the one ultimately responsible for the decision on who would be the directors at Petrobras and was one of the main beneficiaries of these crimes,” Brazilian police said in a statement. “There is evidence that the crimes enriched him and financed electoral campaigns and the treasury of his political group.”

Lula has angrily denied all of the charges.

Rousseff

Last October, a parliamentary commission cleared Rousseff of any involvement in fraud related to Petrobras. But that doesn’t mean she’s entirely off the hook: Her opposition believes that she has dramatically failed to curb corruption in Brazil, and last summer hundreds of thousands of them took to the streets to demand her impeachment. More protests are already scheduled for later this month, and Friday’s news means the ranks of her opponents are certain to swell even larger. Lula essentially tapped Rousseff for the presidency, and his brief detention “suggests the circle is kind of getting closer and closer to her as well,” Whistler said. That, in addition to earlier news that Amaral plans to testify against her, means “her position is much weaker today [Friday] than it was at the beginning of yesterday [Thursday].”


Lula foi um dos principais beneficiários de corrupção na Petrobras, diz Ministério Público
KATHLEEN GOMES (no Rio de Janeiro) 04/03/2016 - PÚBLICO

"Não devo e não temo", disse o ex-Presidente na sede do Partido dos Trabalhadores, depois de ter sido ouvido durante três horas na sede da polícia federal no aeroporto de Congonhas.

“O país não tem mais uma pessoa intocável”, escreveu ontem a colunista do jornal O Globo, Miriam Leitão, reagindo à notícia que surpreendeu o Brasil bem cedo na manhã desta sexta-feira. Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-Presidente que tirou milhões de brasileiros da pobreza e conduziu o país a um pico de prosperidade económica, foi alvo de uma mandado de busca e apreensão realizado pela Polícia Federal e foi interrogado em São Paulo por suspeitas de envolvimento directo e lucro pessoal com a rede de corrupção que existiu durante anos na companhia petrolífera estatal Petrobras.

A operação Lava Jato, que desde Março de 2014, tem investigado o esquema ilícito que envolveu algumas das principais construtoras brasileiras, quadros da Petrobras e políticos de diferentes partidos, bateu literalmente à porta de Lula às seis da manhã. No seu despacho oficial explicando os motivos dessa acção, o Ministério Público (MP) afirma que o Lula “foi um dos principais beneficiários” dos crimes financeiros e de lavagem de dinheiro que estão a ser investigados quando estava na presidência e que “possivelmente a sua influência foi usada antes e depois do mandato para que o esquema existisse e se perpetuasse”.

Segundo o MP, existem evidências de que Lula recebeu pagamentos dissimulados e vantagens indevidas das construtoras que estão a ser investigadas pela Lava Jato. Uma das suspeitas que recaem sobre o ex-Presidente diz respeito a um apartamento triplex num condomínio de luxo em Guarujá, no litoral paulista, que foi renovado e apetrechado com móveis de luxo custeados pela construtora OAS, cujos executivos foram condenados por corrupção e lavagem de dinheiro. O MP afirma que embora Lula alegue que o apartamento não era seu, “várias provas dizem o contrário”. Uma quinta em Atibaia, no estado de São Paulo, frequentada pelo ex-Presidente e a família, e que foi objecto de obras pela Odebrecht, construtora sob a mira da Lava Jato, também aparenta ser propriedade de Lula, apesar de estar em nome de terceiros.

O MP também afirma ter “fortes indícios” de que desde 2011 até agora, a OAS pagou 1,3 milhões de reais (cerca de 320 mil euros) pelo depósito de itens de Lula retirados do palácio presidencial quando o seu mandato terminou. Por fim, o despacho aponta que a maior parte das receitas de duas empresas de Lula entre 2011 e 2014 vieram das cinco maiores construtoras investigadas pela Lava Jato, num total de 30,7 milhões de reais (7,5 milhões de euros). No Instituto Lula, think tank sem fins lucrativos fundado após deixar a presidência, o financiamento dessas empresas representou 60% dos lucros nesse período; na LILS, empresa que geria as palestras que Lula realizava no estrangeiro, essas empresas estão na origem de 47% das receitas.

