domingo, 17 de março de 2013

Cinema Batalha continua fechado e agora foi alvo de actos de vandalismo.

Cinema Batalha continua fechado e agora foi alvo de actos de vandalismo

Por Alexandra João Martins in Público
18/03/2013

Situação foi denunciada por grupo que defende reactivação do imóvel do Porto, que não tem, desde 2010, solução à vista

Cerca de quatro meses depois de ter sido classificado Monumento de Interesse Público, o Cinema Batalha, no Porto, continua devoluto e, na semana passada, foi alvo de vários actos de vandalismo. O mármore do revestimento térreo exterior está agora partido e incompleto, as vitrinas estilhaçadas e o cobre que as emoldurava foi roubado.
De acordo com a proprietária, Margarida Neves, não há ainda qualquer ideia do valor dos prejuízos causados. Mas, na semana passada, três operários da construção civil retiraram da fachada do imóvel o material de revestimento que resistiu ao vandalismo. Esta foi a forma que os proprietários encontraram para prevenir mais roubos. "Retirámos antes que os outros tirem", afirma Margarida Neves.
A situação foi denunciada nas redes sociais pelo movimento cineBatalha, criado em finais de 2011 por um grupo de cinco jovens de várias áreas. Têm idades compreendidas entre os 25 e os 31 anos e um interesse particular pelo edifício construído durante o Estado Novo. O grupo considera que os actos de vandalismo foram desprezíveis e, apesar de acreditarem que esta foi uma situação pontual, notam que o imóvel se tornaria um alvo menos vulnerável, se fosse aberto ao público e utilizado constantemente.
Projectado por Artur Andrade, o Cinema Batalha, inaugurado em 1947, é considerado uma das grandes obras da arquitectura modernista portuguesa. Mas desde 2010, e após uma "segunda vida" de alguns anos, nas mãos do Gabinete Comércio Vivo, da Associação de Comerciantes do Porto, as escadas do Cinema Batalha servem de refúgio a algumas pessoas, apesar da entrada principal se encontrar acorrentada, e os vidros das portas interiores estão partidos. Sacos de comida, maços de tabaco amarrotados e alguns isqueiros revestem o chão e indiciam uma possível ocupação ilegal.
Depois do último encerramento, em 2010, a única projecção decorreu em Maio do ano passado, na Sala Bebé, a propósito de uma colaboração com o FleaMarkert. O futuro é incerto. Contudo, o grupo cineBatalha, cujo objectivo é dinamizar e valorizar o imóvel, espera poder vir a realizar ali novas iniciativas. Já Margarida Neves afirma não existirem quaisquer planos para o edifício, mas garante que a sociedade proprietária está aberta a propostas.
Casa do Cinema do Porto?

No início de Fevereiro, o PÚBLICO deu conta de que a vereação do PS na Câmara do Porto estaria a preparar uma proposta que prevê a transformação do espaço na Casa do Cinema da cidade.
"O Batalha continua sem destino (...). Precisa de um bom programa, pelo que vamos propor ali a criação da Casa do Cinema", disse numa reunião de câmara o vereador Correia Fernandes, prometendo, para uma das reuniões seguintes, a apresentação da proposta que passará por uma parceria entre um conjunto de instituições com ligação ao cinema - o Cineclube, os festivais que se fazem, associações e universidades -, que possa reactivar o espaço. Seria, acrescentou, "uma espécie de conselho de fundadores, como existe na Casa da Música. A nossa proposta vai no sentido de o Batalha poder ser utilizado mais como sala de cinema, espaço de projecção, com ligação ou não à Cinemateca", diz.
A ideia do PS não é nova. Aquando da preparação dos projectos da Porto 2001 Capital Europeia da Cultura chegou a avançar-se com a possibilidade de o Batalha e o Cinema Águia d"Ouro (de cara lavada e entretanto transformado num hotel, ali ao lado) serem transformados num pólo cultural, ficando um como Casa da Música e outro como Casa do Cinema. O projecto acabaria por não avançar e o futuro do Batalha nunca foi consistente. Apesar do sucesso das brigadas de limpeza camarárias na remoção de graffiti e cartazes, o edificio está visivelmente maltratado.



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