Obras
da nova Feira Popular de Lisboa começam “até ao final do ano”
INÊS BOAVENTURA
19/04/2016 - PÚBLICO
O
anúncio foi feito pelo presidente da câmara, que informou também
que a requalificação do Eixo Central começa “esta semana”,
implicando uma perda de lugares de estacionamento inferior ao que se
previa.
As obras de
construção do Parque Urbano da Pontinha, no interior do qual vai
nascer a nova Feira Popular de Lisboa, vão ter início “até ao
final do ano”. A informação foi transmitida pelo presidente da
câmara, que anunciou também que a requalificação do chamado Eixo
Central começa “esta semana”, deixando a garantia de que os
lugares de estacionamento perdidos não serão tantos como se previa
inicialmente.
Fernando Medina
falava na Assembleia Municipal de Lisboa, a pretexto da apresentação
da informação escrita da sua actividade no período entre 1 de
Fevereiro e 31 de Março. E como não há duas sem três, o autarca
socialista aproveitou para transmitir uma outra novidade: a de que a
autarquia vai assumir a gestão do edifício da Manutenção Militar,
em Marvila, com o objectivo de “criar uma polaridade de
desenvolvimento da zona”.
Segundo Fernando
Medina foi já concluído o processo negocial, “com o Exército e
com o Tesouro”, com vista à passagem para a câmara, por um
período de 50 anos, desse edifício na zona oriental de Lisboa. A
ideia do autarca é transformar o imóvel, que está “em excelentes
condições de manutenção”, num “elemento de atracção”, com
valências como residências artísticas e espaços para a instalação
de empresas.
Quanto à nova Feira
Popular de Lisboa, que se soube em Novembro de 2015 que seria
instalada na freguesia de Carnide, Fernando Medina garantiu que “até
ao final do ano” vão ter início os trabalhos “na envolvente da
feira” e também no “parque urbano em que se vai inserir a
feira”.
O presidente da
câmara fez ainda saber que vai ser construído, numa “área
adjacente à estação de metro” da Pontinha, um parque de
estacionamento para 1500 viaturas, “com possibilidade de expansão”.
De acordo com Fernando Medina, o seu objectivo é duplo: servir a
feira popular e funcionar como parque dissuasor, no qual os
automobilistas poderão deixar os seus carros para depois seguirem
para o centro de Lisboa em transportes públicos.
Quanto ao chamado
Eixo Central, o autarca informou que as obras de requalificação do
espaço público entre o Marquês de Pombal e a Avenida Elias Garcia
vão começar “esta semana”. Esta será, sustentou, “uma
transformação com benefícios muito significativos para todos
aqueles que vivem, que trabalham e que visitam aquela zona”.
Na sua intervenção,
Fernando Medina assegurou que o projecto que vai ser concretizado, e
que contempla várias alterações relativamente ao que foi
apresentado numa sessão pública há apenas uma semana, “dá
resposta àquela que era a principal preocupação que muitos
colocaram: a questão do estacionamento”.
Segundo as contas da
própria câmara, a versão inicial do projecto implicava o
desaparecimento de 300 dos 619 lugares existentes à superfície. O
que Fernando Medina diz agora é que no troço entre o Saldanha e a
Avenida Elias Garcia não só não se vão perder 156 lugares como se
vão afinal ganhar sete. E como? Introduzindo uma ciclovia
bidireccional (no lado da Pastelaria Versailles, em vez das duas que
estavam pensadas) e apostando no estacionamento em espinha no lado
oposto da Avenida da República.
Quanto às 165
avenças em parques de estacionamento subterrâneos da zona, que vão
custar aos moradores 25 euros por mês, o autarca frisou que esse
valor é “um quarto a um sexto” mais baixo do que aquele que se
pratica hoje e defendeu que se trata de uma solução que oferece
mais “conforto, segurança e protecção” do que deixar o carro
parado na via pública.
O vereador do CDS na
Câmara de Lisboa reage dizendo que “a câmara está a tentar
mandar areia para os olhos das pessoas”. “Não confio nas contas
apresentadas pelo doutor Fernando Medina”, acrescenta em
declarações ao PÚBLICO João Gonçalves Pereira, que desde o
início deste processo diz que são 600 e não 300 os lugares na via
pública que vão desaparecer.
Quanto ao
estacionamento em espinha e à ciclovia bidireccional, o vereador
lembra que tinha apresentado publicamente essas propostas há vários
meses e que elas eram também defendidas por muitos residentes da
zona. “As correcções são positivas, mas por que é que estas
propostas foram aceites? Não foi por vontade da câmara, mas sim por
pressão dos moradores e do CDS”, afirma.
O autarca centrista
destaca ainda que na intervenção de Fernando Medina sobre o Eixo
Central não houve uma só palavra para os automobilistas. “Este
projecto protege a mobilidade pedonal e os ciclistas mas prejudica
gravemente a mobilidade automóvel”, diz João Gonçalves Pereira,
alertando que ele vai tornar a vida de quem anda de carro na cidade
“num verdadeiro inferno”.
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