“esta moção chega por pressão da opinião pública e em clima
pré-eleitoral”
Realmente, basta lembrar o caso da Picadilly (última
Alfaiataria com carácter verdadeiramente “Saville Row”) que foi confrontada com um Ultimatum durante
obras de tansformação do edifício, tendo sido dito à proprietária do
estabelecimento que o respectivo espaço seria utilizado como entrada do edifício.
Pouco depois este foi disponibilizado para aluguer a preços
exorbitantes tendo vir a ser ocupado por uma loja de sandes, com um ambiente/contraste
em relação à envolvente do Chiado, que eu classifiquei : “Como um
frigorifico iluminado de porta escancarada num salão” / http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2012/05/como-um-frigorifico-iluminado-de-porta.html
A Picadilly fazia parte integrante da História/ Tradição do
Chiado, também tinha “um alto valor patrimonial e cultural,
pelas memórias e pelas manifestações culturais que lá se realizaram, e
insere-se numa zona classificada de interesse público” e eu já tinha denunciado a situação muito antes: http://ovoodocorvo.blogspot.nl/2012/01/vai-piccadilly-desaparecer-reportagem.html
Manuel Salgado “não
mexeu uma palha” e muito menos a Roseta … as coisas mudam quando as eleições se
aproximam …
António Sérgio Rosa de Carvalho.
CÂMARA PEDE CLASSIFICAÇÃO DE “INTERESSE PÚBLICO” PARA A SÁ
DA COSTA
24/07/2013 / http://ocorvo.pt/2013/07/24/camara-pede-classificacao-de-interesse-publico-para-a-sa-da-costa/
Os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa votaram hoje por
unanimidade uma moção pedindo à Direcção-Geral do Património Cultural a
abertura de procedimento de classificação da Livraria Sá da Costa “como imóvel
de interesse público”. O pedido surge na sequência de uma petição pública
surgida anteontem pela mão de um conjunto de cidadãos precisamente com esse
intuito, depois do encerrramento da loja por insolvência decretada, na semana
passada, pelo Tribunal do Comércio de Lisboa. O estabelecimento, que celebrava
este ano um século de existência, abriu portas pela última vez no sábado e
funcionava nas instalações da Rua Garret desde 1943.
O documento agora votado pela edilidade lisboeta,
apresentado pelos vereadores do executivo Manuel Salgado, Helena Roseta e
Catarina Vaz Pinto, manifesta ainda o seu apoio “à necessidade de salvaguardar a Livraria Sá da
Costa enquanto espaço emblemático e actividade cultural constituinte do
espírito e alma do Chiado”. Na introdução da moção, intitulada “Em defesa do
valor patrimonial e cultural da Livraria Sá da Costa”, considera-se que o seu
fecho “bem como de outros estabelecimentos comerciais congéneres existentes,
tanto em Lisboa como noutras zonas do país, representa uma séria apreensão para
todos os que defendem a memória e a oferta cultural diversificada e de
qualidade na cidade, e uma clara perda de um espaço da cidade com significativo
valor cultural”.
Depois de elencar razões para considerar pertinentes a
classificação da loja, entra as quais o facto de ela ser “um dos primeiros
estabelecimentos comerciais da Baixa de Lisboa apresentando decoração Art Deco,
que ainda preserva”, o documento afirma que a livraria detém “um elevado valor
cultural e patrimonial para a cidade, destacando-se como critérios
justificativos para a sua classificação, por um lado, a exemplaridade na sua imagem
arquitectónica – apresentando-se como um espaço de valor patrimonial pela a sua
arquitectura original preservada até aos dias de hoje – e, por outro, a
importância do espaço do ponto de vista da investigação histórica, testemunho
notável de vivências reflectidas na nossa memória colectiva”.
