sábado, 9 de fevereiro de 2019

Conselho da UE chega a acordo sobre novas regras para os direitos de autor / Marisa Matias, Rui Tavares e youtubers juntam-se contra artigo 13 /


A "Europa" não se apercebe quão determinante e decisiva é esta questão para a sua imagem ... e isto muito perto das Eleições Europeias ...
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Conselho da UE chega a acordo sobre novas regras para os direitos de autor
Há semanas que o documento estava empatado com as negociações Conselho. É agora preciso retomar as negociações para chegar a um texto final, antes da data limite de 14 de Fevereiro.

Karla Pequenino 9 de Fevereiro de 2019, 9:31

Depois de uma discussão que demorou horas, o Conselho da União Europeia chegou a acordo sobre o artigo 13 da proposta de directiva para os direitos de autor, um documento que – se aprovado – vai definir novas regras para os conteúdos que são publicados em plataformas como o YouTube e o Facebook. Um dos grandes objectivos é diminuir a pirataria online.

Há semanas que o documento estava empatado com as negociações Conselho que não conseguia definir a dimensão das plataformas abrangidas pelas novas obrigações. É agora preciso retomar as negociações com o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia (as restantes entidades envolvidas no processo legislativo Europeu) para chegar a um texto final, antes da data limite de 14 de Fevereiro. “É bom ver os países da União Europeia a encontrar novamente uma voz comum sobre a reforma dos direitos de autor”, comentou Andrus Ansip, o vice-Presidente da Comissão Europeia responsável pelo Mercado Único Digital, numa publicação no Twitter no final da reunião do Conselho.

Na proposta aprovada esta sexta-feira, que já tinha sido divulgada no começo da semana pelo site Politico, as plataformas mais pequenas (com uma facturação anual inferior a dez milhões de euros e até cinco milhões de visitantes mensais) que estejam há menos de três anos a disponibilizar os serviços no espaço europeu ficam excluídas de algumas das obrigações do artigo 13. É de longe o ponto mais controverso da proposta, por obrigar as plataformas a garantir que conteúdo para o qual não pagam uma licença não estará disponível nas suas plataformas.

Na prática, isto quer dizer que muitos sites podem ter de optar por mecanismos de monitorização e filtragem de conteúdos, semelhantes aos que o YouTube já usa, para detectar conteúdo pirateado. As plataformas mais pequenas também continuam a ter de retirar conteúdo para o qual não tenham licença se forem notificadas para isso. Esta é uma das razões que leva os críticos do artigo 13 da directiva a compará-lo a uma “máquina da censura”, mesmo com o Conselho a sublinhar na proposta que as regras não devem evoluir para que “os Estados-membros imponham uma obrigação de monitorização geral.”

Há hora de publicação desta notícia, não havia detalhes sobre a posição dos diferentes representantes dos Estados-membros quanto à proposta aprovada. “Não vamos revelar mais esta noite”, disse ao PÚBLICO Leonidas Karamountzos, assessor de imprensa do Conselho da União Europeia.

A proposta de directiva de direitos de autor ainda pode vir a mudar durante as próximas discussões com o Parlamento Europeu e a Comissão Europia. Mas o tempo para grandes discussões começa a escassear.

“Gostava de ver uma votação final em Março, mas estamos sob uma grande pressão de tempo”, admitiu ao PÚBLICO o eurodeputado alemão Axel Voss, relator da versão do texto do Parlamento Europeu que foi aprovada em Setembro. É também um dos grandes defensores dos objectivos do artigo 13. “Temos de chegar a um texto para a semana ou perdemos a quantidade de atenção que se está a gerar em torno do tema. O momentum”, explicou Voss. “Agora, todos estão informados sobre a directiva e sobre o que está em causa com o artigo 13 para tomar uma decisão.”

Voss não comenta a decisão do Conselho. Diz apenas que existem vários pontos com que discorda. “É algo que vamos ter de debater depois.”

A eurodeputada Julia Reda, uma das grandes críticas do artigo 13 da directiva, é mais incisiva sobre os problemas com a directiva. “[Com o acordo do Conselho] a inovação europeia na Internet será desencorajada devido aos novos custos e riscos legais para startups – mesmo que apenas entrem em vigor quando as plataformas fazem três anos ou começam a ter sucesso”, escreveu Reda esta semana no seu site, numa publicação que voltou a partilhar no Twitter esta sexta-feira. “Sites estrangeiros e aplicações que não podem suportar os custos de armadas de advogados também serão motivadas a bloquear todos os utilizadores da União Europeia do seu site para estarem seguras.”

