Este é um primeiro sinal na Sociedade Civil da necessidade imperativa de moralizar e de reformar éticamente um "laissez faire" exercido, num mecanismo em espiral auto-sustentada, que não tem nada a ver com o Liberalismo como ideologia Racional vindo do Iluminismo ... mas simplesmente com Ganância desmedida e Amoral ... mas Imoral perante a Crise.
Este é portanto "de facto"um primeiro sinal, junto com outros vindos da U.E. e dos U.S.A. que anuncia o início do fecho do ciclo:
"The point is, ladies and gentleman, that 'greed' — for lack of a better word — is good."
António Sérgio Rosa de Carvalho
Suíça vai limitar salários abusivos dos patrões
Por João Manuel Rocha in Público
Referendo nacional dá a vitória aos partidários das limitações, com 67,9% dos votos. É uma "vitória histórica da democracia"
Segundo os resultados avançados pelas agências internacionais AFP e Reuters, o "sim" ganhou com 67,9% dos votos. Isto significa que o Governo, que se declarou contra a iniciativa, deverá agora redigir um projecto de lei que respeite as disposições do texto referendado e depois levá-lo ao Parlamento para ser aprovado.
"O povo suíço enviou um forte sinal aos conselhos de administração", disse Thomas Minder, proponente desta medida, quando ainda só havia projecções que indicavam que o "sim" iria ganhar esta votação.
Casos recentes terão tido influência na decisão dos eleitores. O último é o do presidente cessante do conselho de administração da farmacêutica Novartis, Daniel Vasella, para o qual está prevista uma indemnização de "saída" de 72 milhões de francos suíços (cerca de 60 milhões de euros).
A Iniciativa Minder reforça os direitos dos accionistas de impedirem salários e prémios muito elevados. Determina, segundo a AFP, a duração do mandato dos membros de conselhos de administração a um ano e proíbe certas formas de remuneração, como indemnizações "milionárias" ou prémios por aquisição de empresas. As novas regras aplicam-se às empresas cotadas em bolsa, e quem as violar incorre em pena de prisão de, pelo menos, três anos e a uma "pena pecuniária" que poderá chegar às seis remunerações anuais.
A luta contra as remunerações abusivas é um velho combate de Thomas Minder, iniciado há mais de dez anos, quando a Swissair foi à falência, em 2001. Nessa altura, ao mesmo tempo que denunciava contratos, entre eles o que mantinha com a empresa familiar dirigida por este suíço de 52 anos, deixando-a em sérias dificuldades, a transportadora atribuía generosas recompensas ao presidente executivo. Minder contesta que em vez de constituírem reservas, e de entregarem um dividendo de pelo menos 5% aos accionistas, como prevê a lei, os conselhos de administração atribuam "salários astronómicos" aos dirigentes, "antes de tudo o mais", explicou ao jornal Le Temps.
A Iniciativa Minder foi entregue em Fevereiro de 2008, com 118.583 assinaturas, e esperou cinco anos até ser submetida ao voto popular. A sua cruzada transformou Minder, líder de uma pequena e média empresa familiar (especializada em cuidados orais e capilares, a Trybol SA, fundada em 1900), numa figura nacional. É senador eleito pela União Democrática do Centro, de direita.
Mesmo opositores da Iniciativa Minder se manifestaram incomodados com a situação de Daniel Vasella na Novartis. Foi o caso de Rudolph Wehrli, líder do patronato suíço. "Tais indemnizações e salários constituem uma verdadeira provocação", disse, citado pela agência ATS.
O referendo deste domingo foi motivado por uma iniciativa popular, um direito dos cidadãos suíços de fazerem propostas de alteração de leis. Quando uma iniciativa recolhe cem mil assinaturas a nível federal no espaço de 18 meses, é submetida a votação.
Antes do referendo, o Governo suíço considerou que a iniciativa limita a "margem de manobra económica" das sociedades e que "algumas grandes empresas transferirão a sede para o estrangeiro". Os que fizeram campanha pelo "não" disseram que se a Iniciativa Minder fosse aprovada a Suíça ficaria com o "direito das sociedade anónimas mais rígido do mundo".
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