Imagens do
Dia / OVOODOCORVO
O
"lobby" da cerveja que já domina, em muitas ocasiões, as ruas de
Lisboa, e permanentemente a "noite", através das suas
responsabilidades no 'botellon', ficou nervoso com a associação à polémica das
cartolas, gigantescos recipientes de plástico. Múltiplo desastre de Relações
Públicas para a Super Bock, para a CML e para a Egeac.
Se "o
objetivo da marca era apenas o de ter material de visibilidade nas noites do
evento." conseguiram-no ... mas da forma mais negativa possível e
confirmadora do seu papel de poluídor sem rival.
E a CML ?
Depois dos “tsunamis” de lixo e toneladas de copos de plástico nas ruas de
Lisboa associados ao barulho no frenesim orgiástico da “noite”, vem agora ‘pedagógicamente’
oferecer mais gigantescos ‘copos’ de plástico na forma de cartolas ?
OVOODOCORVO
Réveillon: Super Bock demarca-se das
cartolas de Medina
Após
notícias que trouxeram a público o nome da Super Bock para justificar gastos
com cartolas, a marca de cervejas afirma que o seu envolvimento está ‘limitado
ao papel de patrocinador’.
CARLOS DIOGO
SANTOS
30/12/2017
11:31
A
distribuição de cartolas na noite de passagem de ano no Terreiro do Paço não
terá sido uma escolha da Super Bock, nem sequer uma contrapartida obrigatória
para a atribuição do financiamento à Empresa Municipal de Gestão de
Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa (EGEAC). Algumas fontes ligadas ao
processo que preferiram não ser identificadas explicaram ao SOL que o objetivo
da marca era apenas o de ter material de visibilidade nas noites do evento.
Após o
jornal i ter revelado na última semana que a autarquia ia pagar 57 mil euros
por cartolas para a noite de passagem de ano, a empresa municipal justificou
que tal iniciativa se tratava de uma condição para que houvesse um
financiamento de 200 mil euros da Super Bock.
Empresário que forneceu cartolas à
EGEAC nega favorecimento partidário
Pedro Calhordas foi deputado
municipal de Estremoz pelo PS, entre 2005 e 2011, ano em que diz ter
renunciado. E acrescenta que o contacto para trabalhar com a EGEAC partiu desta
empresa municipal de Lisboa. O CDS insiste que a câmara deve dar mais
explicações.
LILIANA BORGES 28 de Dezembro de 2017, 15:17
O negócio entre a EGEAC (Empresa Municipal de Gestão de
Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa) e a empresa Whitespace, a quem foi
entregue por ajsute directo o fornecimento de 30 mil cartolas para a noite da
passagem de ano programada para a Praça do Comércio, em Lisboa, está a ser
criticado e questionado devido ao facto de o empresário e designer Pedro
Calhordas, a quem a encomenda foi adjudicada, ser membro do PS e um antigo
autarca de Estremoz. Ao PÚBLICO, o dono da Whitespace garante estar definitivamente
“afastado da vida política desde 2011”, ano em que renunciou ao cargo de
deputado municipal naquele município alentejano do distrito de Évora, e
defende-se de suspeitas de ter havido favorecimento partidário.
O contrato ajudicado por ajuste directo, no valor de 57 mil
euros, será pago por verbas provenientes de um patrocínio de 200 mil euros da
marca de cerveja Super Bock, explicou ao PÚBLICO fonte do gabinete de
comunicação da EGEAC, na quarta-feira. Menos de 24 horas depois, em conversa
telefónica, Pedro Calhordas conta ao PÚBLICO que o contacto para este contrato
de ajuste directo partiu da EGEAC, “por recomendação de alguém que conhecia o
trabalho” dele. O dono da empresa comentou também as críticas que têm sido
feitas ao negócio.
Calhordas diz que vive em Lisboa desde 2002, para onde se
mudou em busca de mais oportunidades profissionais e admite que esta “foi a
primeira vez" que foi contactado pela EGEAC. "Ligaram-me,
apresentaram-me o trabalho e pediram-me um orçamento. Fiz os meus contactos
junto dos meus fornecedores, para saber se o projecto era realizável num prazo
apertado e apresentei o orçamento que é conhecido. Aceitaram e o resto é
completamente público”, descreve, afirmando-se confuso com as dimensões que a
polémica ganhou.
Por se tratar de um negócio com entidades públicas, os
documentos estão no portal de contratação pública, disponibilizados a 7 de
Dezembro e consultado pelo PÚBLICO. Nele se lê que o pagamento das 30 mil
“cartolas plásticas brilhantes” (15 mil exemplares de cor vermelha e 15 mil
exemplares de cor preta) inclui “todos os transportes, meios e recursos
necessários à prestação de serviços”.
