Estudante
português terá sido vítima de ataque racista na Polónia
ANA CRISTINA PEREIRA
25/04/2016 - PÚBLICO
Os
15 estudantes, em Rzeszow através do programa Erasmus +, foram
retirados do hostel e alojados numa casa dos arredores da cidade com
segurança privada.
A história tem sido
contada no Portal de Notícias de Rzeszow. Um dos 15 portugueses que
se encontram naquela cidade, no sudeste da Polónia, a fazer Erasmus
+, o novo programa da União Europeia para as áreas da educação,
formação, juventude e desporto, terá sido alvo de um ataque
racista.
O grupo de
estudantes chegou a Rzeszow no dia 3 de Abril para fazer um
intercâmbio numa escola de Electrotecnia. Ficou instalado num
hostel, na rua Iskra. No primeiro sábado, dia 9, alguns decidiram
sair à noite. Foi nessa ocasião que um homem chamou “lixo” a um
rapaz de 18 anos e lhe puxou pela roupa e pelo cabelo.
Os jovens ficaram
assustados. O professor responsável, Stanislaw Augustine, tratou de
denunciar o caso à polícia. O suspeito, já identificado pelas
autoridades, é um militar, de 38 anos. Tem 11 anos de experiência
nas forças armadas e já cumpriu uma missão no Afeganistão.
Alguns alunos terão
a pele mais escura e terão sido tomados por migrantes muçulmanos,
confirmou o porta-voz do comando, Adam Szelag, àquele órgão de
comunicação. A polícia de segurança pública recolheu os indícios
de ofensa verbal e de violação da integridade física. Como o
suspeito é soldado, remeteu o caso para a polícia militar.
Conforme o portal de
notícias, o professor Stanislaw Augustine contou que aquele não foi
o único incidente daquela natureza a envolver os 15 estudantes.
Enquanto alguns caminhavam pela cidade, ouviram insultos em inglês e
em polaco. Houve até quem levantasse a mão e esticasse o dedo do
meio. Tal terá acontecido em autocarros, lojas e na praça do
mercado.
“Como polaco,
tenho vergonha que cidadãos de outros países sejam alvo directo de
comentários racistas”, comentou o professor. “Os estudantes
polacos estiveram em Portugal e foram recebidos de forma calorosa,
pensada, gentil, para não dizer amigável. Os estudantes portugueses
vêm cá e acontecem estas coisas.”
O caso foi reportado
ao consulado de Portugal na Polónia. A empresa que organizou a
viagem também foi informada. Apesar das tentativas, o PÚBLICO não
conseguiu esta segunda-feira contactar o cônsul, o secretário de
Estado das Comunidades José Luís Carneiro, nem o responsável pela
empresa.
Levantou-se a
hipótese de os estudantes regressarem, de imediato, para Portugal.
Stanislaw Augustine encontrou uma alternativa: arrendou uma casa nos
arredores da cidade para os alojar e contratou os serviços de uma
companhia de segurança para os proteger. “Eles temem pela própria
segurança. Não tive outra opção. Tive de mudá-los de sítio. É
triste, mas é verdade”, declarou ao mesmo portal de notícias.
Várias organizações
internacionais têm alertado para o aumento do racismo e da xenofobia
na Polónia. O partido Lei e Justiça, liderado por Jaroslaw
Kaczynski, irmão gémeo do ex-presidente Lech Kaczynski, ganhou as
eleições no ano passado. Vários membros do partido fazem coro com
políticos da Hungria e da Eslováquia na oposição à entrada de
migrantes oriundos do Médio Oriente e do norte da África. Kaczynski
já disse que os migrantes muçulmanos ameaçam o estilo de vida
católico no país.
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