Panama
Papers ligam caso Sócrates ao "saco azul" do GES
PÚBLICO 16/04/2016
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Expresso
e TVI dizem que dinheiro do caso Sócrates veio da ES Enterprises. A
defesa do antigo primeiro-ministro já reagiu.
O Expresso e a TVI,
os parceiros portugueses do Consórcio Internacional de Jornalistas
de Investigação (CIJI) que está a divulgar os conteúdos dos
Panama Papers, noticiam neste sábado a existência de uma ligação
entre a Operação Marquês – o caso de corrupção, fraude fiscal
qualificada e branqueamento de capitais que envolve o antigo
primeiro-ministro José Sócrates – e a existência de um “saco
azul” no Grupo Espírito Santo (GES), que servia para “pagamentos
extras” e “não documentados”.
A existência deste
“saco azul”, a empresa ES Enterprises, foi pela primeira vez
referida pelo PÚBLICO a 7 de Novembro de 2014, no quadro de uma
investigação que concluiu que durante vários anos o GES usou este
veículo para proceder a pagamentos não documentados. Os fundos
transitavam entre várias praças financeiras, nomeadamente Suíça,
Luxemburgo, Miami e Panamá.
O PÚBLICO referia
então que a confirmação do “saco azul” do GES era susceptível
de abrir uma outra frente de inquirições que podia culminar em
novas revelações sensíveis. A ES Enterprises terá ainda servido
para fazer circular verbas provenientes de Angola, designadamente,
associadas a “contas” de Ricardo Salgado, do construtor José
Guilherme e do presidente da Escom, Hélder Bataglia.
E é precisamente
Hélder Bataglia que é citado na edição deste sábado do jornal
Expresso, com a seguinte frase: as “transferências foram feitas a
partir da Espírito Santo Enterprises”. A TVI diz que esta frase
refere-se aos “12 milhões de euros que saíram de duas offshores e
que, segundo a tese do Ministério Público, foram parar ao antigo
primeiro-ministro José Sócrates”. No entanto, e citando Hélder
Bataglia, o canal refere que as transferências em causa nada têm
que ver nem com Joaquim Barroca nem com o homem-forte da Escom.
Entretanto, os
advogados de José Sócrates emitiram um comunicado a reagir às
notícias deste sábado do Expresso e da TVI, dizendo que o antigo
governante “não tem, nem nunca teve, directamente ou
indirectamente, designadamente através de offshores, qualquer
relação negocial com o Senhor Hélder Bataglia”. Mais à frente
dizem ainda que “a criação e a divulgação destas novas
‘suspeitas’ são, pois, totalmente infundadas, abusivas e
caluniosas”.
O escândalo dos
Panama Papers foi divulgado pelo Consórcio Internacional de
Jornalistas de Investigação, numa investigação que envolve 11,5
milhões de documentos provenientes da base de dados da empresa
Mossack Fonseca, firma de advogados baseada no Panamá cujo negócio
era a criação de offshores.
Em Portugal, segundo
o Expresso e a TVI, são 240 os portugueses que surgem nos documentos
relacionados com esta firma de advogados especializada na gestão de
offshores. O ex-presidente do Benfica Manuel Vilarinho, o empresário
Ilídio Pinho e o chairman do grupo farmacêutico Bial, Luís Portela
são alguns dos nomes que aparecem nos documentos revelados pelos
dois órgãos de comunicação social.
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