Metade
da Grande Barreira de Coral está “morta ou a morrer”
COLIN
PACKHAM/REUTERS 20/04/2016 - PÚBLICO
Fenómeno
de branqueamento dos corais está a matá-los devido às alterações
climáticas.
Cientistas
australianos revelaram esta quarta-feira que apenas 7% da Grande
Barreira de Coral, que todos os anos gera 3900 milhões de dólares
(cerca de 3450 milhões de euros) em turismo, não foi afectada pelo
branqueamento em massa que está a destruir metade dos corais. O
branqueamento dos corais ocorre quando a água está quente de mais:
devido a esse aquecimento, as algas que vivem em simbiose com os
corais, e lhes dão os tons coloridos, começam a produzir
substâncias tóxicas e os corais acabam por as expulsar, o que pode
levá-los à morte, além de os deixar esbranquiçados.
Corais que tenham
sido afectados por um branqueamento moderado ainda conseguem
recuperar se a temperatura baixar, caso contrário morrem. Embora o
impacto tenha sido amplificado por uma das manifestações do El Niño
mais fortes em quase 20 anos, os cientistas acreditam que as
alterações climáticas são a causa principal. “Nunca vimos nada
antes com esta escala de branqueamento. No Nordeste da Grande
Barreira de Coral, é como se dez ciclones tivessem chegado à costa
ao mesmo tempo”, disse Terry Hughes, porta-voz da Taskforce
Nacional sobre o Branqueamento dos Corais, que realizou
monitorizações aéreas a este local classificado como património
da humanidade. “A nossa estimativa neste momento é que perto de
50% dos corais já morreram ou estão a morrer”, disse Terry Hughes
à agência Reuters.
A Grande Barreira de
Coral prolonga-se por 2300 quilómetros, entre a costa Nordeste da
Austrália e Papuásia-Nova Guiné, e é o maior ecossistema vivo.
“Houve quem dissesse que o pior já passou. Rejeitamos isso, e
estão errados”, disse o ministro do Ambiente Greg Hunt aos
repórteres. “Saiba-se que este é um fenómeno grave. Levamo-lo a
sério.”
Em Maio do ano
passado, o Comité do Património Mundial da Humanidade da UNESCO
esteve quase a pôr a Grande Barreira de Coral numa lista “em
risco” de desclassificação, mas a decisão levantava preocupações
a longo prazo sobre o seu futuro.
A Austrália é um
dos países que mais emite dióxido de carbono per capita devido à
sua dependência de centrais termoeléctricas alimentadas a carvão.
Apesar das promessas de corte das emissões de dióxido de carbono, o
país tem continuado a apoiar projectos de combustíveis fósseis,
incluindo o da mina de carvão Carmichael na Bacia da Galileia, no
Oeste de Queensland. “Não basta dizerem que se preocupam com a
barreira de corais enquanto apoiam a indústria do carvão e evitam
combater as alterações climáticas”, disse Shani Tager, da
organização ambientalista Greenpeace.
A descoberta do que
se está agora a passar com os corais irá provavelmente pôr mais
pressão sobre o primeiro-ministro Malcolm Turnbull antes das
eleições federais previstas para 2 de Julho. Turnbull é defensor
do comércio de emissões de carbono e apoia políticas progressivas
para o clima, mas já deixou alguns desapontados quando o seu partido
não reforçou os compromissos sobre as alterações climáticas.
Sem comentários:
Enviar um comentário