"Não devo e não temo"
Lula, 70 anos, foi levado para a sede da Polícia Federal (PF) no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, antes das nove da manhã, enquanto agentes continuavam as buscas na sua casa em São Bernardo do Campo. Prestou depoimento durante cerca de três horas e dali seguiu para a sede nacional do seu partido, onde falou aos militantes do PT (Partido dos Trabalhadores). “Não devo e não temo”, disse, num breve excerto gravado por telemóvel e divulgado na Internet em que critica a actuação do juiz Sergio Moro, que comanda a Lava Jato, e o Ministério Público. Lula garantiu que sempre esteve disponível para colaborar com os investigadores quando solicitado e que na sexta de manhã foram repetidas as mesmas perguntas a que já respondera em três depoimentos anteriores. “Estamos vivendo um processo em que a pirotecnia vale mais que qualquer coisa. O que vale mais é o show mediático do que a apuração séria e responsável que deve ser feita pela justiça”, afirmou. Mais tarde, nas suas primeiras declarações oficiais, disse que se tinha sentido um “prisioneiro” de manhã.

Enquanto prestava depoimento, chegou a especular-se que Lula poderia ser levado para Curitiba, no estado do Paraná, epicentro da Lava Jato onde os arguidos relacionados com a operação se encontram detidos. “Neste momento, as investigações não são conclusivas” a ponto de justificar a detenção preventiva de Lula, explicaram os procuradores da Lava Jato numa conferência de imprensa. Os advogados do ex-Presidente enviaram uma petição ao Supremo Tribunal Federal, criticando as “acções invasivas” da equipa da Lava Jato e pedindo que as investigações fossem suspensas.

Várias pessoas manifestaram-se à porta da sede da PF no aeroporto de Congonhas e frente à casa de Lula em São Bernardo do Campo, onde houve confrontos físicos entre apoiantes e detractores do ex-Presidente.

O filho mais velho de Lula, Fábio, conhecido como Lulinha, também foi alvo de buscas, bem como outras pessoas próximas do ex-Presidente, incluindo Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula. Uma empresa de Fábio terá recebido pagamentos do Instituto Lula e o MP procura apurar se houve uma “triangulação”, isto é, se o Instituto Lula serviu para dissimular pagamentos das construtoras à empresa de Fábio Lula da Silva. Os outros filhos de Lula e a sua mulher também estão a ser investigados.

Discursando na sede do PT, Lula disse: “Hoje nesse país, ser amigo do Lula parece que virou coisa perigosa”. Ele também sugeriu que está a ser vítima de perseguição política por causa do ressentimento das elites em relação aos avanços sociais e à ascensão das classes pobres promovidos durante os seus governos.

A mais recente fase da operação Lava Jato foi baptizada de Aletheia, um termo grego que significa verdade ou revelação. Ela teve lugar um dia depois de a imprensa brasileira revelar o depoimento de um senador do PT, Delcídio do Amaral, detido no âmbito da Lava Jato, em que ele acusa Lula de tentar comprar o silêncio de testemunhas detidas no âmbito do escândalo da Petrobras.


A sucessora de Lula na presidência, Dilma Rousseff, declarou o seu “mais absoluto inconformismo” pelo facto de Lula ter sido “submetido a uma desnecessária” intimação sob escolta policial para prestar depoimentos — que é uma medida prevista no processo penal para fazer comparecer alguém que foi chamado a depor e não cumpriu a ordem. Dilma esperou até ao meio da tarde para se manifestar oficialmente sobre o caso, apesar de ter convocado os principais ministros do seu executivo para uma reunião de emergência no Palácio do Planalto de manhã. Na sua declaração, a Presidente apenas comentou brevemente a acção da Lava Jato contra Lula e procurou sobretudo refutar e defender-se das revelações de Delcídio do Amaral, divulgadas na véspera, que a acusam de tentar influenciar as investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras.

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