sábado, 6 de julho de 2013

"A ética é estar à altura daquilo que nos acontece"... ou ... O Regresso de Paulo Portas.

A ética é estar à altura daquilo que nos acontece.
Giles Deleuze

Um dos maiores dramas perante a existência é o de, devido às nossas escolhas e decisões, sermos lançados num estranho espaço de pesadelo surrealista, criado pela dessintonia com “o nosso destino”.


E isto não se deve a um insondável “Fatum”, mas é provocado pelo nosso carácter, pela nossa incapacidade de reconhecer o que está em jogo, e como escolher ou decidir perante as circunstâncias.

Trata-se portanto de carácter e de fibra …

Este dilema da boa ou má interpretação e respectiva decisão, quando se processa ao nível do Líder Político, está associado a consequências Monumentais …

Na História recente da Vida Política lembro-me de dois episódios:

1 – A precipitação com que Santana Lopes aceitou o desafio de assumir o cargo de Primeiro Ministro, com a ida de Barroso para a Europa, deixando um cargo em Lisboa que poderia contribuir para a serenidade, estabilidade e continuidade tão procurada pelo próprio, para garantir um tão ansiado Futuro Político.

Esta dessintonia perante o próprio Destino ficou patéticamente ilustrada no episódio do ambiente do discurso de Tomada de Posse … e a partir daí a fatalidade (criada pelo próprio) de ter de “andar por aí” …

2 – Paulo Portas sempre demonstrou dificuldade em gerir a difícil tensão entre Ego/ Vaidade e Responsabilidade …

Não se trata de negar o direito a dúvidas e ao Voluntarismo crítico …

Mas a crítica madura e reflectida deve ser apresentada abertamente e frontalmente a tempo … e não como birra, utilizando a sua revelação Pública como forma de pressão, com um egocentrismo “irrevogável” e numa teatralidade vedeta de “Aprés moi le Déluge”, num País que já exigiu tolerância e tantos sacrifícios, a milhares de pessoas.

Além do seu gravíssimo contributo para o desprestígio e deslegitimação da Política ... receio que Paulo Portas ficará também condenado, a partir de agora, “a andar por aí”...

António Sérgio Rosa de Carvalho.

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