Projecto de
Souto de Moura para a Praça das Flores pode avançar
Tribunal rejeitou
pedido de três associações para reverter licenciamento, mas estas estão a
preparar recurso para obrigar a uma alteração do projecto.
JOÃO PEDRO PINCHA
27 de Fevereiro de 2018, 8:00
Não teve sucesso
a acção popular que três associações de defesa do património interpuseram para
tentar travar um projecto do arquitecto Souto de Moura para a Praça das Flores,
em Lisboa. Os promotores da obra podem assim acabar de demolir o edifício que
agora existe no local e avançar com a construção do novo, que está em
banho-maria há mais de dois anos.
A acção popular
tinha sido apresentada ao Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, em
Março do ano passado, por três das cinco associações que organizaram o Fórum do
Património 2017. Essas entidades contestam o desenho proposto por Eduardo Souto
de Moura para o novo edifício, que consideram desfasado da restante praça. O
projecto prevê que o prédio tenha cinco pisos e uma fachada em ferro, vidro e
alumínio, assumindo "uma linguagem arquitectónica actual", de acordo
com a memória descritiva.
O objectivo da
acção judicial era obrigar a Câmara Municipal de Lisboa a reverter o
licenciamento da obra e promover um projecto "compatível com a ambiência e
estética da Praça das Flores", disse Vítor Cóias, presidente da comissão
organizadora do Fórum do Património, no ano passado.
O próprio
confirmou ao PÚBLICO que a acção tinha sido rejeitada. “Mas está a ser
preparado o recurso para a segunda instância”, acrescentou Vítor Cóias. “Agora
pretende-se impedir a construção do novo edifício, a menos que o projecto seja
alterado, para o compatibilizar com a traça arquitectónica que caracteriza a
Praça das Flores”, explicou. Isso “já não impedirá o promotor de acabar de
demolir o que resta do antigo edifício”, lamentou.
Este tem sido um
projecto mobilizador de fortes críticas, desde logo de alguns técnicos
camarários que o analisaram antes do licenciamento. "Não se consideram
reunidas as condições para a valorização arquitectónica e urbanística da área e
do conjunto edificado em que se integra", apont então. Ainda assim, o
processo acabou por ter luz verde do director municipal e do vereador do
Urbanismo. Também no ano passado, para lá de uma providência cautelar e de uma
acção popular, foi lançada uma petição online que reuniu 1755 assinaturas
contra a proposta de Souto de Moura.
O projecto também
mereceu alguns elogios, como os de Ana Vaz Milheiro, professora de
arquitectura, que disse ao PÚBLICO em 2016 que o prédio “é bem desenhado, as
proporções são correctas e não vai mudar as características do lugar”. A
arquitecta sustentou então que “há uma quebra com o que a praça possa
aparentar, mas em relação ao que lá está é um ganho”.
Sem comentários:
Enviar um comentário