Marine
Le Pen diz que vitória de Trump lhe dá mais hipóteses
PÚBLICO 13/11/2016
– 16:03
Líder
da Frente Nacional considera que resultado eleitoral nos EUA “tornou
possível o que antes se apresentava como impossível”.
A vitória de Donald
Trump nos EUA “tornou possível o que antes se apresentava como
impossível”, disse neste domingo Marine Le Pen, a líder do
partido de extrema-direita francês Frente Nacional (FN) aludindo a
um possível triunfo seu nas eleições presidenciais francesas de
2017.
Para Le Pen, a
conquista de Trump é “mais uma pedra na construção de um novo
mundo”. A líder nacionalista foi um dos primeiros dirigentes a
saudarem a vitória do republicano sobre Hillary Clinton e são
várias as semelhanças entre os programas de um e de outro. Ambos
defendem políticas de imigração muito limitadas e o proteccionismo
económico, por exemplo.
Le Pen não tem
dúvidas de que a ascensão do magnata americano ao poder vem
aumentar as suas próprias hipóteses para as eleições marcadas
para 23 de Abril. “Espero que em França as pessoas também virem a
mesa, a mesa onde a elite divide aquilo que deveria ir para o povo
francês”, afirmou durante uma entrevista na BBC.
A insegurança
causada por atentados de inspiração islamista em França deu à
Frente Nacional terreno fértil para a sua agenda anti-imigração. A
isto soma-se a desorientação nos dois grandes partidos tradicionais
– o Partido Socialista está numa crise profunda depois de uma da
presidência mais impopular de sempre, de François Hollande, e o
centro-direita está envolvido numa luta interna – que joga a favor
de Le Pen.
As sondagens apontam
para a passagem de Le Pen à segunda volta das eleições
presidenciais, a 7 de Maio. A grande incógnita é até que ponto
será eficaz o “cordão sanitário” das forças moderadas na
segunda volta que podem tentar impedir a vitória da Frente Nacional,
tal como aconteceu em 2002 quando Jean Marie Le Pen foi derrotado por
Jacques Chirac na segunda volta das presidenciais, que contou com os
votos da esquerda.
Desde que Marine Le
Pen subiu à liderança da Frente Nacional que tem tentado descolar o
rótulo de extremista do partido que antes era dirigido pelo pai,
Jean-Marie. Na entrevista à BBC, negou ser racista. “Não creio
que seja racista dizer que não podemos receber toda a pobreza do
mundo, que não podemos tomar conta das centenas de milhares de
pessoas que cá chegam, porque a nossa primeira obrigação é
proteger o povo francês.”
O convite feito pelo
jornalista da BBC Andrew Marr à líder da FN foi muito criticado,
especialmente por a entrevista ter sido emitida no domingo em que o
Reino Unido comemora o final da I Guerra Mundial. Um pequeno grupo de
manifestantes concentrou-se perto das instalações da cadeia pública
de rádio e televisão britânica para uma acção de protesto.
O líder
trabalhista, Jeremy Corbyn, participou na manifestação para acusar
Le Pen de usar o “populismo contra as minorias para conseguir ser
eleita”.
Andrew Marr admitiu
que a escolha de Le Pen pode ser polémica, mas deixou uma
justificação: “Não creio que a melhor forma de honrar os caídos
[na I Guerra] seja falhar em informar sobre o próximo grande desafio
à segurança ocidental.”
Sem comentários:
Enviar um comentário