Uma pesquisa pela empresa Whitespace, cujo início de
actividade foi registada em 2014, devolve como resultado um site “ainda em
construção”. O que, de acordo com Pedro Calhordas, se deve ao facto de prestar
serviços a agências de comunicação contratadas por outras empresas.
“Se eu colocasse os meus trabalhos no site, as marcas
perceberiam que o trabalho que encomendaram às agências de comunicação foi
executado por mim”, justifica. Então por que criou o site? “Por uma questão
prática”, responde. “Precisava de um domínio de email e criei o site, para ter
um endereço de alojamento.”
Esta não é a primeira vez que os serviços de Pedro Calhordas
são questionados devido à sua ligação socialista. Em 2010, Pedro Calhordas foi
confrontado por ter prestado serviços à autarquia de Estremoz, também na área
do design e produção gráfica, na mesma altura em que era deputado municipal
pelo PS naquele concelho. A questão foi colocada durante o mandato de Luís
Filipe Pereira Mourinha – actual autarca naquela autarquia, eleito como
independente mas que já tinha sido presidente da câmara eleito pelo PCP.
“Eu não sou ninguém aqui”
“A minha colaboração com a Câmara Municipal de Estremoz
começou em 1999”, recorda Pedro Calhandras. “Nessa altura houve um concurso
para o logótipo da Câmara Municipal de Estremoz, ao qual as pessoas concorriam
com um pseudónimo. E eu ganhei. A partir daí começaram a pedir-me cartazes”,
descreve, sublinhando que à data era um eleito pelo PCP quem estava na
liderança do executivo. “E essa colaboração manteve-se durante os dez anos
seguintes, independentemente da cor política que estava no poder”, completa.
O convite para ser deputado municipal do PS em Estremoz
chegou através de um antigo professor da escola secundária. “Perguntou-me se
queria fazer parte da lista municipal e eu aceitei”. Estávamos em 2005. “Já
trabalhava para a autarquia há seis anos quando fui eleito deputado municipal”,
afirma. À data, considerou que as críticas foram uma “arma de arremesso contra
o Partido Socialista” e, do que sabe, o caso foi arquivado, segundo diz.
Apesar de ainda ser militante do PS – “embora não pague
quotas desde 2013" –, garante que se afastou da vida política em 2011, ano
em que diz ter renunciado ao lugar de deputado municipal. "Foi numa altura
em que começou a ser mais complicado deslocar-me semanalmente a Estremoz, onde
ainda tenho família e aonde ia todos os fins-de-semana e em datas de reunião de
assembleia", contextualiza. A filha nasceria em Maio do ano seguinte.
“Eu sou ninguém aqui”, defende-se o dono da Whitespace e
considera que se trata de "mais uma luta politica”. “Fui deputado
municipal de uma câmara do interior. Nunca mais tive qualquer ligação à
política. Desde 2009 que não fazia nenhum trabalho para autarquias”, garante.
“Se não fiz nada para outros partidos é por uma razão muito simples: porque não
me pediram. Eu também sou benfiquista e se o Sporting me pedir alguma coisa, eu
faço”, exemplifica. “Funciona da mesma forma em termos partidários”, conclui.
CDS exige acesso a caderno de encargos
Entretanto, para João Gonçalves Pereira, deputado do CDS-PP,
o que está em causa é "uma questão de transparência" e fala em
"infantilidade" de Fernando Medina, autarca lisboeta. Em declarações
ao PÚBLICO nesta quinta-feira, o deputado do CDS considerou que existem três
perguntas fundamentais a que a Câmara Municipal de Lisboa deve responder.
"Em primeiro lugar, a Câmara deve esclarecer o porquê
da escolha das cartolas", considera Gonçalves Pereira. "Quando uma
empresa dá um patrocínio cabe a quem o recebe decidir o que vai fazer com ele.
Se isso foi uma imposição da Super Bock, por que razão não foi a marca a tratar
da distribuição das cartolas directamente?", questiona.
Por outro lado, o deputado da oposição sublinha que é
importante deixar claro "por que razão foi atribuída através de um
contrato de ajuste directo e não através de um concurso público" e, por
fim, "qual a razão da escolha da empresa - que não é mais do que um
intermediário, sendo que é uma empresa de comunicação, que não produz este tipo
de produtos", insiste.
João Gonçalves Pereira considera que a Câmara de Lisboa tem
fugido às perguntas e defende que a autarquia deve, em nome da transparência,
apresentar o caderno de encargos e tornar público o acordo com a marca
patrocinadora, a Super Bock.
Texto actualizado às 18h05 com declarações de João Gonçalves
Pereira
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