Right-wing
provocateur Milo Yiannopoulos resigns from Breitbart News over
comments he made that appeared to endorse sex between ‘younger
boys’ and older men. Yiannopoulos had been employed by Breitbart as
a senior editor and said that his decision to resign was entirely his
own. He apologised to child abuse victims who thought his comments
were ‘flippant or uncaring’ but said: ‘I will never stop making
jokes about taboo subjects.’
Milo
Yiannopoulos resigns from Breitbart over pedophilia comments
The
rightwing provocateur stepped down after a livestream resurfaced in
which he appeared to endorse sex between ‘younger boys’ and older
men
Edward Helmore in
New York
Tuesday 21 February
2017 21.52 GMT Last modified on Tuesday 21 February 2017 23.39 GMT
Rightwing
provocateur Milo Yiannopoulos has resigned from Breitbart News, a day
after he was dropped by his publisher and lost a speaking engagement
at a conservative conference, over comments he made that appeared to
endorse sex between “younger boys” and older men.
“I would be wrong
to allow my poor choice of words to detract from my colleagues’
important reporting, so today I am resigning from Breitbart,
effective immediately,” he said in a statement.
Yiannopoulos had
been employed by Breitbart as a senior editor and said that his
decision to resign was entirely his own. He thanked the far-right
news site for allowing him “to carry conservative and libertarian
ideas to communities that would otherwise never have heard them”.
The rightwing
commentator’s latest trouble stems from his appearance on an
internet livestream last year, during which he said that
relationships between adult men and teenage boys can be beneficial.
In the clip,
Yiannopoulos said the age of consent was “not this black-and-white
thing” and that relationships “between younger boys and older men
… can be hugely positive experiences”.
He went on to
suggest that sex between “younger boys” and older men could be a
“coming-of-age relationship … in which those older men help those
younger boys discover who they are”.
The comments drew
widespread condemnation. The American Conservative Union rescinded
his invitation to speak at its annual CPac conference while Simon &
Schuster’s conservative imprint, Threshold Editions, cancelled
publication of his upcoming book, Dangerous.
Amid reports that
some Breitbart employees had threatened to leave if Yiannopoulos was
not fired, Breitbart editor-in-chief Alex Marlow commented that his
editor’s comments were “not defensible”.
Yiannopoulos
initially addressed the controversy on Facebook, rejecting claims
that he was an advocate for pedophilia. He said that while he
regretted his past remarks, he claimed the video had been
“deceptively edited”.
“I did say that
there are relationships between younger men and older men that can
help a young gay man escape from a lack of support or understanding
at home. That’s perfectly true and every gay man knows it. But I
was not talking about anything illegal and I was not referring to
prepubescent boys.
At a press
conference in New York following his resignation, Yiannopoulos
offered a quasi-apology, saying: “I am certainly guilty of
imprecise language, which I regret.”
“Anyone who
suggests I turn a blind eye to illegal activity or to the abuse of
minors is unequivocally wrong ... To repeat: I do not support
pedophilia. It is a disgusting crime of which I have personally been
a victim.”
However, he also
offered a defense, saying his remarks were about “my personal life
experiences”.
“I will not
apologize for dealing with my life experiences in the best way that I
can, which is humor. No one can tell me or anyone else who has lived
through sexual abuse how to deal with those emotions. But I am sorry
to other abuse victims if my own personal way of dealing with what
happened to me has hurt you.”
Yiannopoulos was
forced to cancel a speaking tour stop at the University of
California, Berkeley, earlier this month after students protested,
and he was permanently banned from Twitter in July 2016 for
instigating abuse of Ghostbusters actor Leslie Jones.
