Futuro do Miradouro de Sta. Catarina debatido a 13 de
Fevereiro
Fernando Medina anunciou reunião pública para apresentar o
projecto da câmara e debater o assunto.
João Pedro Pincha
João Pedro Pincha 31 de Janeiro de 2019, 14:13
Meio ano depois de anunciadas as obras para o Miradouro de
Santa Catarina, o projecto de intervenção vai ser revelado publicamente e
debatido a 13 de Fevereiro. Pela primeira vez desde que a câmara de Lisboa
divulgou a intenção de intervir no local, em Julho passado, todas as partes vão
poder esgrimir argumentos formalmente e de forma pública.
“Eu pedi para ser agendada uma reunião pública, na freguesia
da Misericórdia, onde será feita uma apresentação do projecto por parte dos
arquitectos que têm estado a trabalhar, a ouvir pessoas e sensibilidades. Eu
próprio estarei nesse debate. Veremos o resultado”, disse na quarta-feira
Fernando Medina, na reunião pública da autarquia, onde foi interpelado por uma
representante do movimento Libertem o Adamastor!, que se opõe à vedação do
miradouro.
Segundo o autarca, “depois desse debate público deve haver
um pronunciamento da assembleia de freguesia e, depois, a câmara municipal deve
pronunciar-se”. Entre essa reunião e o início das obras deverá decorrer um
“brevíssimo prazo”, acredita Medina, pois “estão os projectos feitos, é uma
questão da sua opção” e “estão as empreitadas prontas para avançar e poderem
ser executadas.”
No último meio ano, o Miradouro de Santa Catarina, também
conhecido como Adamastor, foi objecto de um apaixonado debate em que entraram
inúmeras questões: tráfico de droga, segurança, gentrificação, ruído, higiene
urbana, sociabilidade urbana, espaço público. Na Assembleia Municipal de Lisboa
entraram duas petições divergentes. Uma, subscrita sobretudo por moradores e
comerciantes, favorável à instalação de uma vedação e à existência de horários
de acesso. A outra, promovida pelo grupo Libertem o Adamastor!, opondo-se a
estas escolhas.
Como o PÚBLICO já noticiou em Novembro, o projecto que a
câmara encomendou ao atelier de arquitectura Proap prevê a colocação de uma
vedação com dois metros em toda a volta do miradouro. O assunto já foi
discutido, em privado, entre as várias partes, mas não se chegou a qualquer
consenso.
“É minha convicção que a situação na zona de Santa Catarina
se alterou nos últimos anos por fenómenos que são externos ao funcionamento
daquele micro-cosmos. Houve alterações na cidade, nomeadamente no tráfico de
droga, que geraram alterações rápidas no que ali se estava a passar”, afirmou
Fernando Medina na quarta. “Os problemas da segurança não se podem resolver
simplesmente com uma visão securitária que resolva por magia os problemas”,
disse ainda.
O autarca também aproveitou a ocasião para criticar, sem o
citar explicitamente, o grupo Libertem o Adamastor!, que acusou de minar a
discussão. “Esta proposta foi desde o início transformada em algo que nunca
foi. Foi transformada na ‘privatização de um espaço público’, num ‘fecho do
espaço público’, numa ‘retirada aos cidadãos do espaço público’, inquinando o
debate de forma particularmente agreste e violenta na cidade”, disse. “Não
posso dizer que tenha sido um exemplo muito gratificante de debate público.”
Na câmara, já todos os partidos à excepção do PS se
manifestaram contra a ideia de vedar o miradouro. O Bloco de Esquerda, parceiro
de governação de Medina, apresentou mesmo uma proposta alternativa para colocar
bancos e mesas “independentes do quiosque, independentes do consumo”, fazer “um
plano anual de dinamização do espaço”, com “feiras, concertos, performances de
dança e teatro” e ainda “promover o policiamento de proximidade no local”.
Como já tinha dito noutras ocasiões, Fernando Medina repetiu
que está disponível para outras soluções que não a vedação – mas que, como
está, o miradouro não fica.
Sem comentários:
Enviar um comentário