OPINIÃO
O
custo político das decisões camarárias
TERESA SÁ E MELO
21/04/2016 – PÚBLICO
Em
Lisboa quem decreta o fim da calçada portuguesa não merece ser
Presidente da Câmara.
Tenho seguido as
reuniões da Assembleia Municipal de Lisboa através da Internet e
mais uma vez agradeço à sua Presidente Helena Roseta esta
facilidade.
Apercebi-me que a
oposição é praticamente inexistente nesta Assembleia. Da direita à
esquerda, não há qualquer crítica substantiva à gestão
camarária. Até parece que a democracia se afastou desta Assembleia.
Só para dar um
exemplo, não houve oposição às futuras obras para a 2.°
circular. São 10km de via rápida, de Benfica a Sacavém, via feita
para circular como o nome indica, e que deixará de existir como tal.
Ninguém perguntou
ao executivo quantos hectares irão ser libertos e licenciados para
obras urbanísticas (construção de torres para habitação e
escritórios), ao longo daqueles 8km de via rápida transformada em
via urbana, dito "pulmão verde", para quem acredita nisso.
Não haveria mais
nada em Lisboa onde gastar 12 milhões de euros?
Há decisões que
têm grandes custos políticos!
O actual executivo
ganhou as eleições autárquicas com um programa em contra ciclo da
austeridade. Não só não cumpriu como nos aumentou os impostos,
como reconheceu o actual Presidente da Câmara na apresentação do
orçamento para 2015.
O aumento de
impostos é bem visível na nossa factura da água. As novas taxas
que agora nos cobram não se baseiam no nosso consumo real de água
mas sim em escalões de consumo. E porquê? Porque a Câmara não
sabe nem faz a mínima ideia dos custos associados aos seus encargos
com o saneamento e com a recolha e transporte dos resíduos sólidos
urbanos. Mas apesar disso considera que a sua gestão é merecedora
de um prémio de desempenho, propondo agora o pagamento de ajudas de
custo aos seus dirigentes. Serão assim institucionalizados os abonos
de 2012 a 2015?
Volto a repetir, há
decisões que têm grandes custos políticos.
Por ex., fazer
inquéritos e votações populares via Internet em que importa pouco
a qualidade da discussão para então concluir que os lisboetas não
desejam pedras na calçada, é uma enorme farsa e tem custos
políticos.
Em Lisboa quem
decreta o fim da calçada portuguesa não merece ser Presidente da
Câmara.
Investigadora
aposentada, feminista
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