A arrogância descarada
daqueles que colonizam Portugal em nome do Turismo de Massas e do
“low cost” …
OVOODOCORVO
Ryanair
e o Montijo: “É só pegar em duas shotguns e o problema dos
pássaros resolve-se”
23.02.2017 às 10h16
Presidente
da companhia aérea de baixo custo fala sobre as questões ambientais
no aeroporto do Montijo, que considera demasiado caro
O impacto ambiental
do novo aeroporto do Montijo tem para Michael O'Leary, presidente da
Ryanair, uma solução simples. "É só pegar em duas shotguns e
o problema dos pássaros resolve-se", refere em entrevista ao
"Público" desta quinta-feira.
No dia em que
anuncia três novas rotas a partir de Lisboa e uma a partir do Porto,
o presidente da companhia aérea de baixo custo avança que para que
a Ryanair voe para o Montijo é preciso que as taxas sejam mais
baixas do que as que são cobradas na Portela.
"Imagino que
estas são condições exigidas pela maioria das companhias de
aviação. O meu receio é que a ANA diga: olhem, tivemos de gastar
€250 milhões para fazer o Montijo, por isso as taxas vão ser as
mesmas do que na Portela. Ninguém vai querer voar para lá",
diz O'Leary.
"A
ANA não quer a Ryanair a voar para o Montijo"
O
presidente da Ryanair diz que a ANA é uma empresa que inventa
problemas por estar confortavelmente instalada a usufruir de um
monopólio no destino que mais tem crescido na Europa. O'Leary diz
ainda que a Ryanair vai ser a principal companhia de aviação dentro
de dois anos. Mesmo sem Montijo.
LUÍSA PINTO 23 de
Fevereiro de 2017, 7:53
No dia em que
anunciou a abertura de três novas rotas a partir de Lisboa
(Cracóvia, Baden, Bruxelas-Charleroi) e uma a partir do Porto
(Nápoles) depois de Outubro, o presidente da Ryanair, Michael
O'Leary deu uma entrevista ao PÚBLICO.
A ANA já pegou no
telefone para vos perguntar se estão interessados em voar para o
Montijo?
Não. Porque a ANA
não nos quer a voar no Montijjo.
Montijo: estudo
alerta para risco de dependência das low cost
Montijo: estudo
alerta para risco de dependência das low cost
Acha?
Sei que é assim.
Como assim? Os
estudos apontam para o facto de haver uma certa dependência da
Ryanair para que o projecto funcione.
A sério? E o que
fazem é adiar a decisão? O Montijo deveria estar aberto já no
Verão do próximo ano. É possível construir um terminal low cost
em menos de 12 meses, por cerca de 25 milhões de euros. Mas a ANA
está a falar em gastar 250 milhões, em demorar quatro anos, e em
fazer estudos. O que é que vão andar a estudar? Os aviões já lá
estão.
Há questões
ambientais por determinar, por exemplo, o impacto nas aves.
O caso dos
pássaros....É só pegar em duas shotguns e o problema dos pássaros
resolve-se... A sério, já lá levantam e pousam aviões.
Que condições
exige a Ryanair para voar para o Montijo?
Essencialmente taxas
mais baixas, muito mais baixas do que as que são cobradas na
Portela. E imagino que estas são condições exigidas pela maioria
das companhias de aviação. O meu receio é que a ANA diga: olhem,
tivemos de gastar 250 milhões para fazer o Montijo, por isso as
taxas vão ser as mesmas do que na Portela. Ninguém vai querer voar
para lá.
Aeroporto do Montijo
vai ser desenhado para atrair as low cost
Aeroporto do Montijo
vai ser desenhado para atrair as low cost
Já se refere que a
mobilização das companhias para o Montijo será feita com taxas
aeroportuárias mais baixas.