Milo
Yiannopoulos. O agente provocador da era Trump foi ao tapete
JOANA
AZEVEDO VIANA
21.02.2017
às 11h02
Define-se
como um ultraconservador e é definido pelos críticos como um
ultraprovocador. Ia participar numa conferência ao lado de Donald
Trump mas uma gravação em que parece defender a legalização da
pedofilia já levou à retirada do convite e ao cancelamento de um
contrato literário para lançar a autobiografia “Perigoso”. Há
um mês, a coqueluche da “direita alternativa” já tinha
protagonizado um incidente na Universidade de Berkeley; estudantes
mobilizaram-se contra a presença de Yiannopoulos no campus e o
Presidente Trump, a quem o editor do Breibart chama “papá”,
ameaçou cortar o financiamento federal ao estabelecimento por não
respeitar “a liberdade de expressão”
Professores de
Berkeley dizem que violência nos protestos foi obra de um grupo de
extrema-direita que apoia Milo Yiannopoulos e que queria espalhar o
caos
Milo Yiannopoulos
garante que condena a pedofilia mas uma gravação ressuscitada na
internet por estes dias passa outra imagem do ultraconservador,
atualmente uma das mais notórias figuras da chamada “direita
alternativa” dos Estados Unidos (leia-se, extrema-direita). Antes
de o podcast ter sido repescado na internet, a União Conservadora
Americana (ACU) tinha anunciado no sábado que Yiannopoulos, editor
do “site” Breitbart News (fundado e até há alguns meses
dirigido pelo atual estratega e conselheiro de Segurança Nacional da
Casa Branca, Steve Bannon) ia discursar na sua conferência (CPAC),
um encontro anual da direita conservadora que este ano contará com a
participação do Presidente Trump. “Achamos que a liberdade de
expressão passa por ouvir a importante perspetiva de Milo”, disse
no Twitter Matt Schlapp, atual diretor da ACU.
Ainda antes de a
gravação ressurgir, Yiannopoulos já tinha angariado atenções no
rescaldo da vitória eleitoral de Donald Trump, a quem chama “papá”.
Foi por essa altura que deu início a uma espécie de périplo por
universidades norte-americanas para “mostrar aos estudantes que o
discurso de ódio é fixe”. Assim noticiou a CNN a 3 de fevereiro,
dois dias depois de Yiannopoulos ter estado no centro de uma
controvérsia na Universidade de Berkeley, quando estudantes da maior
universidade da Califórnia se mobilizaram contra a presença do
nacionalista no campus, em protesto contra o facto de a instituição
ter endereçado um convite a um homem que defende abertamente
discursos de ódio, xenofobia e sexismo.
O evento foi
cancelado por pressão dos alunos, depois de alguns manifestantes
terem usado bombas de fumo e lança-chamas durante o protesto na
noite de 1 de fevereiro. Na altura Robert Reich, um dos mais
proeminentes professores da UC Berkeley, que foi ministro do Trabalho
no governo de Bill Clinton e que esteve presente nos protestos contra
Yiannopoulos, disse suspeitar que as ações violentas de alguns
manifestantes foram, na verdade, executadas por membros da
extrema-direita que apoiam o editor do Breitbart e que queriam
espalhar o caos na universidade.
“Estive lá uma
parte da noite passada e sei o que vi”, denunciou Reich à CNN.
“Aquelas pessoas não eram estudantes de Berkeley, eram agitadores
externos. Há rumores de que eram membros da extrema-direita, que
integram um grupo que se organizou para criar tumultos e perigo como
o que vimos, forçando a polícia a cancelar o evento.” (O
Breitbart acusou o professor universitário de disseminar uma teoria
da conspiração sem fundamento. Cinco dias depois, o FBI abriu uma
investigação ao caso, para apurar a identidade dos responsáveis.)
Yiannopoulos
queixou-se no Facebook de ter sido vítima de uma multidão de
“extrema-esquerda” enraivecida. “Fui retirado do campus de
Berkeley após manifestantes violentos da extrema-esquerda terem
destruído barricadas, ateado incêndios, atirado pedras e foguetes
contra as janelas e invadido o piso térreo do edifício” onde a
conferência ia ter lugar. Logo a seguir, o Presidente Trump ameaçava
no Twitter com o corte de fundos federais à universidade por ter
impedido Yiannopoulos de falar. “Se a UC Berkeley não autoriza a
liberdade de expressão e pratica violência contra pessoas inocentes
com pontos de vista diferentes — FICA SEM FUNDOS FEDERAIS?”
O caso acabou por
ficar a marinar até hoje (o FBI ainda não divulgou conclusões
preliminares da investigação) e Yiannopoulos pareceu retirar-se
temporariamente de cena — até este fim-de-semana. Há alguns dias,
já depois de Matt Schlapp ter anunciado que o editor do Breibart era
um dos convidados da conferência da ACU no Maryland, cibernautas
desenterraram uma gravação que está disponível na internet há
vários anos mas que só agora ganhou destaque.
