Polémica
CGD: Direita contesta Ferro Rodrigues e Marcelo tenta acalmar os
ânimos
Joana Almeida
Ontem 18:10
Marcelo
Rebelo de Sousa quer ouvir Ferro Rodrigues em Belém a propósito da
tensão crescente entre a direita e o número dois do Estado
português. No olho do furacão, está o processo da Caixa Geral de
Depósitos (CGD).
Depois das polémicas
declarações sobre o processo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o
presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, veio
esta quinta-feira defender-se, dizendo que a sua “imparcialidade é
total”. Ferro Rodrigues garante que em momento algum dificultou o
processo de escrutínio ao banco público, como acusa a ala
parlamentar da direita, e, numa crítica velada ao PSD e CDS, sugere
que se habituem “às novas regras e às novas circunstâncias
democráticas da Assembleia da República”.
“Efetivamente a
minha imparcialidade é total. É evidente que há pessoas que
continuam a pensar que a maioria é a mesma de há um ano e meio,
mas, infelizmente para elas, não é e portanto, têm que se habituar
às novas regras e às novas circunstâncias democráticas da
Assembleia da República”, afirmou Eduardo Ferro Rodrigues, à
margem da 11.ª sessão plenária da Assembleia Parlamentar para o
Mediterrâneo (APM), a decorrer no edifício da Alfândega do Porto.
No centro da tensão
entre a direita e o número dois do Estado português está o
processo da CGD.
Segundo o líder
parlamentar do PSD, Luís Montenegro, Eduardo Ferro Rodrigues “teve
uma intervenção muito infeliz” no âmbito da comissão de
inquérito ao banco público. “Começou por levantar obstáculos
sem fundamento à delimitação do objeto inicial e chegou ao limite
de, na conferência de líderes, dizer ao PSD e ao CDS que era um mau
serviço ao parlamento suscitar o assunto do boicote a que estamos a
ser sujeitos”, afirma Luís Montenegro em entrevista ao jornal
‘Público’.
“No dia em que
Ferro Rodrigues assumiu esta função [de presidente da Assembleia da
República] tive a coragem de lhe dizer que ele ainda não tinha dado
garantias de imparcialidade para o exercício da função. Ele tem
dado razão a essa minha dúvida”, acusa Luís Montenegro. O
social-democrata garante ainda que o PSD irá “até ao fim” neste
processo, e fará de tudo para que sejam asseguradas “condições
mínimas de escrutínio da ação governativa”, neste momento de
“claustrofobia democrática”.
Cristas: “Maioria
de esquerda unida oprime a direita”
Também o CDS está
descontente com o desempenho do presidente da Assembleia da República
na condução dos trabalhos à Caixa, acusando-o de ter
impossibilitado o escrutínio do processo de demissão e nomeação
da nova administração do banco público.
A líder do partido,
Assunção Cristas, defende que “a maioria de esquerda unida oprime
a direita”, com a conivência de Ferro Rodrigues e já anunciou que
vai a falar pessoalmente com o presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, para lhe “contar o que se passa no Parlamento”,
esta sexta-feira a seguir ao almoço.
Mas Marcelo Rebelo
de Sousa deixa o aviso: “Não sou pressionável a não ser
condicionado pela Constituição, pelo regimento e pelas leis, não
por qualquer entrevista de um dirigente político”.
Segundo avança o
jornal ‘Expresso’, Marcelo Rebelo de Sousa convidou Ferro
Rodrigues para um almoço, também esta sexta-feira, em Belém, antes
de receber Assunção Cristas. Ao que tudo indica o presidente quer
serenar os ânimos no hemiciclo, ouvindo primeiro o presidente do
Parlamento e só depois as queixas dos partidos.
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