segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

João Galamba ataca jornais que o citaram sobre a Raríssimas / O momento da verdade para Vieira da Silva /Relação de Vieira da Silva com a Raríssimas é nesta segunda-feira escrutinada no Parlamento/ VIDEO: O caso Raríssimas e os alertas do Banco de Portugal sobre o mercado imob...



OVOODOCORVO:
João Galamba tem se exprimido contínuamente no caso Raríssimas criticando a denúncia do Tesoureiro …
Ora bem, no que respeita Galamba , “recordar é viver”:
Galamba enviou sms a avisar Sócrates da Operação Marquês
“João Galamba foi avisado por alguém próximo do Governo de Passos Coelho de que havia uma investigação contra Sócrates. ‘Fala com o JS (...) vai ser feito qualquer coisa contra ele muito rapidamente. Se souber algo mais aviso’, foi o sms que Galamba recebeu e reencaminhou a Sócrates.
Fonte próxima do Governo de Pedro Passos Coelho tentou avisar José Sócrates de que estava em curso uma investigação que o visava. O deputado socialista João Galamba foi o elo usado para transmitir a informação.
Em outubro de 2014, um mês antes de Sócrates ser detido no aeroporto de Lisboa, Galamba entrou em contacto com ele.
Diz-lhe ter recebido um sms de uma pessoa próxima do Governo, que lhe pediu para avisar Sócrates de que a Justiça o tinha na mira. E de seguida reencaminhou-lhe a mensagem: «Fala com o JS. Há sururus de que vai ser feito qualquer coisa contra ele muito rapidamente. Se souber algo mais aviso». (…)
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GALAMBA AMIGO DE SÓCRATES RECEBEU DO GOVERNO DELE 34 MIL EUROS DE AJUSTES DIRECTOS
Deputado que liderou o blogue, de apoio a José Sócrates, recebeu do Governo verbas pagas através de contratos de serviços por ajuste directo. João Galamba, que em tempo de campanha eleitoral liderou grande parte da informação para os blogues de apoio a Sócrates, recebeu mais de 34 mil euros em dois contratos do Governo, por ajuste directo, entre Março e Agosto de 2009.
As verbas destinavam-se a serviços da Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados (UMCCI), entidade onde Galamba foi consultor externo até à data das eleições de 27 de Setembro. Um dos contratos, no valor de 20 814 euros, foi celebrado em 16 de Junho de 2009 e adjudicado a João Galamba pela Administração Central do Sistema de Saúde.
O objecto do contrato refere apenas o item de 'Serviços para a área financeira para a UMCCI'. Não especifica que tipo de serviços, mas tem fixado um prazo de execução de 180 dias. O contrato foi publicado em Agosto de 2009. Não se conhece o alvo nem os resultados destes serviços. O certo é que, durante o Verão, o consultor financeiro da UMCCI não terá estado muito ocupado com a gestão da Unidade.(…)


João Galamba ataca jornais que o citaram sobre a Raríssimas
Porta-voz do PS explicou-se no Facebook, acusando o Observador e o Jornal Económico, que reproduziram as suas declarações ao Canal Q sobre o papel dos tesoureiros, de não serem sérios.

Autores
Edgar Caetano
Ana Pimentel

 O deputado e porta-voz do PS colocou este domingo um post no Facebook em que fala sobre a “onda de indignação” que se seguiu às suas declarações no Canal Q, sobre os tesoureiros da Raríssimas, e acusa o Observador e o Jornal Económico de não serem “sérios” e de terem reportado as suas declarações de uma forma que seria “cómica” se não fosse “triste”.

A discussão não era sobre as culpas da presidente da Raríssimas, que todos assumimos como provadas e evidentes, mas sim quem tinha a responsabilidade de as identificar e controlar. Era essa a discussão, não outra. E eu limitei-me a dizer que o Tesoureiro, que lá esteve de 2010 a 2016 e era membro da direção, não reportou nada, não fez constar nada das contas, não alertou o conselho fiscal e não alertou a assembleia geral. E a responsabilidade da contas é, em grande medida, do tesoureiro, que, sendo da direção, as prepara e, juntamente com a presidente, as assina. Quando digo “há aqui uma falha e é do denunciador” estou a falar da falha em controlar a gestão da presidente, não a dizer que o tesoureiro é que é o culpado de tudo, muito menos a desresponsabilizar a presidente da Raríssimas. As notícias do [Jornal] Económico e do Observador não são sérias porque põem aquela frase “há aqui uma falha e é do denunciador” sem referir o contexto e a discussão onde ela foi proferida.

Na sexta-feira, o Observador escreveu um artigo com base nas declarações de João Galamba no programa “Sem Moderação”, transmitido pelo Canal Q e pela TSF. No espaço de opinião que partilha com Daniel Oliveira, José Eduardo Martins e Francisco Mendes da Silva, Galamba afirmou que “há uma falha aqui, que é dos denunciadores à TVI”.