“APOIO À
PEDOFILIA”
Nela, Yiannopoulos
faz alusão, em tom jocoso, a um encontro de cariz sexual entre um
adolescente e um padre católico para argumentar que as leis de
consentimento e as que protegem menores de abuso sexual devem ser
alteradas. Num dos excertos postos a circular no Twitter, diz que a
idade para consentimento sexual “não é uma questão preto no
branco” e que as relações “entre rapazes jovens e homens mais
velhos pode gerar experiências altamente positivas”. Novamente,
como no caso Berkeley, recorreu ao Facebook para se defender,
garantindo que não apoia a pedofilia — “é um crime nojento e
vil, talvez o pior que existe” — e que só é “culpado de usar
linguagem imprecisa”, uma coisa de que se “arrepende”.
Desta vez a retórica
de pouco lhe serviu. Na segunda-feira, Schlapp disse que a explicação
dada por Yiannopoulos é “insuficiente” e que por isso a ACU
decidiu retirar o convite que lhe foi feito para participar na CPAC
(onde estarão presentes Bannon, Trump, o seu vice-presidente Mike
Pence, o seu chefe de gabinete Reince Priebus, o governador
republicano Scott Walker e o senador evangélico Ted Cruz). “Por
causa da revelação de um vídeo ofensivo nas últimas 24 horas em
que [Yiannopoulos] apoia a pedofilia, a União Conservadora Americana
decidiu rescindir o convite”, anunciou o diretor da organização.
Pouco depois, era a
vez da editora Simon & Schuster, uma das maiores do mundo, fazer
o seu próprio anúncio sobre o editor do Breitbart. “Após
cuidadosa reflexão, a Simon & Schuster e a Threshold Editions
[ramo de publicações conservadoras da editora] decidiram cancelar a
publicação de ‘Perigoso’ de Milo Yiannopoulos.” O livro já
tinha feito correr tinta pelas piores razões no final do ano
passado, quando a editora enfrentou duras críticas e algumas
consequências por ter aceitado publicar a autobiografia de um homem
que diz que o “feminismo é um cancro” e que foi permanentemente
bloqueado do Twitter por insultar uma atriz negra.
A escritora
feminista Roxane Gay esteve entre os autores que decidiram cancelar
contratos de publicação com a Simon & Schuster, já depois de o
“Chicago Review of Books” ter anunciado que ia boicotar todos os
livros da editora “em resposta a esta nojenta validação do ódio”.
No Facebook, Yiannopoulos confirmou na segunda-feira que o contrato
do livro, pelo qual terá recebido um avanço de 250 mil dólares,
foi suspenso. “Cancelaram o meu livro. Já passei coisas piores.
Isto não vai derrotar-me”, prometeu. Este é o terceiro projeto de
livro anunciado por Yiannopoulos que não se concretiza. De acordo
com a sua página de Facebook, “Perigoso” ia chegar às bancas
norte-americanas a 13 de junho.
QUEM É MILO?
Nascido na Grécia
em 1986, filho de pai grego e mãe britânica, Yiannopoulos cresceu
em Kent, no sul da Inglaterra, antes de se mudar para os Estados
Unidos. Em julho de 2016, foi banido do Twitter pelo que a empresa
disse ser “incitamento ou envolvimento em abuso direcionado contra
ou assédio de outros [utilizadores]”. A expulsão da rede social
aconteceu pouco depois de ter insultado Leslie Jones, atriz negra do
“Saturday Night Live” que participou no remake feminino do filme
“Ghostbusters” e que foi alvo de uma campanha de insultos e
discurso de ódio no Twitter quando o filme estreou.
Yiannopoulos é, em
si mesmo, uma contradição e os críticos acusam-no de ser, mais do
que um ultraconservador, um ultraprovocador. Apesar de assumir a sua
homossexualidade, usa há vários anos a plataforma da
extrema-direita americana Breitbart News para denegrir pessoas
transgénero, muçulmanos, ativistas do movimento Black Lives Matter,
feministas e... gays. Antes de começar a trabalhar para o Breitbart,
cofundou a revista digital de tecnologia “The Mekel” em 2011;
três anos depois, foi forçado a vendê-la após contrair enormes
dívidas e ser posto em tribunal por colaboradores do “site” por
não cumprir a sua parte do acordo (leia-se, pagar pelos serviços).
