Americanos criticaram duramente Machete.
Novo MNE tem, no seu longo currículo, críticas duras feitas
pela diplomacia dos EUA à forma como geriu a Fundação Luso-Americana ao longo
de duas décadas.
Micael Pereira
11:16 Quarta feira, 24 de julho de 20 in Expresso online
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Foi uma das revelações com mais impacto no espólio de 800
telegramas da embaixada norte-americana em Lisboa revelados há dois anos pelo
Expresso e que fazem parte do acervo de uma das maiores fugas de informação
protagonizadas pelo Wikileaks.
Num relatório enviado a 15 de dezembro de 2008 para o
Departamento de Estado em Washington pelo então embaixador dos EUA em Portugal,
Thomas Stephenson, Rui Machete era arrasado pela forma como geriu ao longo de
duas décadas a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), visto
como "suspeito de atribuir bolsas para pagar favores políticos e manter a
sua sinecura".
O embaixador norte-americano, nesse telegrama, argumentava
que "chegou a hora de decapitar Machete" com base, entre outras
coisas, no facto de a fundação "continuar a gastar 46% do seu orçamento de
funcionamento nos seus gabinetes luxuosos decorados com peças de arte, pessoal
supérfluo, uma frota de BMW com motorista e 'custos administrativos e de
pessoal' que incluem por vezes despesas de representação em roupas, empréstimos
a baixos juros para os trabalhadores e honorários para o pessoal que participa
nos próprios programas da FLAD".
Rui Manuel Parente Chancerelle de Machete, de 73 anos,
tornou-se administrador da FLAD em 1985, logo quando a fundação foi criada com
dinheiro dos EUA no âmbito do acordo das Lajes, tornando-se seu presidente em
1988. Foi substituído no cargo por Maria de Lurdes Rodrigues em 2010.
Apesar de ter sido presidente durante vários anos do
Conselho Superior da SLN, a sociedade que foi proprietária do BPN, o banco
nacionalizado pelo Estado em 2008 e que envolve um custo de mais de quatro mil
milhões de euros para os contribuintes, esse facto não consta do seu currículo
oficial.
Machete também foi, entre muitos outros cargos, presidente
do Conselho Fiscal do Taguspark, sociedade que se viu envolvida num
processo-crime a propósito de um contrato publicitário com o ex-futebolista
Luís Figo e de ligações consideradas suspeitas à campanha para a reeleição do
então ex-primeiro ministro socialista José Sócrates, em 2009.
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