segunda-feira, 25 de março de 2013

Miguel Relvas e Álvaro Santos Pereira de saída na remodelação exigida pelo CDS.


Miguel Relvas e Álvaro Santos Pereira de saída na remodelação exigida pelo CDS


Por Liliana Valente, publicado em 25 Mar 2013 in (jornal) i online

Centristas já não escondem divergências e pedem ao primeiro-ministro que mexa na equipa paraque o governo não caia

A Páscoa pode marcar um momento de viragem para o governo: uma remodelação na equipa está iminente e Álvaro Santos Pereira e Miguel Relvas podem estar de saída, sabe o i. A decisão ainda não está tomada, mas ao que o i apurou, os nomes dos dois ministros estão na short list para uma remodelação pedida quer pelo CDS quer por algumas vozes dentro do PSD que acontecerá a seguir à Páscoa. A remodelação permitiria a Passos Coelho refrescar a equipa, mas também fazer a vontade ao CDS e a alguns sociais-democratas. Aliás, o CDS fez um pedido, em tom de aviso, para que ela aconteça até dia 15 de Abril, data do próximo Conselho Nacional do partido.

A acrescentar a isto, as críticas em público de dirigente centristas e de Marques Mendes, no comentário semanal na SIC, fazem prever essa mesma mexida. Mesmo quem não tem a certeza que ela vá acontecer, acredita que o CDS só falaria tão abertamente de uma remodelação se ela estivesse para acontecer, o mesmo para o comentador político, bem informado junto de fontes governamentais.


A decisão ainda está entre Passos Coelho e o núcleo duro, mas estes são os dois ministros apontados por todos os críticos. Miguel Relvas, aliás, até já cumpriu os principais dossiês que tinha em mãos - reforma autárquica e privatização da RTP, esta última falhada, com o plano de reestruturação finalizado na outra semana - e várias fontes acreditavam que o ministro nunca sairia antes de ter o caso da RTP fechado. Um entrave à sua saída que já não se verifica. Quanto a Álvaro Santos Pereira, os números do desemprego e de falências de empresas são os indicadores que lhe apontam em como tem sido ineficaz à frente da pasta e, num momento em que o governo quer começar a falar em crescimento económico e virar para o segundo momento, os críticos exigem sangue novo à frente da Economia.

Isso mesmo fez António Pires de Lima, presidente do Conselho Nacional do CDS que defendeu em público que é “necessário reforçar a capacidade política deste governo, a capacidade de coordenação política” e também que é preciso “dar uma outra prioridade ao tema importante da economia, nomeadamente outra eficácia na captação de investimento”. Depois lá dentro, na reunião da Comissão Política Nacional (CPN) do CDS deste fim-de-semana, Paulo Portas nunca falou em remodelação e manteve uma postura mais institucional, mas os dirigentes do partido já não escondem a impaciência pela apatia ou teimosia do primeiro-ministro em não mexer na equipa do executivo e várias foram as vozes a pedir a remodelação em áreas-chave do executivo como a Economia e coordenação política, mas houve também quem lembrasse o ministro das Finanças.

Na CPN, os centristas defenderam uma “remodelação profunda” do governo sob pena de se abrir ainda mais as chagas de uma crise política. Se o presidente quer uma postura mais tranquila para evitar o caos, os dirigentes dizem que o chefe do governo tem tempo suficiente até dia 15 de Abril (data do Conselho Nacional do CDS) para remodelar sob pena de as críticas no CDS subirem ainda mais de tom e de não se disfarçar mais uma crise na coligação como foi aquando do anúncio da TSU. “Acho que é melhor remodelar a bem do país e da coligação”, diz ao i Artur Lima, vice-presidente do CDS. O centrista diz que “é tempo suficiente” até dia 15 de Abril para que Passos mexa na equipa “sob pena de o governo não funcionar”.

Além do CDS, Marques Mendes foi bastante crítico para o executivo alertando mesmo Passos Coelho que ou faz uma remodelação já em Abril ou o país entra “no caos”. O comentador e ex-líder social-democrata defendeu ainda que o governo, para mostrar a união entre a bancada e o governo, devia apresentar uma moção de confiança. A estratégia, para Marques Mendes, devia ser de mudança de discurso político, falando em esperança e crescimento, mas também de agenda.

PREOCUPAÇÃO COM METAS
Além da remodelação, os dirigentes do CDS mostraram-se preocupados com as metas do défice. O CDS queria ir mais longe (pedir dois anos em vez de um) e nesse quadro tem uma dupla acção: aproxima-se do governo ao colocar as causas na conjuntura externa e afasta-se por querer ir mais longe. A dualidade foi sintetizada por Telmo Correia que explicou: “Depende muito da economia europeia nós sabermos se as metas que saem desta avaliação serão ou não exequíveis. Portanto, há alguma preocupação.”

A necessidade de acautelar o sucesso na negociação do alargamento das metas foi um dos argumentos usados pelo líder parlamentar do CDS no último debate para criticar a moção de censura do PS. A remodelação, a acontecer logo a seguir à Páscoa, permite ao governo mostrar que se quer manter coeso a tempo da próxima reunião do Eurogrupo de meados de Abril, que vai discutir o alargamento dos prazos a conceder a Portugal.

Nuno Magalhães acusou os socialistas de apresentarem uma moção numa altura em que o país teria de estar unido perante os credores que podem assim desconfiar da solidez do governo tendo o principal partido da oposição cortado relações. E esse é o mesmo argumento para dentro do partido. Até ter o ok de Bruxelas definitivo, o clima terá de ser de união, nem que seja aparente

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