PCP
quer estacionamentos dissuasores gratuitos nos “limites” da
cidade de Lisboa
POR O CORVO • 8
FEVEREIRO, 2017 •
A vereação da
Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai discutir e votar, na reunião
desta quinta-feira (9 de fevereiro), a elaboração de “um estudo
sobre as necessidades de parques dissuasores e a sua localização,
com vista à sua implementação”. O objectivo é diminuir o número
de automóveis que entram todos os dias na cidade. “São 400 mil
carros a entrar em Lisboa. Temos de reduzir substancialmente este
número”, diz ao Corvo João Ferreira, vereador e candidato da
coligação CDU à presidência da CML.
A proposta dos
vereadores do PCP pretende, por isso, que, utilizando os resultados
do estudo, sejam promovidas “todas as medidas necessárias” para
assegurar a construção dos estacionamentos situados nas entradas da
capital e “garantir a sua gratuitidade para os detentores de título
de transporte válido”. Uma medida que, defendem, pode já ser
posta em prática nos parques existentes. Além disso, propõem o
diálogo com os municípios da periferia, a fim de melhor aplicar
este plano.
Para os vereadores
comunistas, a medida faz todo o sentido se integrada numa prática de
uso de uma “rede eficiente” de transportes públicos – e para
tal defendem mesmo que os preços dos títulos de transporte
regressem a valores de 2011, “corrigindo assim a diminuição da
procura causada pelos injustificados aumentos consecutivos”.
A utilização
conjugada dos parques dissuasores agora propostos com o transporte
público, alegam os eleitos do PCP, terá um grande contributo na
redução do número de carros a entrar todos os dias em Lisboa ou,
“pelo menos, diminuir substancialmente a extensão dos percursos
que efectuam”. O que teria também como consequência, defendem, o
atenuar da escassez de estacionamento nas zonas mais centrais e
residenciais.
E com tal redução
da pressão sobre o estacionamento disponível nas áreas mais
centrais de Lisboa, outras vantagens acessórias surgiriam, advogam
os vereadores comunistas. Entre as quais destacam “a diminuição
das emissões poluentes e a melhoria da qualidade do ar, a redução
do ruído, a diminuição da pressão sobre os pavimentos e sobre o
estacionamento existente nas zonas centrais e residenciais da cidade,
bem como sobre o espaço público em geral”.
A criação dos
parques dissuasores seria, por isso, um forte contributo para a
melhoria da qualidade de vida na maior urbe portuguesa. “Todos os
dias, entram na cidade 400 mil carros. Uma solução como a que
propomos iria de encontro à necessidade de reduzir de forma clara a
entrada de tantos carros em Lisboa e encurtar os percursos feitos
dentro dela”, defende João Ferreira, lembrando ainda que, durante
a vigência do anterior Governo, “o sistema de transportes de
Lisboa perdeu cerca de dois milhões de passageiros”.
O candidato
comunista e vereador atribui tal diminuição drástica de
utilizadores ao facto “de se ter verificado uma degradação muito
acentuada da qualidade do serviço e um brutal aumento dos preços”.
Tendo a Carris passado, a 1 de Fevereiro, para a gestão camarária –
num modelo contestado pelo PCP, que sempre defendeu a manutenção
dos transportes colectivos sob tutela da administração central -,
João Ferreira salienta aquilo que o seu partido anda a dizer há
bastante tempo. “A Carris tem de repor carreiras, repor horários,
alargar a sua rede, melhor o serviço. Há muito a fazer”, diz.
Interrogado por O
Corvo sobre se a proposta relativa aos parques dissuasores não acaba
por ser, em certa medida, contraditória com a vontade de recuperar
utentes para os transportes colectivos, João Ferreira diz que não.
“Temos que ter em conta o contexto em que estamos. O nosso
objectivo é, de facto, que as pessoas usem mais os transportes
públicos. E este é um ponto de partida”.
O vereador
considera, aliás, que a construção de mais parques dissuasores –
além dos já anunciados pela CML, entre os quais o mais importante
será o da Ameixoeira, na freguesia de Santa Clara – se revelará
mais eficaz e entendível do que “termos as receitas do
estacionamento da EMEL e o Imposto Municipal de Circulação a
financiarem a Carris”, segundo o modelo proposto pela autarquia
liderada por Fernando Medina. “Isto significa que a Carris só será
rentável se entrarem mais carros em Lisboa. Há aqui um conflito,
claro, de interesses”, afirma.
Texto: Samuel
Alemão
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