Para Reda, a maioria dos europeus com menos de 25 anos está contra a directiva. "Mas os eurodeputados são mais velhos... É preciso alertá-los sobre a forma como os votantes mais jovens pensam", escreveu esta sexta-feira no Twitter.

O próximo trílogo está marcado para a tarde da próxima segunda-feira, com a reunião final planeada para quarta-feira. “Mesmo que todos concordemos com a versão do Conselho do artigo 13, o resto do texto tem de ser adaptado ao compromisso. Não pode haver apenas uma exclusão para as micro-empresas num artigo”, disse o eurodeputado alemão Axel Voss.

Críticas à directiva crescem
Sem um acordo sobre um texto final durante a reunião nas próximas semanas, torna-se impossível avançar antes das legislativas europeias. Nesse caso, um dos cenários possíveis é a Comissão Europeia desistir da directiva. É uma posição que começa a ganhar apoiantes. Várias organizações de artistas na União Europeia – até então maioritariamente a favor da directiva – estão agora a pedir que a proposta seja interrompida com base na proposta do Conselho.

“Lamentavelmente, com estas condições, preferimos não ter qualquer directiva do que uma má directiva. Pedimos, por isso, que as negociações não continuem com base nas propostas mais recentes do Concelho”, lê-se numa carta aberta aos eurodeputados, publicada esta semana, com base na proposta que foi discutida em Conselho esta sexta-feira. Foi assinada por organizações como a Federação Internacional de Indústria Fonográfica e a IMPALA, que reúne as associações de empresas musicais independentes.

Em Portugal, vários YouTubers, a eurodeputada Marisa Matias, e o historiador Rui Tavares, juntaram-se esta semana para criar uma campanha contra a proposta de novas obrigações para as plataformas online. Um dos problemas apontados é que a nova directiva responsabiliza as plataformas pelo conteúdo pirateado que disponibilizam, por vezes acidentalmente, em vez dos utilizadores que lá o colocam.


Marisa Matias, Rui Tavares e youtubers juntam-se contra artigo 13
A campanha surge quando a proposta de directiva de direitos de autor está em risco de não avançar.

Karla Pequenino 7 de Fevereiro de 2019, 18:48

A um dia de uma reunião importante do Conselho da União Europeia para tentar resolver o impasse com a nova directiva dos direitos de autor, a eurodeputada Marisa Matias, o historiador Rui Tavares, o popular youtuber Wuant, e alguns outros opositores do artigo 13 juntaram-se numa campanha contra a proposta de novas obrigações para as plataformas online.

Um dos problemas apontados na campanha “Diz não ao Artigo 13” é que a proposta de directiva responsabiliza as plataformas, e não os infractores, pelo conteúdo que alojam, e cria uma obrigação de monitorizar o conteúdo que as pessoas põem na Internet.

 “Estamos numa fase crucial das negociações em que se deve tentar influenciar e tirar esse mecanismo de censura”, diz a eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias, num vídeo disponível no site da campanha. Junta-se o testemunho do fundador do Livre e colunista do PÚBLICO Rui Tavares, que também pede que o artigo seja “revisto, corrigido ou até abolido” por “introduzir uma espécie de sistema de censura prévia ou automática”.

A campanha está a ser coordenada pela associação portuguesa D3, que luta pela defesa dos direitos digitais, e pela produtora de conteúdo audiovisual Thumb Media.

Desde que a directiva começou a ser formulada em 2016 que o artigo 13 é o mais controverso da proposta. Actualmente, as plataformas online não podem ser responsabilizadas directamente pela disponibilização de conteúdo não licenciado. O artigo 13 pretende mudar isso: foi criado para garantir que as plataformas digitais pagam aos autores pelo conteúdo que alojam, mesmo que seja carregado por utilizadores.

Sites como o YouTube e alguns fóruns online seriam obrigados a impedir a disponibilidade de conteúdo com direitos de autor (vídeos, livros, arte digital) para o qual não tenham uma licença. Em muitos casos, isto implicaria o uso de mecanismos automáticos.

“Não deve ser imposto às plataformas um regime de responsabilidade que as torne tão responsáveis como quem comete objectivamente uma infracção, ou seja, o utilizador que envia conteúdo não autorizado”, lê-se numa petição contra o artigo 13, disponibilizada no site da campanha, e que há hora de publicação deste artigo tinha sido assinada por cerca de 200 pessoas.