João Galamba defende que as notícias se baseiam em “declarações minhas [de Galamba] que não respondem à realidade”. O deputado do PS não terá lido bem o artigo do Observador. Na notícia original, escrita na manhã de sexta-feira, escrevia-se expressamente que “o deputado do PS apontou falhas à gestão de Paula Brito e Costa” e que o porta-voz do PS também criticou a presidente da associação, como muitas outras figuras têm feito.

Mas não se ignorava na notícia as acusações do porta-voz do PS aos tesoureiros que, depois de denunciarem a situação ao ministério de Vieira da Silva, contaram a história à TVI. Até porque essas acusações se prolongaram por mais de dois minutos.

Há uma falha aqui, que é dos denunciadores à TVI. Tendo essa informação, deveria ter sido o de sinalizar nas contas da instituição e os órgãos internos da Raríssimas, sim é que têm o dever de fiscalização do normal funcionamento do dia a dia da instituição.”

Aliás, a dada altura João Galamba vai mais longe: “Eu acho que o comportamento do tesoureiro que forneceu essa informação à TVI é que tem que ser rapidamente investigado”. Perante esta afirmação do deputado socialista, o seu colega de programa, o social-democrata José Eduardo Martins, afirma: “Isso vai sem comentário, se tu achas isso eu nem comento”. Mais à frente, João Galamba insistiu: “A haver aqui alguma responsabilidade, é em primeiro lugar desse tesoureiro”.


[Reveja no vídeo as declarações de João Galamba a apontar o dedo ao denunciador]

O momento da verdade para Vieira da Silva
Há várias dúvidas, legítimas, no caso Raríssimas, e o ministro deve esclarecê-las cabalmente. Agora. Sem rodeios. Para brincadeiras, já basta.

Nuno Pacheco / EDITORIAL / Público
18 de Dezembro de 2017, 6:30

Uma semana depois de ter dado uma conferência de imprensa defensiva e atabalhoada sobre o caso Raríssimas, vai o ministro Vieira da Silva esta segunda-feira ao Parlamento responder às dúvidas dos deputados. Que coincidem, em grande parte, com as dúvidas dos portugueses e com as questões levantadas em vários órgãos de comunicação social.

Para os que vêem neste caso apenas a oportunidade para nova demissão no governo, tudo se centrará nas eventuais culpas que Vieira da Silva tenha no estado a que se chegou na instituição. Instituição da qual, é bom lembrar, foi vice-presidente da assembleia geral de 2013 até 2015, mesmo até à véspera de tomar posse no ministério. Se isto não faz dele culpado do que quer que seja, obrigava-o pelo menos a ser particularmente vigilante e atento – se o seu envolvimento na Raríssimas se fez por dedicação à nobre causa que tal instituição erigiu como objectivo, então isso não devia sequer levantar-lhe dúvidas. Mas, talvez por congénito defeito, as primeiras pulsões da maioria dos políticos perante um problema delicado é: negar gravidade ao problema; e negar qualquer responsabilidade.

Porém, depois de tudo o que se sabe (e muita coisa com provas públicas), depois das indecorosas negações e posterior demissão do secretário de Estado, o ministro terá de verdadeiramente esclarecer o que lhe é pedido. Que é relativamente simples. Mas isso vai obrigá-lo a deixar de ser comportar como um eventual culpado à procura de desculpas e sim como alguém que, num cargo superior do Estado e em nome do interesse público, tudo deveria procurar fazer para que se ponha a “casa” em ordem, esta e todas as que for preciso, a bem do serviço que prestam, do interesse dos utentes e dos contribuintes.

Porque entre o que ele declarou e os factos, há várias discrepâncias. Por exemplo: Vieira da Silva disse há uma semana que, enquanto ministro não recebeu qualquer indicação de “gestão danosa” na Raríssimas; mas a própria presidente que foi agora posta em causa, Paula Brito e Costa, garante que se reuniu com ele em Julho, relatando-lhe um desvio de fundos que teria sido feito pela então vice-presidente e que ele a aconselhou a entregar o caso (ou seja, a auditoria) ao Ministério Público. Desvio de fundos não é gestão danosa? Questão de semântica? Não devia o ministro ter admitido que sabia de irregularidades em vez de ter dito que não sabia de casos de “gestão danosa”? Há mais dúvidas, legítimas, e o ministro deve esclarecê-las cabalmente. Agora. Sem rodeios. Para brincadeiras, já basta.


Relação de Vieira da Silva com a Raríssimas é nesta segunda-feira escrutinada no Parlamento
Quando soube? Que medidas tomou? Ninguém parece satisfeito com as explicações dadas até agora.

CLARA VIANA 17 de Dezembro de 2017, 21:10

É o momento da verdade para o ministro Vieira da Silva. Pelo menos ele assim o prometeu, garantindo que nesta segunda-feira, a partir das 15h30, dará todas as explicações ao Parlamento sobre o seu comportamento e o do seu ministério no processo da associação Raríssimas.

