quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Carta que ordena despejo na Mouraria "não tem qualquer validade" / Mouraria quer expulsar famílias portuguesas para dar as boas-vindas aos turistas


Mouraria quer expulsar famílias portuguesas para dar as boas-vindas aos turistas
Redação
Ontem 11:32

17 famílias estão em risco de serem expulsas das suas casas no bairro da Mouraria. Proprietário do prédio quer transformar o edifício num alojamento turístico.

As dezassete famílias têm pouco mais de um ano para abandonar as casas na Rua dos Lagares. Algumas têm só até novembro para procurar outra habitação. Entre o verão deste ano e o fim de 2018 vão ter de deixar sair do prédio, no típico bairro da Mouraria para dar lugar a um alojamento local para turistas. Em causa está um projeto que pretede remodelar o prédio número 25 na Rua do Lagares. Ainda não há informação oficial mas já há pedidos na câmara para as obras.

Os moradores pretendem encontrar ajuda e apoio na reunião pública do município, que se realiza hoje na Câmara de Lisboa.

A maioria dos inquilinos já reside naquele prédio há décadas e agora não têm para onde ir, como conta a reportagem feita pelo Pública, na edição do jornal de hoje.

O prédio tem poucas condições, telhados fraco, infiltrações e ratos, contam os moradores ao Público. O edifício mudou há pouco tempo de proprietário. Pertence agora a uma empresa de investimentos imobiliários, chamada IberAquisições, e algumas famílias já foram notificadas de que a empresa não vai renovar os contratos de arrendamento.

O jornal dá também conta de que toda a Mouraria está em mudança. Não é apenas um prédio. Já há um condomínio de luxo a ser construído, “vários edifícios da rua já foram reabilitados e outros estão abandonados e a cair”.

Nem todos os moradores receberam ordem de saída mas mesmo esses têm muitas queixas em relação ao estado do prédio. Apesar das rendas terem sido aumentadas nos últimos anos, não houve quaisquer obras no edifício e as condições continuam “degradantes”.

Carta que ordena despejo na Mouraria "não tem qualquer validade"
Moradores do prédio na Rua dos Lagares foram pedir ajuda à Câmara Municipal de Lisboa. Manuel Salgado disse que ainda não há escritura e vai intimar obras urgentes.

JOÃO PEDRO PINCHA 22 de Fevereiro de 2017, 20:06

O vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa garantiu esta quarta-feira aos moradores de um prédio na Rua dos Lagares, na Mouraria, que não têm de abandonar o edifício no fim dos respectivos contratos de arrendamento, como pretende o actual proprietário. De acordo com Manuel Salgado ainda “não foi feita a escritura” de venda, pelo que “a carta que receberam não tem qualquer validade”.

Tal como o PÚBLICO noticiou esta quarta-feira, 17 famílias que habitam o número 25 da Rua dos Lagares – entre o Largo das Olarias e a encosta da Graça – começaram recentemente a receber cartas a informá-los de que os contratos de arrendamento não seriam renovados. O remetente era a empresa IberAquisições, que teria comprado o prédio no Verão do ano passado.

“Porém, não foi feita a escritura”, assegurou o vereador do Urbanismo, interpelado pelos moradores do prédio, que aproveitaram a reunião pública desta quarta-feira para pedir ajuda à autarquia. “Todas as pessoas envolvidas que estão a ser prejudicadas cresceram no bairro”, disse Carla Pinheiro, que deu voz às preocupações dos habitantes. “Queremos ficar nas nossas casas, no nosso bairro”, pediu.

Manuel Salgado acalmou-os, garantindo que “a carta que receberam não tem qualquer validade e não têm, de forma alguma, de cumprir o que é solicitado”. O vereador também afirmou que “não há nenhum pedido, na câmara, para obras neste edifício”, afastando assim os rumores de que o prédio está prestes a ser transformado num condomínio de luxo, num hotel ou num hostel.

Grande parte dos inquilinos que receberam a informação do fim do arrendamento já vivem no prédio há décadas. Entre 2012 e 2013, ainda com o antigo dono, foram feitos novos contratos e estabelecidas novas rendas. A vigência desses contratos termina agora, entre o Verão de 2017 e o fim de 2018, cinco anos volvidos da assinatura dos acordos.

“Estão a ser vítimas” da nova lei das rendas, disse Manuel Salgado aos moradores, no que foi apoiado pelos vereadores comunistas, que já tinham abordado a situação deste edifício numa reunião de câmara anterior. João Ferreira, candidato da CDU à autarquia, afirmou que, além do fim dos contratos, os habitantes do número 25 da Rua dos Lagares debatem-se também com más condições de habitabilidade.


O vereador do Urbanismo disse que alguns técnicos da câmara já estiveram no local a avaliar o estado do prédio, cujas casas têm problemas graves de humidade e pragas de ratos e baratas. “Está aprazada outra vistoria”, informou Manuel Salgado, que explicou que pretende “intimar o proprietário” a fazer obras de conservação urgentes. Caso a intimação nã

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