Entre os apoiantes estão também vários youtubers, como Inês Magalhães (criadora do canal Mathgurl, que explica conceitos matemáticos de forma divertida), Ângela Costa (do canal de beleza Angie Costa) e Paulo Borges (conhecido por Wuant), que em Novembro lançou uma crítica viral contra a directiva.

Do outro lado do debate, também há muitos autores a defender o artigo 13. Em Agosto, artistas e associações ligadas à indústria criativa em Portugal enviaram um apelo conjunto aos eurodeputados portugueses a apoiar a proposta da directiva dos direitos de autor. Para Paula Cunha, administradora da Sociedade Portuguesa de Autores, que está em causa é uma remuneração justa dos criadores em ambiente digital com a criação de legislação que leva as grandes tecnológicas como o YouTube a licenciar o conteúdo que disponibilizam. “É pois falso que exista qualquer ‘filtro de censura’”, frisou Cunha, na apresentação do apelo. A posição é a mesma de artistas internacionais.


Mas para os críticos o artigo 13 também pode vir reforçar a posição dominante de algumas empresas. O YouTube é uma das plataformas que já usa um sistema de filtragem para impedir conteúdo pirateado de circular. Contrariamente ao Google (que é dono do YouTube), a maioria das plataformas online não tem dados suficientes para educar sistemas de inteligência artificial que façam a filtragem.

Este ponto tem levado a directiva dos direitos de autor a estar empatada desde o final de Dezembro. O Conselho da União Europeia (no qual estão representados os governos dos vários Estados-membros) ainda não conseguiu definir a sua posição sobre a dimensão das empresas a abranger. A França e a Alemanha têm as posições mais fortes. Enquanto os franceses pretendem que todas as empresas estejam sujeitas às novas obrigações independentemente do tamanho, a Alemanha pretende uma fasquia de facturação de 20 milhões de euros. A proposta actual – que vai ser debatida em Conselho na sexta-feira – propõe um compromisso ao excluir empresas com uma facturação anual inferior a dez milhões de euros, que estejam a disponibilizar os serviços no espaço europeu há menos de três anos e não tenham mais de cinco milhões de visitantes mensais.

Caso não se chegue a acordo, a directiva pode não vir a ser aprovada de todo (com ou sem artigo 13). Para uma votação do texto final em Parlamento, que será o último passo do processo, é preciso que o Conselho apresente a sua proposta da directiva em trílogo (uma reunião entre Parlamento Europeu, o Conselho, e a Comissão Europeia). Sem uma reunião nas próximas semanas, torna-se impossível avançar antes das legislativas europeias. Nesse caso, um dos cenários possíveis é a Comissão Europeia desistir da directiva.


 Council ready to continue negotiations on the worst version of Article 13 yet
Tonight, the EU’s national governments adopted as their common position the deal struck by France and Germany on the controversial EU Copyright Directive that was leaked earlier this week.
JULIA REDA

While Italy, Poland, the Netherlands, Sweden, Finland and Luxembourg maintained their opposition to the text and were newly joined by Malta and Slovakia, Germany’s support of the “compromise” secretly negotiated with France over the last weeks has broken the previous deadlock.

This new Council position is actually more extreme than previous versions, requiring all platforms older than 3 years to automatically censor all their users’ uploads, and putting unreasonable burdens even on the newest companies (see my previous blog post analysing the deal).

The German Conservative–Social Democrat government is now in blatant violation of its own coalition agreement, which rejects upload filters against copyright infringement as disproportionate. This breach of coalition promises will not go down well with many young voters just ahead of the European elections in May. Meanwhile, prominent members of both German government parties have joined the protests against upload filters.

The deal in Council paves the way for a final round of negotiations with the Parliament over the course of next week, before the entire European Parliament and the Council vote on the final agreement. It is now up to you to contact your MEPs, call their offices in their constituencies and visit as many of their election campaign events as you can! Ask them to reject a copyright deal that will violate your rights to share legal creations like parodies and reviews online, and includes measures like the link tax that will limit your access to the news and drive small online newspapers out of business.

Right before the European elections, your voices cannot be ignored! Join the over 4.6 million signatories to the largest European petition ever and tell your representatives: If you break the Internet and accept Article 13, we won’t reelect you!


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