Foi em 2015, meses
antes de Donald Trump anunciar a sua candidatura à Casa Branca, que
conseguiu trabalho no Breitbart, onde depressa subiu ao cargo de
editor, no qual se mantém até hoje. Desde então já assinou peças
na sua coluna de opinião como “Os métodos contracetivos tornam as
mulheres pouco atraentes e loucas” e “Preferia que o seu filho
fosse feminista ou tivesse cancro?” Quando Hillary Clinton recorreu
a artigos incendários como estes para denunciar o extremismo da
barricada que apoiava o seu rival republicano nas eleições,
Yiannopoulos cantou vitória. “Mal sabia quando criei a hashtag
#FeminismIsCancer que ela iria parar à boca de uma nomeada democrata
para a presidência”, escreveu.
No final da semana
passada, Milo protagonizou outro momento de tensão, desta feita no
programa da HBO “Real Time with Bill Maher”. O comediante Maher
tinha sido criticado por ter convidado Yiannopoulos a participar no
programa, numa primeira fase sem contraditório, apenas os dois
homens sentados a conversar sobre liberdade de expressão. Logo a
seguir, Yiannopoulos foi integrado num painel com mais pessoas, um
que o jornalista Jeremy Scahill recusou integrar por achar que a
decisão de Maher “dá uma ampla e importante plataforma para ele
defender a sua campanha racista e anti-imigração”. Durante esse
painel, o editor do Breitbart disse que as pessoas transgénero “têm
doenças psiquiátricas” antes de começar a insultar alguns dos
convidados de Maher, como o comediante Larry Wilmore. “Convida
sempre pessoas tão terríveis para o seu programa, elas são tão
estúpidas. Tem de começar a convidar pessoas com QI mais elevados
ou isto vai ser um desastre.” Wilmore perdeu o sangue frio e mandou
Yiannopoulos “para o c*ralho”.
Na segunda-feira,
confrontado com as consequências das suas declarações,
Yiannopoulos garantiu que não vai ser derrotado, mas já há
movimentações no Breitbart para o afastar do “site”. O cunho de
ódio noutros artigos de opinião nunca incomodou os colegas, mas
desta vez sentem que a forma como parece desculpar a pedofilia foi um
passo mais longo que a perna, como explicou Charlie Gasparino na Fox
Business. “Há pessoas de elevado estatuto dentro do Breitbart
neste momento que dizem que as últimas declarações [sobre
pedofilia] foram longe de mais”, disse o jornalista, explicando que
o controverso editor enfrenta “possível despedimento” na
sequência do “aceso debate” em curso dentro da empresa de media.
“[Yiannopoulos] já fez muitas declarações controversas e esta
foi para lá dos limites. Sei que dentro do Breitbart há pessoas a
dizer que esta é uma boa oportunidade [de o despedir] — há um
debate, há pessoas que querem que ele fique — mas está a ser
muito, muito difícil defendê-lo. Vamos ver o que acontece.”
Desta
vez, até para a extrema-direita Milo Yiannopoulos foi longe demais
Declarações
antigas a defender pedofilia foram recuperadas, levando-o a
demitir-se do Breitbart News onde era editor. Contrato milionário
com editora também cai após cancelamento de participação em
conferência com Trump e Pence.
LILIANA BORGES 21
de Fevereiro de 2017, 17:34
Acabou-se o namoro
da direita norte-americana com a estrela da alt right Milo
Yiannopoulos. Desta vez, o teor das afirmações do polémico
colunista britânico em relação à normalização e aceitação do
abuso de menores custaram-lhe um negócio milionário com uma editora
para a publicação do seu livro, levaram-no a apresentar a demissão
do Breitbart News, onde era editor, e valeram críticas da ala mais
conservadora da política norte-americana, que até agora tinha dado
carta branca às posições discriminatórias do editor do site
Breitbart News sob o pretexto da liberdade de expressão. As
declarações polémicas constam de uma gravação de um vídeo de
live-streaming que circulou durante este fim-de-semana.
Nas imagens gravadas
durante uma emissão do podcast Drunken Peasants, Yiannopoulos
relativiza os crimes de pedofilia e expressa aprovação sobre as
relações sexuais entre rapazes de 13 anos e homens mais velhos, que
considera poderem ser “ experiências tremendamente positivas”.