Então aí estaremos
para ajudar a crescer a região. Mas esse é outra questão que é
preciso desmitificar: a ANA anda a dizer que a Portela está cheia
quando isso não é verdade. Eles dizem que os terminais estão
cheios, mas a maior parte do dia estão vazios.
A Ryanair tem
conseguido fazer todos os voos que quer? Tem slots para isso?
Na verdade, não. O
problema é que já não podemos estacionar mais aviões, pô-los em
Lisboa durante a noite, para levantarem às primeiras horas da manhã.
Mas se tivermos o avião estacionado noutro sítio qualquer, podemos
chegar à vontade, a meio da manhã ou a meio da tarde.
E isso não é bom
para a Ryanair?
Sim, vivemos bem com
isso. Mas significa que não podemos operar mais voos de manhã cedo
para o segmento de negócios, e para os passageiros que querem sair
de Lisboa de manhã cedo e regressar ao fim do dia. Essa é uma
maneira com que a ANA está a proteger a TAP, e a limitar-lhe a
concorrência.
Quando acha mesmo
que vai conseguir bater a TAP?
Acredito mesmo que
vai acontecer. Com o crescimento que anunciámos esta quinta-feira,
de três novas rotas em Lisboa, e uma nova no Porto, eu acredito que
nos próximos dez anos chegaremos aos dez milhões de passageiros. A
TAP movimenta 11,5 milhões.
E não precisa do
Montijo para isso?
Não. Podemos
crescer no Porto ou em Faro. Também queríamos crescer na Portela,
mas a verdade é que temos estado a ser bloqueados. Por isso, sim,
gostávamos de ter o Montijo. Vamos receber em breve os primeiros dos
250 aviões que encomendámos para aumentar a nossa frota de curta
distancia. Até 2023 vamos passar dos actuais 120 milhões de
passageiros transportados por ano para os 200 milhões. Será uma
média de dez milhões de passageiros por ano, um crescimento que
poderemos oferecer a aeroportos como Portela, Porto ou o Montijo
O que é mais
importante para a Ryanair quando está a negociar com as autoridades
aeroportuárias?
Coisas simples, as
mesmas que pedimos em todos os aeroportos: taxas baixas e instalações
eficientes. Se não conseguirmos fazer a rotação em 25 minutos, não
voamos para esse aeroporto.
Conseguem fazê-lo
sem problemas na Portela?
Sim. Usamos o
terminal 2, que eles deviam expandir. Mas não querem fazê-lo. A ANA
está sempre a inventar problemas.
A ANA é mais
problemática dos que as outras autoridades aeroportuárias com que
lida?
Sim, muito mais.
Primeiro porque são um monopólio. Segundo porque estão a crescer.
Enquanto conseguir limitar o crescimento da Portela a 4% ou 5% ao ano
podem continuar a subir os preços das taxas. É o que vão fazer, no
próximo ano, apesar de gerir os aeroportos que mais estão a crescer
na Europa. Como é que as taxas estão a aumentar quando o tráfego
está a crescer? Olhe à volta. Schipool, em Amesterdão, est a
reduzir as taxas 7% este ano, os aeroportos espanhóis
comprometeram-se abaixar 2% ao ano, nos próximos 5 anos. O que se
passa em Portugal. Nada. É um monopólio. E francês.
E voos para as
ilhas. Quando haverá mais novidades?
Estamos contentes
com Ponta Delgada e Angra do Heroísmo. Tentámos uma aproximação
ao Funchal, mas foi muito difícil. As taxas estão muito altas. Mas
estão lá dois operadores, a TAP e a Easyjet, a cobrar preços muito
elevados. E estão todos contentes.
Mas tentaram ou não?
Sim. Mas desistimos.
No Funchal são uns mimados, porque já são um destino muito
procurado por turistas. E não querem preocupar a TAP. Vamos
continuar a trabalhar com os Açores, que é gente criativa,
empenhada, que quer crescer. No Verão, as ligações para Ponta
Delgada e Londres vão duplicar, e passar para quatro voos por
semana.
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