Medina
sobre a Carris: concelhos vizinhos não devem “ter receio”
A
municipalização da empresa esteve em debate na Assembleia Municipal
de Lisboa, a propósito do Orçamento para 2017. O documento foi
aprovado por maioria.
INÊS BOAVENTURA 22
de Novembro de 2016, 21:55 actualizado a 22 de Novembro às 23:41
O presidente da
Câmara de Lisboa sublinha que a municipalização da Carris não
deve ser motivo de preocupação para os concelhos vizinhos. “Não
há que ter receio”, afirma Fernando Medina, defendendo que “não
há resposta para os problemas da mobilidade na cidade se não houver
uma gestão integrada do problema e das soluções na Área
Metropolitana”.
“Não há nenhuma
solução que se possa confinar do ponto de vista conceptual e
prático às fronteiras do município. Isso não existe. Não há um
muro à saída de Lisboa”, vincou o autarca. Fernando Medina
acrescentou ainda que o acordo firmado com o Governo, que prevê que
a Carris transite para a câmara a 1 de Janeiro de 2017, “não é
nenhum obstáculo à resolução da questão da mobilidade a nível
metropolitano”, mas sim “um primeiro passo da solução”.
O autarca socialista
respondia assim a dúvidas manifestadas esta terça-feira por vários
deputados da Assembleia Municipal de Lisboa. O debate em torno da
Carris fez-se a reboque da apreciação do Orçamento de 2017 para a
cidade de Lisboa, documento que foi aprovado com os votos contra do
PSD, CDS, MPT, PCP, PEV e BE e com os votos favoráveis do PS,
Cidadãos Por Lisboa, PNPN (Parque das Nações Por Nós) e PAN.
Cláudia Madeira, do
PEV, disse ter “grandes reservas” quanto à municipalização da
empresa de transportes, dado que ela “opera em vários concelhos”.
A deputada, a cujas preocupações se associou a comunista Ana
Páscoa, frisou ainda que “todos os meios de transporte da cidade
devem ter uma gestão integrada”, “através de uma autoridade
metropolitana de transportes”.
Já o bloquista
Ricardo Robles considerou que a transição da Carris para a câmara
“é uma boa notícia” e que “a concessão a privados seria o
maior dos erros”. Ainda assim, o deputado sublinhou que isso “por
si só não é garantia de um transporte público universal e de
qualidade” e sustentou que foi “um erro” a autarquia ter ficado
de fora da equação no que diz respeito ao Metropolitano de Lisboa.
Também o
social-democrata Luís Newton defendeu (afastando-se daquelas que têm
sido as posições de alguns elementos do seu partido) ter sido dado
“um passo importante para a efectiva gestão da mobilidade em
Lisboa”, acrescentando no entanto que essa gestão “peca por
incompleta” por não incluir o metro. Por sua vez, Vasco Santos, do
MPT, manifestou o receio de que a “situação financeira
equilibrada e sustentável” que a autarquia apresenta hoje fique
“comprometida” com a assunção da gestão da Carris.
Quanto ao orçamento,
que em 2017 será de cerca de 775 milhões de euros (valor que
representa um acréscimo de mais de 50 milhões face a este ano),
foram vários os deputados que o qualificaram como próprio de um ano
de eleições autárquicas. Entre eles Victor Gonçalves, do PSD, que
criticou a política tarifária da câmara ao nível do Saneamento e
dos Resíduos Urbanos.
“O CDS não
alinhará com desperdício financeiro e gestão ineficaz dos
dinheiros públicos”, afirmou por seu turno a centrista Maria Luísa
Aldim, que criticou que a câmara só tenha divulgado a lista dos
imóveis que pretende alienar em 2017 “após muitos pedidos”. O
PÚBLICO também pediu essa lista à autarquia, no final de Outubro,
mas até à data não a recebeu.
Neste debate, o
vereador das Finanças insistiu na ideia de que Lisboa tem “a
política fiscal e tributária mais favorável da Área Metropolitana
de Lisboa”. Segundo resumiu João Paulo Saraiva, os membros do
executivo estão “todos muito tranquilos” com as contas do
município e também com as das empresas municipais, que “estão
num estado lindíssimo”.
Esta terça-feira
foram também aprovadas, por maioria, as propostas relativas ao IRS,
IMI, IMT, Derrama e Taxa Municipal de Direitos de Passagem. O PSD
absteve-se em quase todas e o BE viu serem rejeitadas todas as
propostas de alteração que apresentou.
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