"Ajuda os rapazes a descobrir quem são e dá-lhes segurança,
uma relação com um amor e um tipo de estabilidade que eles não têm
com os pais”, defende Yiannopoulos. E falando sobre os escândalos
de abuso de menores na Igreja Católica nos Estados Unidos, o
polemista graceja e responde que foi graças a um padre que melhorou
as suas técnicas de sexo oral.
"Pedofilia não
é a atracção sexual em relação a alguém com 13 anos que é
sexualmente maturo. Pedofilia é a atracção por crianças que ainda
não atingiram a puberdade", continua, discutindo "a noção
de consentimento" como "opressiva" e afirmando que “a
idade de consentimento não é uma questão de preto no branco”.
Esta segunda-feira,
a editora Simon & Schuster e a sua marca editorial Threshold
Editions anunciaram que, “depois de uma ponderação cuidadosa”,
decidiu cancelar publicação do livro: Dangerous (Perigoso), uma
obra autobiográfica de Yiannopoulos que tinha data prevista de
chegada às bancas para 13 de Junho, e pela qual autor teria recebido
adiantadamente 250 mil dólares (cerca de 236 mil euros) no final de
2016, escreve o Guardian. Esta terça-feira, uma pesquisa do título
do livro na loja online Amazon conduzia a um endereço não
disponível, deixando por isso de ser possível reservar a compra da
obra.
Antes disso já
tinha sido retirado o convite para participar na Conferência da
Acção Política Conservadora (Conservative Political Action
Conference) que lhe tinha sido feito pelo actual líder da União
Conservadora Norte-Americana, Matt Schlapp. O responsável pela
organização considerou que os esclarecimentos que Yiannopoulos
prestou através do Facebook sobre a sua defesa da pedofilia foram
"insuficientes".
"Devido à
publicação de um vídeo ofensivo nas últimas 24 horas aprovando a
pedofilia, a União Conservadora Norte-Americana decidiu rescindir o
convite", explicou Schlapp, rejeitando a presença de
Yiannopoulos no evento que contará com o Presidente e o
vice-presidente dos EUA, Donald Trump e Mike Pence.
"Continuamos a
pensar que a CPAC é um fórum construtivo para controvérsias e
desacordos entre os conservadores, mas entre nós não há discórdia
sobre os males do abuso sexual de crianças", acrescentou.
Na sua página de
Facebook, Milo Yiannopoulos começa por lembrar aos leitores que é
homossexual e que também foi vítima de abuso sexual quando era
menor, sublinhando o seu “repúdio por adultos que abusam
sexualmente de menores”. Reconhece, no entanto, que o vídeo que
circula desde o fim-de-semana mostra uma mensagem diferente, e
atribuí ao seu “sarcasmo britânico e tom de humor provocatório”,
os mal-entendidos. Acrescenta que as pessoas “lidam de formas
diferentes com o seu passado”.
Reconhece que a
escolha das suas palavras “não foi a melhor”. Ainda assim, esta
publicação segue uma anterior que, no ponto seis, reitera que
“relações entre jovens e homens mais velhos podem ajudar um jovem
gay a encontrar o apoio e entendimento que não encontram em casa".
"Isto é
perfeitamente verdade e todos os gays o sabem. Mas não estava a
falar de nada ilegal nem me referia a rapazes pré-adolescentes”,
escreve. “Já passei por pior. Isto não me vai derrotar”,
assevera.
Esta não é a
primeira vez em tempos recentes que a presença de Milo num evento é
cancelada. No início do mês, a Universidade da Califórnia em
Berkeley cancelou a palestra onde Yiannopoulos iria falar depois de
um protesto de centenas de alunos, que degenerou em episódios de
vandalismo.
Nessa altura, Robert
Reich, professor da universidade e secretário do Trabalho de Bill
Clinton, contava à CNN que tinha estado presente nos protestos e que
acreditava que as acções mais violentas tinham sido executadas por
membros da extrema-direita, exteriores à universidade, que apoiam o
editor do Breitbart News e que queriam espalhar o caos no campus.
