Corredores bus prometidos pela câmara ainda não foram criados
Por João Pedro Pincha
16/03/2013
Câmara diz que muitas ruas não têm condições para faixas bus
A autarquia prometeu 22 novas faixas bus há mais de um ano. Até agora nenhuma foi criada e a maioria não o será
A Câmara Municipal de Lisboa aceitou criar 22 novas faixas bus em outras tantas ruas da cidade, em Janeiro de 2012, para que não fossem suprimidas 23 carreiras da Carris, como era intenção do Governo. Todavia, até hoje ainda nenhuma dessas faixas foi criada e a grande maioria não passará da promessa.
Para já, "há um compromisso para o estabelecimento em breve, embora sem prazo", das referidas faixas em três ruas, adianta Luís Vale, secretário-geral da Carris. A mesma informação dá o vereador da Mobilidade do município, Nunes da Silva, embora uma das ruas por ele indicadas não coincida com as que são apontadas por Luís Vale.
As faixas previstas para avançar brevemente localizam-se em vias em que se verifica um elevado tráfego de autocarros: a Rua 1º de Maio (em Alcântara, com 49,8 autocarros/hora), a Avenida Engenheiro Duarte Pacheco (20,6) e a Rua de Belém (38,5). Ainda assim, no caso da Rua de Belém, o corredor bus só será criado no sentido centro da cidade-Mosteiro dos Jerónimos e não em ambos, como estava inicialmente programado.
De acordo com o vereador, concluiu-se que "somente fazia sentido a implementação de corredores BUS quando a frequência, em período de ponta, fosse superior a 25 circulações (autocarros) por hora", o que levou à eliminação de nove propostas.
As avenidas de Roma, Pedro Álvares Cabral e D. João II e a Alameda das Comunidades Portuguesas estão entre as que não terão faixas BUS.
Quanto às previstas na Avenida Professor Gama Pinto e na Alameda da Universidade, estas também ficam sem efeito, devido ao novo esquema de circulação do campus da Universidade, "cujas obras se devem iniciar até ao próximo Verão", garante o responsável camarário.
Por outro lado, a Câmara definiu a prioridade com que as diferentes faixas serão concretizadas, tendo em conta a natureza e a complexidade das intervenções que será necessário efectuar em cada arruamento. Importantes artérias da capital, como a Avenida do Brasil (38,8 autocarros por hora), a Rua dos Fanqueiros (31,8) e a Rua Morais Soares (29,9) ficam, por agora, sem qualquer corredor. "Não existem condições para serem implementados a curto prazo", afirma o vereador Fernando Nunes da Silva.
Outros arruamentos, como a Rua da Venezuela, com 39,5 autocarros por hora, e a Rua da Palma, junto ao Martim Moniz, com 27, ficam a aguardar "a realização de obras de maior vulto".
Em Novembro de 2011, um grupo de trabalho constituído pelo Governo para estudar formas de racionalizar os serviços de transportes propôs, entre outras alterações ao sistema de transportes da Grande Lisboa, a supressão de 23 carreiras regulares da Carris, entre as quais seis suburbanas.
Após muita contestação por parte de muitas autarquias da Área Metropolitana de Lisboa, a Carris optou por suprimir apenas quatro carreiras e fazer alterações em outras 23 ao nível dos horários e percursos, negociando com a Câmara de Lisboa a criação de 22 faixas bus.
Nessa altura o Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou que estas faixas iriam permitir "aumentar o nível do serviço e contribuir para a redução de custos da Carris", alcançando-se assim parte dos efeitos que se esperava que a supressão de carreiras trouxesse.
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