sábado, 16 de abril de 2016

BE-Lisboa apoia alternativa a Medina para a câmara


BE-Lisboa apoia alternativa a Medina para a câmara
Moção da concelhia de Lisboa do BE critica governação do PS na capital e defende “alternativa” com independentes

Maria João Lopes / 16 abr 2016 / PÚBLICO

Até à Convenção em Junho, o Bloco de Esquerda não deverá anunciar decisões sobre autárquicas, o único documento sobre o tema que já é público é a moção da lista vencedora à concelhia de Lisboa. E nele o BE é crítico do mandato socialista e quer concorrer à autarquia da capital com uma candidatura que junte bloquistas e independentes.
Em entrevista à SIC Notícias, o autarca Fernando Medina, que sucedeu ao primeiro-ministro na liderança da autarquia, não afastou a recandidatura e defendeu o diálogo dos partidos de esquerda para uma eventual candidatura conjunta. Mas na moção da lista que ganhou a Coordenadora Concelhia de Lisboa do BE, encabeçada por Ricardo Robles, defende-se que o partido deve apresentar “uma alternativa à política actualmente prosseguida pelo PS, através de listas agregadoras das vozes activas da cidade, do mundo autárquico ao movimento social, pelo direito à cidade.” Uma das propostas é a “construção aberta e participada do programa eleitoral para as autárquicas de 2017”.
A coordenadora da distrital, Mariana Mortágua, mostra-se, porém, cautelosa: “A política autárquica do BE será definida na Convenção. É muito cedo para falar de autárquicas. Isso será decidido na Convenção e na Mesa Nacional. Essa reflexão não aconteceu dentro do próprio partido, acontecerá na e após a Convenção. Não estamos focados nas autárquicas.”
Já na moção lê-se que “a governação do PS em Lisboa tem-se pautado por decisões polémicas”, quanto à “privatização” do espaço público, ao ordenamento do território, à gestão urbanística, às políticas culturais, ambientais, sociais, em particular de habitação. O BE de Lisboa quer combater “a política de alienação e dos grandes interesses imobiliários”, diz ser “urgente quebrar o ciclo de desertificação da cidade, que é entregue à pressão do lucro rápido do turismo” e quer “propor uma nova política de habitação municipal e habitação social”: “A luta pela habitação em Lisboa será uma das prioridades neste mandato”, lê-se.
Os bloquistas da capital consideram que “a gestão urbanística é feita ao sabor dos investidores”, expulsando “da cidade a população idosa e jovem com menos recursos, beneficiando os mais ricos e uma actividade turística sem planeamento”. As críticas continuam: “Os negócios milionários que se têm efectuado em Lisboa reflectem uma política de urbanismo inimiga das populações e os bairros mais desfavorecidos são esquecidos. Estes constituem sintomas preocupantes das escolhas políticas da Câmara Municipal de Lisboa (CMC), perpetuando e agravando o processo de gentrificação, esvaziando a cidade de espaços próprios e de pessoas, contribuindo também para o fim do comércio local.”


Escrevem ainda que a “política de habitação em Lisboa tem-se revelado desastrosa”. Apontam falhas nas respostas para trazer novamente população para o centro da cidade e para “resolver o grave défice de habitação social”. Entre outras críticas, entendem que “os programas lançados” pela autarquia de Lisboa “são totalmente insuficientes”. E alertam para “a vergonha da precariedade” que “também está dentro da CMC”: “O próprio município e freguesias recorrem a contratação precária.” Garantem que “um município com precariedade zero é possível” e esse é o objectivo da concelhia de Lisboa do BE. Notam ainda que, “em Lisboa, o crescimento da pobreza nos últimos anos é um sinal alarmante ao qual o município não soube responder com a intensidade” necessária e que “uma cidade que não responde aos que mais precisam falha” no “mais importante”.

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