Quando soube do
cancelamento da presença de Yiannopoulos, Donald Trump chegou mesmo
a ameaçar cortar o financiamento da universidade, alegando tratar-se
de um atentado à liberdade de expressão.
Quem é o "o
supervilão mais fabuloso da Internet”?
“Devoto”
apoiante de Donald Trump, a quem chama de “papá”, Milo
Yiannopoulos é tudo menos alguém fácil de entender. O escritor
britânico de 33 anos, editor do site Breitbart News, é um nome cada
vez mais conhecido pelas suas polémicas (e confusas) declarações.
Homossexual assumido, judeu filho de pai grego e mãe britânica,
Yiannopoulos assume-se como "ultra-conservador" e
surpreende pelo seu discurso preconceituoso, patriarcal, racista,
sexista, misógino e de ódio.
Apesar de expressar
a sua preferência sexual por homens negros, o “privilégio”
termina na cama e rapidamente encontramos comentários e acções que
celebram a supremacia branca. Foi expulso definitivamente do Twitter
por incentivar ataques a uma actriz afro-americana - Leslie Jones, da
nova versão de Ghostbusters - e criou de uma bolsa de estudo
reservada exclusivamente a homens caucasianos, a Privelege Grant.
Yiannopoulos considera o Black Lives Matter um movimento “extremista”
e é um forte crítico grupos feministas e LGBT. Afirma que “agarrar
as partes privadas de uma mulher não é abuso sexual”, mas sim
“uma forma de as mulheres dizerem que alguém expressou interesse
sexual nelas”, citando exemplos de histórias de abusos sexuais em
universidades e diz que “as mulheres deviam aceitar ser apalpadas e
não fazer queixa, tentando destruir a reputação dos rapazes”.
Na sexta-feira, por
exemplo, no programa da HBO Real Time With Bill Maher, Yiannopoulos
disse que o feminismo era “uma doença” e que as pessoas
transgénero eram “o equivalente a sociopatas”, num discurso
analisado pelo Huffington Post e que rebate as afirmações de
Yiannopoulos com números que provam a sua falsidade.
Autor de textos como
“Pílulas contraceptivas tornam as mulheres feias e loucas” ou
“Preferia que o seu filho tivesse feminismo ou cancro?”, escreveu
ainda um “guia para a alt-right”, uma designação nova para um
movimento velho: a extrema-direita.
Nos seus discursos e
publicações - que ganham voz no Breitbart News (site até há pouco
tempo era liderado pelo actual conselheiro-chefe da Casa Branca,
Stephen Bannon), Yiannopoulos advoga que as mulheres que tomam a
pílula ameaçam a masculinidade dos homens, destroem a instituição
do casamento, causam o divórcio e defende o fim de métodos
contraceptivos para “combater o crescimento da população
muçulmana”. Diz ainda que as mulheres “estão mais deprimidas”
desde que passaram a integrar o mercado de trabalho, “mas não têm
coragem de se suicidar”. Acrescenta ainda que “a luta pela
igualdade de géneros é absurda” e “não, as mulheres não podem
ter tudo”, sendo que o “tudo” são os mesmos direitos que os
homens.
“No Ocidente, as
mulheres começam a aparecer em posições de domínio nos media,
artes, na área académica, na política, é só escolher”,
critica. O resultado? “Os melhores astrofísicos, matemáticos,
filósofos, compositores e jogadores de xadrez irão desaparecer”,
uma vez que, acrescenta, “os homens são igualmente felizes a jogar
um videojogo ou a resolver enigmas do Universo e vão optar pelo
entretenimento se não estiverem interessados em impressionar uma
mulher”, acredita.
Milo
Yiannopoulos’s enablers deserve contempt – and must be confronted
Owen Jones
Tuesday 21 February
2017 12.45 GMT
The
poster boy of the alt-right has lost his book deal after speaking in
defence of suggested sexual relationships between older men and
younger boys, but his lucrative bigotry was left unchecked for far
too long
They were fine with
his bigotry, his in-your-face, two-fingers-up transphobia,
Islamophobia and misogyny. It took his defence of relationships
between “older men” and “younger boys” for their queasiness
to set in. The case of Milo Yiannopoulos is indeed a parable of our
time. But who do I mean by “they”? In this case, both his
associates and his enablers. His associates are the ascendant racist
and neo-fascist movements of our time. He was a means to repackage
their hatred for a certain demographic: as edgy, trendy, cool.
