Congresso mantém espionagem em larga escala da NSA mas
revela divisão.
Por Alexandre Martins
26/07/2013 in Público
Proposta que limitaria poderes da agência foi derrotada por
apenas 12 votos na Câmara dos Representantes
Uma proposta que tinha como objectivo limitar os poderes de
vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana foi reprovada
na Câmara dos Representantes, mas a margem foi tão curta que pode significar um
ponto de viragem na discussão sobre a recolha de dados em larga escala pelos
serviços de espionagem no país.
Discutida e votada na noite de quarta-feira, a proposta de
emenda - da autoria do republicano Justin Amash e do democrata John Conyers Jr.
- foi reprovada por 12 votos (217 contra 205), com a maioria dos membros do
Partido Democrata a votar contra a vontade da Administração Obama. A aprovação
por mais de 200 membros da câmara é um sinal de que os protestos contra o
registo e armazenamento de dados de forma indiscriminada estão a produzir
efeitos junto dos representantes políticos.
O documento - uma emenda ao orçamento do Departamento de
Defesa, que acabaria por ser aprovado com 315 votos contra 109 - previa que a
NSA só pudesse recolher dados de chamadas telefónicas e outro tipo de
comunicações de suspeitos, proibindo o registo de informação sobre milhões de
cidadãos.
A emenda Amash-Conyers obrigaria também o Foreign
Intelligence Surveillance Court (um tribunal criado em 1978 para avaliar os
pedidos de vigilância feitos pelas agências do Governo americano) a publicar um
resumo de todas as suas decisões.
Este tribunal validou a esmagadora maioria dos pedidos
feitos pelos vários Governos e não divulga nunca as suas decisões - a recente
polémica sobre os programas de espionagem da NSA começou precisamente quando o
analista informático Edward Snowden passou uma dessas decisões ao jornal
britânico The Guardian.
Para além da oposição declarada da Casa Branca, não se
espera que o Senado venha a discutir uma proposta semelhante nos próximos
tempos, pelo que a vigilância em larga escala pelos serviços de espionagem não
está, por agora, posta em causa. Mas a votação da noite de quarta-feira na
Câmara dos Representantes - que foi mais renhida do que se esperava - indica
que o assunto não vai ser esquecido.
A divisão de votos revelou uma profunda divisão no interior
dos partidos e deu origem a combinações improváveis, com a líder da minoria do
Partido Democrata, Nancy Pelosi, a votar "não" ao lado de Michele
Bachmann, do Partido Republicano, conhecida como a "rainha do Tea
Party".
Um dia antes da votação, na terça-feira, a Casa Branca
emitiu um raro comunicado, em que pressionava publicamente os congressistas a
não aprovarem o documento.
A Administração Obama dizia pretender "continuar a
discutir estes assuntos vitais com o povo americano e com o Congresso",
mas opunha-se à proposta, que descreveu como uma "tentativa de desmantelar
apressadamente" uma das "ferramentas de contraterrorismo" dos
serviços secretos norte-americanos. "Esta abordagem radical não resulta de
uma discussão aberta e informada. Instamos a Câmara dos Representantes a
rejeitar a emenda Amash, e, em alternativa, avançar com uma abordagem que tenha
em conta a necessidade de uma revisão fundamentada sobre as ferramentas que
possam garantir a segurança da nação", lê-se no comunicado.
O desagrado da Casa Branca ficou também patente no facto de
o director da NSA, o general Keith Alexander, ter passado várias horas em
reuniões com congressistas na terça-feira para tentar convencê-los a não
apoiarem a medida.
Julian Assange é candidato ao Senado australiano.
Por Clara Barata
26/07/2013 in Público
Partido WikiLeaks concorre em vários estados nas eleições de
14 de Setembro. Sondagens dão-lhe boa aceitação entre eleitores
Julian Assange lançou formalmente um novo partido na
Austrália, o seu país natal, que tem o nome da WikiLeaks, a organização que
fundou, e oficializou a sua candidatura ao Senado australiano, através de uma
ligação vídeo, em directo da Embaixada do Equador em Londres, onde está
refugiado há mais de um ano.
O Partido WikiLeaks apresentará sete candidatos às eleições
para o Senado e Assange concorre pelo estado de Vitória. O anúncio foi feito
pelo líder da organização que se dedica a revelar segredos institucionais,
através de uma ligação Skype a partir de Londres, que o pôs em contacto com uma
biblioteca em Melbourne na quinta-feira, relata o Guardian.
Se for eleito, Assange prometeu que o Partido WikiLeaks
tentará fazer avançar uma plataforma de "transparência, justiça e
responsabilização" dos vários poderes. Falou ainda do polémico plano do
Governo de obrigar todos os imigrantes que cheguem de barco à Austrália a irem
para um centro de triagem e detenção, na Papuásia-Nova Guiné - e garantiu que o
questionaria.
Em Abril, uma sondagem dava ao Partido WikiLeaks hipóteses
de sucesso nas eleições para o Senado de 14 de Setembro, tanto em Vitória como
em Nova Gales do Sul: 26% dos eleitores diziam-se dispostos a votar em Assange.
O director executivo da UMR Research sublinhava ao Sydney
Morning Herald então que a votação real no novo partido deveria ser muito mais
baixa do que o revelado pela sondagem. "Mas demonstra claramente o
potencial do que o Assange pode fazer, se fizer uma boa campanha", comentou
John Utting.
De facto, que campanha poderá Assange fazer, impossibilitado
de sair da Embaixada do Equador em Londres? As autoridades britânicas
detê-lo-iam imediatamente, para o extraditar para a Suécia, onde o Ministério
Público o quer interrogar devido as queixas de duas mulheres por violência
sexual.
O New York Times fez-lhe essa pergunta, por telefone, mas o
australiano desdramatizou. "Não será muito diferente de gerir a
organização WikiLeaks", afirmou. "Temos pessoal em todos os
continentes. Temos de lidar com mais de uma dezena de processos legais ao mesmo
tempo. Mas é bom estar envolvido com a vida política do meu próprio país."
Não é certo, no entanto, que Assange possa assumir o seu
lugar no Senado, se, de facto, for eleito. De acordo com a lei australiana,
teria de assumir o assento parlamentar até um ano depois de ser eleito, embora
o Senado lhe possa conceder uma extensão do prazo, se estiver impedido
fisicamente de o fazer.
"Há uma possibilidade remota de o Senado permitir que
assuma o mandato remotamente, embora isso nunca tenha acontecido. Mas é
teoricamente possível", disse Assange ao New York Times. "Mas temos
outros candidatos na lista que podem assumir o lugar, se eu for impedido."
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