Marcelo
considera que a coligação de esquerdas superou as expectativas
Numa
entrevista ao El País, o chefe de Estado explica que, "depois
dos primeiros meses difíceis", com um crescimento do PIB quase
nulo, "o Governo demonstrou que mantinha o défice controlado".
LUSA 12 de Fevereiro
de 2017, 0:48
O Presidente da
República considera que em Portugal "a coligação de esquerdas
superou as expectativas", numa entrevista ao jornal espanhol El
País divulgada hoje no portal do diário espanhol e que deverá ser
publicada na íntegra na edição em papel de domingo.
"Portugal vive
uma experiência inédita", afirma Marcelo Rebelo de Sousa,
acrescentando que "ninguém sabia como se iria desenvolver o
compromisso à volta do programa de esquerda moderada do Partido
Socialista com partidos que, em teoria, têm dúvidas sobre a NATO,
sobre o euro, sobre as políticas económicas de Bruxelas".
O chefe de Estado
explica que, "depois dos primeiros meses difíceis", com um
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) quase nulo, "o
Governo demonstrou que mantinha o défice controlado", havendo
"uma recuperação do emprego e um maior crescimento do PIB".
"Porquê?
Porque o Governo decidiu com as negociações do orçamento de 2016
aceitar o essencial do compromisso europeu de Bruxelas", conclui
Marcelo Rebelo de Sousa.
O artigo do El País
refere que o Presidente da República é uma figura "atípica",
que cumpriu o que prometeu na campanha eleitoral: "construir
pontes, fechar feridas".
Marcelo Rebelo de
Sousa observa que o Governo português tinha "um complexo
problema bancário" e "muitos problemas conjuntos",
mas deu "passos para a frente" e foram "superadas as
expectativas iniciais". "Agora, há que ir mais longe no
crescimento e reformas estruturais da administração" pública,
sublinha.
Marcelo Rebelo de
Sousa considera que "o Presidente tinha de mostrar uma posição
de apoio ao Governo" - não um "apoio incondicional",
mas um apoio "com condições claras" - e que houve "um
ambiente distendido, não tão crispado, uma boa cooperação entre
Presidente, Governo e Parlamento".
O chefe de Estado
defende que Portugal e Espanha têm de ser "um exemplo de
estabilidade política e económica", numa altura em que noutros
países europeus "há dúvidas sobre políticas europeias
essenciais".
"O egoísmo dos
tempos de crise, que cerra portas, não abre novas perspectivas num
momento em que é necessária a inovação. Necessitamos de mais
cultura política", afirma.
Por outro lado,
Marcelo Rebelo de Sousa minimiza o diferendo entre Portugal e Espanha
sobre a central nuclear de Almaraz: "Não há uma família em
que os irmãos ou os cônjuges não tenham um ponto, dois pontos de
divergência. Há que resolvê-los. Não é um drama", afirmou.
A 16 de Janeiro,
Portugal apresentou à Comissão Europeia, em Bruxelas, uma queixa
relacionada com a decisão espanhola de construir um armazém de
resíduos nucleares em Almaraz, sem avaliar o impacto ambiental
transfronteiriço.
O Governo português
defende que, no projecto de um aterro de resíduos junto à central
nuclear de Almaraz, "não foram avaliados os impactos
transfronteiriços", o que está contra as regras europeias.
Os ambientalistas
portugueses e espanhóis estão contra o prolongamento da licença de
exploração de Almaraz e desconfiam que a decisão de construção
desse aterro seja o primeiro passo para prolongar a vida da central
para além de 2020.
Apoiante
de Marcelo diz que "já não há ninguém" no PSD contente
com o PR
11 DE FEVEREIRO DE
2017
10:55
João Pedro
Henriques
José Eduardo
Martins diz que o Presidente da República se "descredibilizou"
com a falta de imparcialidade que revelou ao proteger o ministro das
Finanças. Marcelo foi longe de mais e, garante, perdeu a compreensão
do PSD
O caso
CGD/Domingues/Centeno atinge, por tabela, a relação do PSD com o
seu ex-líder e atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa. Da lua-de-mel que existiu em tempos já não sobra nada ou
quase nada.
Um dos seus mais
empenhados apoiantes dentro do partido, José Eduardo Martins, não
gostou nada de ver Marcelo sair em defesa do ministro das Finanças,
acusado pelo PSD e pelo CDS de mentir ao Parlamento no caso das
polémicas em torno da passagem de António Domingues pela
presidência da Caixa Geral de Depósitos.
"Ou há um
documento escrito pelo senhor ministro das Finanças em que ele
defende uma posição diferente da posição do primeiro-ministro ou
não há. Se não há é porque ele tinha a mesma posição do
primeiro-ministro, para mim é evidente", disse o Presidente da
República - declaração que enfureceu Martins.
Declarando-se "um
bocadinho envergonhado", José Eduardo Martins afirma que, se
até já ele se tornou crítico, então "já não pode haver
ninguém no PSD que esteja contente" com Marcelo. "Até
aqui as pessoas [dentro do PSD] encolhiam os ombros [sempre que
ouviam uma declaração do PR em defesa do governo]. Mas agora a
coisa piorou muito."
Para José Eduardo
Martins, sabe- -se que, historicamente, é normal os presidentes da
República fazerem um primeiro mandato "a agradarem a quem não
votou neles". Mas Marcelo foi, no seu entender, longe de mais, o
que é incompreensível porque "ninguém pode ser feliz pegando
fogo ao sítio onde nasceu".
Demissão "fora
de questão"
"Custa-me muito
dizer isto mas tenho de o fazer. Se há apoiante de Marcelo no PSD
sou eu. Mas ele está a descredibilizar-se - a ele e à função
presidencial", afirma o dirigente laranja (que é tudo menos um
apoiante de Passos Coelho, embora atualmente esteja a preparar o
programa eleitoral para quem for o candidato do seu partido à Câmara
Municipal de Lisboa).
Ontem, o
primeiro-ministro voltou a reafirmar a confiança no seu ministro das
Finanças, dizendo que uma demissão "está fora de questão".
"Por isso, confiança no ministro das Finanças, admiração de
todo o país pelo trabalho que tem vindo a ser feito, não vou perder
tempo a dedicar-me àquilo que são tricas, e sobretudo vamos fazer
aquilo que temos de fazer, que é termos uma CGD forte e bem
administrada."
Afirmando que
Centeno "conseguiu o menor défice de sempre da nossa
democracia, honrou o nosso compromisso de virar a página da
austeridade e está a criar condições para que as empresas possam
investir", o primeiro-ministro sublinhou ainda o seu "excelente
trabalho" relativamente "a um desafio que tinha sido adiado
pelo anterior governo e que tem a ver com a estabilização do
sistema financeiro". "Uma após outra, serenamente, cada
uma das instituições financeiras tem vindo a encontrar a boa
solução", disse, referindo os casos da OPA do BPI, da
capitalização do Millennium e da autorização da UE à CGD para se
capitalizar.
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