Performative fascism, if you like. That’s why they call themselves
the “alt-right”, after all: allowing them to cloak themselves not
as a renaissance of fascist movements that have produced only human
carnage in their previous incarnations, but as a sexy in-group and
subculture that all the new cool kids are part of.
You expect that from
the associates – the racists and the fascists who have been
defeated in the past but only at the cost of tens of millions of
lives. But what of his enablers? While his associates deserve only
crushing defeat, his enablers deserve only contempt. It doesn’t
matter whether they agree with his bigotry, because they almost
certainly do not. But they are fine with it – more than fine, in
fact, because it is lucrative. The media outlets and, until its
belated cancellation of Yiannopoulos’s lucrative book deal, the
publisher Simon & Schuster, saw his hateful pronunciations as a
commercial opportunity. There was money to be made. Never mind that
they were providing him with a platform to menace and incite hatred
against already besieged minorities. He was “controversial”, they
would say with a glint in their eye. “Provocative”, even. And
then the very media outlets that facilitated his rise would provide a
platform for chin-strokers to sagely ask: “Why is this phenomenon
on the rise and who is to blame?”
Yet now that there
is video evidence that he is an apologist for relationships between
older men and younger boys, some of his associates (but not all) and
his enablers are electing to distance themselves. His past
statements, on the other hand, were apparently entirely permissible.
From public platforms he denounced trans people as “gay men
dressing up for attention”, for being “mutilated trannies”,
inciting his audience with statements such as: “Never feel bad for
mocking a transgender person.” At the University of Wisconsin,
Milwaukee, he projected the photograph and name of a trans student
for the purposes of ridicule. “Do you know what it’s like to be
in a room full of people who are laughing at you as if you’re some
sort of perverted freak?” the student would later ask. “Do you
know what this kind of terror is? No, you don’t.” Yiannopoulos
was inciting hatred against a group who, in large part because of the
bigotry against them, suffer from extraordinarily high levels of
mental distress, of suicide, and who are murdered for who they are.
Here is a man who
encouraged hatred against Muslims as they suffer the sort of
widespread and publicly acceptable bigotry Jews suffered in the last
century. “Look what’s happening in Sweden,” he said. “Look
what’s happening anywhere in Germany, anywhere there are large
influxes of a Muslim population. Things don’t end well for women
and gays.” Never mind that Sweden’s crime rate has been static
for many years, or that Malmö – the cause celebre of the racist
right – has a slightly lower crime rate than it did a decade ago.
This is about inciting hatred and nothing else.
Feminism is a
“cancer”, he proclaims as he writes articles for Breitbart
entitled “Does feminism make women ugly?” It was his online
harassment of Leslie Jones, a black actor, that finally had him
banned from Twitter. But you don’t need Twitter to be a troll.
Yiannopoulos became ever more lucrative. When he was offered a slot
on US talk show Real Time with Bill Maher, the US journalist Jeremy
Scahill withdrew. “Milo Yiannopoulos is many bridges too far,” he
wrote. “There is no value in ‘debating’ him. Appearing on Real
Time will provide Yiannopoulos with a large, important platform to
openly advocate his racist, anti-immigrant campaign. It will be
exploited by Yiannopoulos in an attempt to legitimise his hateful
agenda.” In doing so he showed integrity that the enablers of
Yiannopoulos never had.
For years, feminists
and trans commentators and activists and others targeted by his bile
spoke out, but they weren’t listened to. But they were right. Both
his associates and enablers have no excuses. They should be held
responsible and accountable. Whether Yiannopoulos disappears or not –
I suspect not – there will be others who make bigotry sexy in
exchange for commercial success. But there is nothing sexy about
racism and fascism. It is a menace to be defeated – and that means
confronting not just its sympathisers, but its enablers too.
Milo
Yiannopoulos peddles hate. It’s not censorship to refuse to publish
it
Sam Sedgman
Monday 9 January
2017 13.10 GMT
Defenders
of free speech are misguided in championing his cause. Reasoned
debate will never arise from his utterances – and others will be
scared into silence
A coalition of free
speech organisations rallied together last week to defend Simon &
Schuster’s choice to publish professional irritant Milo
Yiannopoulos’s autobiography, Dangerous, saying that boycotting the
book, as so many people have called for, would have “a chilling
effect” on free speech.