Vieira da Silva diz-se “absolutamente tranquilo”, mas os deputados da esquerda à direita não deverão poupar nas perguntas sobre o caso já que as três intervenções anteriores do ministro desde que a polémica rebentou a 9 de Dezembro, por via de uma reportagem da TVI, deixaram muitas questões por responder.

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, sintetizou assim este estado de dúvida: é preciso saber se Vieira da Silva recebeu denúncias sobre a associação e se agiu em conformidade com a lei ou se “foi conivente”. CDS e PSD querem saber, por exemplo, que medidas foram tomadas, a propósito da Raríssimas, pelo ministério e em que data ou quantas denúncias e a partir de que datas foram recebidas pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSS).

Também o presidente do grupo parlamentar do PS, Carlos César, fez saber que não está “satisfeito” com os esclarecimentos já prestados por Vieira da Silva. Foi o PS a requerer a audição do governante para este dar “todas as explicações sobre o caso”. É o que também exigem o BE e o PCP. Estes podem vir a ser alguns dos temas quentes da audição do ministro:

As contas da Raríssimas
Enquanto vice-presidente da Assembleia-Geral da Raríssimas entre 2013 e 2015, Vieira da Silva teve acesso às contas apresentadas já que estas têm obrigatoriamente de ser aprovadas por aquele órgão. Se as examinou ou não é coisa que ainda se desconhece. O PÚBLICO perguntou ao ministro em quantas reuniões destas participou (ter-se-ão realizado seis durante o seu mandato), mas este não respondeu. Sabe-se apenas que na véspera de tomar posse como ministro, participou a 25 de Novembro de 2015 numa assembleia-geral da Raríssimas que aprovou a previsão de contas para 2016.

A presença de Vieira da Silva neste encontro está assinalada na acta da reunião que se encontra publicada no site da associação. Depois de a sua presença ter sido tornado pública, Vieira da Silva indicou aos jornalistas o seguinte: “As contas da Raríssimas eram aprovadas na assembleia-geral e, desse ponto de vista, tinha conhecimento [das contas] mas nunca tive conhecimento, nunca foi identificado, nem apresentado por ninguém nessas assembleias-gerais qualquer dúvida sobre essas mesmas contas.” Contas essas que, enquanto ministro, mandou auditar, depois de a TVI ter revelado que Paula Brito e Costa auferia um vencimento de três mil euros ao qual acresciam 1300 euros em ajudas de custo e ainda 1500 em deslocações, para além de, alegadamente, ter utilizado dinheiro da instituição em despesas pessoais.

Relação com Brito e Costa
Na comunicação social tem sido veiculado que Vieira da Silva e Paula Brito e Costa têm uma relação de amizade. O ministro não se pronunciou sobre esta ligação. No último programa Sexta às 9, da RTP, a jornalista Sandra Felgueiras indicou que esta lhe disse que, em 2007, quando a associação recebeu o primeiro subsídio para a construção da Casa dos Marcos, o ministro Vieira da Silva a chamou às 8h00 da manhã para lhe dar conta de que iriam receber meio milhão de euros.

Numa nota enviada à RTP, o ministro afirmou que não concedeu nenhum subsídio de meio milhão de euros à associação e que o financiamento em causa, no valor de 427.700 euros, foi atribuído no âmbito do programa PARES, que se destina a Instituições Particulares de Solidariedade Social que apresentem projectos para criar mais lugares em respostas sociais. Nos últimos cinco anos, a associação recebeu mais de 2,7 milhões de euros só do MTSS.

Denúncias, datas e acções
As revelações da TVI tiveram sobretudo origem no ex-tesoureiro da Raríssimas, Jorge Nunes, que adiantou que antes (a 12 de Outubro) também enviara uma carta a Vieira da Silva e várias denúncias ao Instituto de Segurança Social (9 de Agosto, 15 e 21 de Setembro). Na conferência de imprensa realizada a 11 de Dezembro, motivada pela reportagem da TVI, Vieira da Silva afirmou que nunca lhe foi entregue a si, ao gabinete da secretária de Estado ou ao Instituto de Segurança Social denúncias de “gestão danosa” na Raríssimas, mas anunciou que já tinha ordenado uma inspecção urgente à associação.

No mesmo dia, a Procuradoria-Geral da República revelou que estava a correr desde Novembro uma investigação à instituição na sequência de uma denúncia anónima e logo depois, a 12 de Dezembro, o gabinete do ministro indicou ao Observador que “no dia 16 de Outubro em carta datada de 12 de Outubro, dera entrada no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social um ofício que relatava algumas denúncias, já anteriormente feitas ao Instituto da Segurança Social, todas relativas à existência de irregularidades”. Mas não de gestão danosa.

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