Ou seja, o importante é não apenas manter imaculado o
edifício, mas também a sua actividade livreira e cultural. E esta questão
motivou divergência entre os vereadores do executivo e os da oposição, apesar
do voto consensual. As críticas vieram sobretudo de António Carlos Monteiro, do
CDS-PP, que disse que “não podemos esquecer o sucedido aquando da discussão do
PDM (Plano Director Municipal)”, sugerindo que a alteração deste instrumento de
planeamento urbano, num processo liderado pelo vice-presidente Manuel Salgado,
terá aberto o caminho para situações de desvirtuação do uso de lojas de
comércio tradicional nas zonas históricas.
Também o vereador Vítor Gonçalves, do PSD, lançou críticas à
actuação da Câmara Municipal de Lisboa, afirmando que “esta moção chega por
pressão da opinião pública e em clima pré-eleitoral”. Farpas surgidas, na
última reunião pública de vereação antes das eleições autárquicas de 29 de
Setembro, após Manuel Salgado ter reconhecido que a autarquia “não tem
instrumentos para impedir a mudança de ramo comercial”. “Mas tudo faremos para
que se mantenha como livraria”, frisou. A vereadora Helena Roseta, por seu
lado, disse que “para casos excepcionais, como é este, podemos sempre
condicionar o uso”.
Texto: Samuel Alemão
Fotografia: Carla Rosado
Câmara de Lisboa aprova por unanimidade classificação da
Livraria Sá da Costa
Por Agência Lusa
publicado em 24 Jul 2013 in (jornal) i online
A Sá da Costa foi declarada insolvente pelo Tribunal de
Comércio de Lisboa.
A liquidação da
empresa concretizar-se-á com a venda de todo o património da livraria, para
pagamento aos credores, e com a sua extinção
A Câmara de Lisboa aprovou hoje por unanimidade uma moção
apresentada pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, para a classificação
da Livraria Sá da Costa, em processo de encerramento e liquidação, como imóvel
de interesse público.
“A Câmara de Lisboa entende que a livraria tem um alto valor
patrimonial e cultural, pelas memórias e pelas manifestações culturais que lá
se realizaram, e insere-se numa zona classificada de interesse público. O que
pretendemos é pedir à Direção Geral do Património para iniciar o processo de
classificação da livraria, não obstante todo o conjunto já estar classificado”,
disse a vereadora.
Por seu lado, o vice-presidente Manuel Salgado, que também
assina a moção, disse que o “ideal era conseguir que a atividade de livraria
fosse assegurada no espaço”, mas afirmou que a autarquia não tem
"instrumentos que permitam garantir que o uso não seja alterado”.
“Conseguiu-se isso com a Ourivesaria Aliança. Faremos tudo
para manter a atividade de livraria”, acrescentou.
Manuel Salgado lembrou, ainda, que a “defesa das lojas de
tradição é uma preocupação expressa no Plano Diretor Municipal (PDM)” e que
estão identificados “170 estabelecimentos comerciais espalhados pela cidade
nessas condições e que têm proteção patrimonial particular”.
O vereador do PSD Vitor Gonçalves criticou a Câmara por não
se preocupar com o comércio tradicional e por apenas ter apresentado a moção
por “pressão da opinião pública”.
Do lado do CDS-PP, o vereador António Carlos Monteiro disse
que “não é possível salvaguardar a livraria enquanto atividade, nem os postos
de trabalho”.
“Aquilo que é possível é salvaguardar o edificado e para
isso estamos disponíveis”, disse.
O vereador frisou à Câmara ser “fundamental” preservar o
comércio tradicional nas zonas históricas.
A Sá da Costa foi declarada insolvente pelo Tribunal de
Comércio de Lisboa. De acordo com fonte daquele órgão judicial, a assembleia de
credores, realizada na segunda-feira da semana passada, não aprovou o plano de
viabilização da empresa, que tinha sido apresentado no dia 02 de julho, pelo
que foi decretada a liquidação total.
Esta liquidação concretizar-se-á com a venda de todo o
património da Sá da Costa, para pagamento aos credores, e com a extinção da
empresa.
A Sá
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