I’m sure that
having his book (which hit the No 1 spot on Amazon’s pre-sale
charts the day after it was announced) pulled from shelves or dropped
from S&S would catapult it to even greater success at another
publisher, but never mind. It’s clear that this coalition of
organisations are standing up for what they believe in, and feel it
is important to defend Yiannopoulos’ well-rehearsed right to speak
his mind.
Defending free
speech often means finding yourself in the difficult position of
having to defend people who say disgusting things. People who make
jokes about rape; Holocaust deniers; straight-up racists. Though we
might not like what these people say, it’s important that they’re
allowed to say it. You can’t go around censoring people just
because you don’t agree with them. If we can’t all express what
we think, then we can’t talk to each other about our ideas. We
can’t have a discussion; we can’t improve; we can’t function as
a society.
And yet. Like the
tax lawyer I met at a party who insisted several times that there was
“nothing illegal at all” about what she did for a living, I can’t
help but feel that Yiannopoulos and his ilk are protesting too much
when they say something Islamophobic or misogynistic and insist that
they are protected by “free speech”. And I’m uncertain that
these organisations standing up to protect Yiannopoulous are doing
the right thing – especially when what he says, and the people he
says it for, are doing so much to poison reasoned discussion.
For a start, Simon &
Schuster being criticised for publishing the book is hardly
censorship. Anyone can write and publish a book without the help of a
major publishing house these days – and can be very successful at
it too. The man works for a news site, makes numerous media
appearances, writes a regular column, and frankly if you think that
the world lacks for his opinions in any way at the moment then
please, please tell me which parallel universe you are living in so I
can move there.
Free speech has
limits. You aren’t allowed to shout “fire” in a crowded theatre
because someone’s probably going to get hurt. Your right to say
what you like is trumped by your responsibility to stop me being
trampled to death by a stampede of panicked theatre-goers. Death
threats; rape threats; bomb threats; online abuse that drives someone
to suicide – these are all things that free speech doesn’t cover
– and which aren’t appropriate to defend in its name. Doing so
makes it even harder for people to speak freely – not least because
that idea of “speaking freely” becomes co-opted by people who
mistake it for “I should be able to shout ‘free speech’ at you
until you stop talking”.
Self-proclaimed
super-villain Yiannopoulos has made a living from saying and doing
hateful things, and has successfully embroiled himself in numerous
headline-grabbing controversies. Whether it’s saying that “gay
rights have made us dumber”, calling transgender people “mentally
ill”, calling rape culture “a fantasy”, or being banned by
Twitter for allegedly encouraging trolls to attack Ghostbusters actor
Leslie Jones with a tirade of racist and sexist abuse, you can
usually find him saying something pathologically awful.
So when a major
publishing house pays $250,000 to print the work of an alt-right
figurehead like him, it gives credence to these ideas, and makes them
part of the mainstream. It endorses them. It empowers everyone who
agrees with them to act on their worst impulses, and spread hate
speech.
Hate speech is not
compatible with reasoned debate. You can’t talk to it. When you
try, it talks over you and ignores you and calls you a fat ugly whore
and publishes your address online. If you’re not scared out of
engaging with it for fear of reprisal, chances are you’ll die of
exhaustion. How many times do you have to explain to people that
“racism is bad” or “women are not worse than men” before you
give up because it’s not worth the bother? These are not
discussions worth having. They shouldn’t even be discussions.
With the ascendancy
of Donald Trump and the rise of the alt-right we have seen a
dangerous normalisation of ideas that we would once have rejected as
too outrageous to endorse with our attention. We now publish endless
think-pieces on them, have panel discussions about them, and
publishing houses pay a quarter of a million dollars for someone to
write a book about them.
For free speech
organisations to stand up and defend Yiannopoulos is a dangerous
miscalculation. It further supports the narrative that he’s a
radical visionary being oppressed by the system, rather than an
opinion-spamming hack who brings out the worst in people. In their
statement, the coalition write that “only vigorous disagreement can
counter toxic speech effectively”. But if you’ve been on the
internet lately, you’ll know that we’re not short of vigorous
disagreement, and that there’s more toxic speech than ever.
Free speech is
vital. Of course it is. But is defending it like this really helping?
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