Deputados
municipais não querem que prédio dos anos 70 seja hotel pombalino
Recomendações
do BE e do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa foram aprovadas por
larga maioria.
JOÃO PEDRO PINCHA
21 de Fevereiro de 2017, 20:30
Os deputados da
Assembleia Municipal de Lisboa pediram esta terça-feira à autarquia
liderada por Fernando Medina que não autorize a transformação de
um prédio dos anos 70 num hotel com estética pombalina, como é
proposto por uma sociedade de investimentos imobiliários para um
imóvel do Largo Rafael Bordalo Pinheiro, perto do Chiado.
As duas
recomendações apresentadas pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda
sugerem que o edifício, da autoria dos arquitectos Diogo José de
Mello e João Andrade e Sousa e decorado com painéis de azulejos de
António Vasconcelos Lapa, seja classificado como "bem de
interesse municipal", o que suspenderia imediatamente o processo
em apreciação na câmara. Tal como o PÚBLICO noticiou no início
de Fevereiro, o projecto a que os serviços de Urbanismo querem dar
luz verde visa alterar o aspecto deste prédio, construído entre
1974 e 1977, de modo a que tenha "uma imagem arquitectónica
mais integrada com a envolvente edificada" e reflicta uma
"reinterpretação contemporânea" da arquitectura
pombalina.
Para os deputados do
Bloco, o prédio está "bem inserido arquitectonicamente" e
é mesmo "um dos melhores exemplares da arquitectura de Lisboa
nos anos 70 do século passado". Já para os deputados
comunistas, "ao invés de valorizar e proteger o que existe, a
cidade confronta-se com mais uma apropriação abusiva do seu
património edificado, para o substituir pelo pastiche de um estilo
arquitectónico".
Ambas as
recomendações foram aprovadas por maioria, apenas com a abstenção
de alguns deputados independentes e, no caso do documento bloquista,
também com abstenção do PSD.
Entretanto já
chegou à assembleia municipal a petição que foi lançada logo no
dia seguinte à divulgação da história pelo PÚBLICO. Com cerca de
mil e duzentas assinaturas, a petição também pede à câmara que
não despache favoravelmente este processo, considerando que o mesmo
é “um total branqueamento da história da cidade através da
adopção de pastiches desnecessários”.
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