Rui Machete reage às críticas: são reflexo da “podridão dos
hábitos políticos”
LUSA e PÚBLICO
24/07/2013 - 18:13
Depois de ter tomado posse como ministro de Estado e dos
Negócios Estrangeiros, o novo elemento do Governo reagiu aos que criticam a sua
entrada para o Governo devido às ligações que teve aos bancos BPN e BPP.
Rui Machete tomou posse nesta quarta-feira como ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros e considerou que as críticas de que é alvo
por ter exercido funções na Sociedade Lusa de Negócios (SLN), dona do BPN, são
reflexo da “podridão dos hábitos políticos”.
Rui Machete, antigo presidente da comissão política do PSD e
ex-vice-primeiro-ministro do Governo do Bloco Central (PS-PSD-CDS), falava aos
jornalistas depois de ter tomado posse, num acto que decorreu no Palácio de
Belém e ao qual faltou o ex-ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que
foi sibstituído nesta remodelação pelo centrista António Pires de Lima.
Interrogado sobre a polémica em torno da sua passagem pela
SLN, a holdingdo Banco Português de Negócios (BPN), Rui Machete respondeu: “Isso
denota uma certa podridão dos hábitos políticos, porque deviam saber em que
condições eu passei, em vez de darem notícias bombásticas.”
Como o PÚBLICO noticiou, o novo ministro de Estado e dos
Negócios Estrangeiros, Rui Machete, foi presidente ao longo de vários anos do
conselho superior da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), a proprietária do Banco
Português de Negócios (BPN), onde o Estado português injectou a fundo perdido
cerca de 4 mil milhões de euros. A biografia oficial omite a ligação de Machete
ao BPN, facto que o Governo justifica com o argumento de que nela só constam as
funções públicas.
Na sua qualidade de ex-presidente da Fundação
Luso-Americana, Rui Machete esteve ligado ao Banco Privado Português (BPP),
onde foi membro também do conselho consultivo, e onde adquiriu cerca de 3% das
acções, investimento que a FLAD perdeu quando o banco declarou falência.
Questionado sobre se a exploração do caso da sua passagem
pela SLN o poderá fragilizar em termos políticos, o novo ministro deu uma resposta
seca: “Não.” E acrescentou que está de consciência tranquila “há muitos anos”.
Nas declarações que fez aos jornalistas, Rui Machete referiu
que apenas na terça-feira foi convidado pelo primeiro-ministro, Pedro Passos
Coelho, para o cargo de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros,
sucedendo nestas pastas ao presidente do CDS, Paulo Portas.
“Foi uma decisão rápida de ontem [terça-feira]. Fui
convidado ontem, pedi um tempo e tive três horas para reflectir”, referiu.
Rui Machete foi também questionado sobre a forma como encara
o regresso a um governo 28 anos depois da sua última experiência governativa.
“Não tinha pensado voltar ao governo, mas aceitei pela situação do país”,
justificou.
Além de Machete, neste acto foram empossados Paulo Portas,
que deixa os Negócios Estrangeiros e passa a vice-primeiro-ministro – com a
coordenação na área económica e as negociações com a troika –, Pires de Lima
(Economia),Jorge Moreira da Silva (Ambiente, Energia e Ordenamento do Território).
Mota Soares e Assunção Cristas mantêm-se à frente dos ministérios da Segurança
Social e Agricultura e Mar, respectivamente. Mota Soares assumiu agora a pasta
do Emprego, ao passo que Cristas deixou o Ambiente e Ordenamento do Território.
Sem comentários:
Enviar um comentário