domingo, 8 de maio de 2016

Por mês 370 turistas são assaltados nas ruas de Lisboa


Por mês 370 turistas são assaltados nas ruas de Lisboa

Neste ano os roubos de carteiras subiram 25,8%, para 1478. Baixa, Bairro Alto, Cais do Sodré e Alfama são as piores zonas

08 DE MAIO DE 2016
Rute Coelho

Aumentam os turistas em Lisboa e os carteiristas acompanham a tendência. De janeiro a abril deste ano, a PSP de Lisboa registou 1478 furtos de carteiras na cidade, mais 25,8% do que em igual período do ano passado (1174 casos). De assinalar que este período abrangeu ainda a Páscoa, por tradição uma das fases do ano com mais turistas na capital e também com mais carteirismo. O ano passado, a capital recebeu 3,5 milhões de turistas, um acréscimo de 42% face aos 2,5 milhões de visitantes estrangeiros em 2011.

Ainda de acordo com os dados pedidos pelo DN à PSP, "ocorrem mais furtos nas zonas de maior acumulação de turistas, nomeadamente as freguesias de Santa Maria Maior e Misericórdia: Baixa de Lisboa, Bairro Alto, Cais do Sodré e Alfama".

Segundo o subcomissário Hugo Abreu, porta voz do comando metropolitano da PSP de Lisboa, este aumento registado nos primeiros quatro meses do ano ainda não levou, para já, a um reforço das equipas destacadas para prevenir este fenómeno criminal. "Temos as equipas de investigação criminal, com elementos à paisana, que andam em permanência nos elétricos mais frequentados pelos carteiristas". O mais popular é o elétrico 28 (Campo de Ourique-Prazeres) mas também andam no 15 (Praça da Figueira-Algés).

Os carteiristas misturam-se nas filas para os autocarros e elétricos, escolhem os turistas e locais que querem atacar e enquanto um "limpa a carteira" o outro protege-lhe o flanco.

Mulheres fingem ser turistas

As mulheres, sobretudo as romenas, estão a ficar peritas numa "arte" que é centenária em Lisboa. Algumas até fingem ser turistas e abrem mapas enquanto estão na fila, para disfarçar e também para facilitar a manobra de deitar a mão à carteira.

Um dos casos mais recentes aconteceu a 10 de março, num domingo, na Baixa de Lisboa. Uma carteirista de 27 anos foi detida em flagrante depois de ter assaltado um turista na Praça do Comércio, em Lisboa. A ladra fugiu com uma mochila em que a vítima guardava mais de cinco mil euros em dinheiro. Agentes da PSP recuperaram o dinheiro minutos após o crime. A carteirista era romena e já estava referenciada por outros crimes do género. Apesar destes casos aconteceram com cada vez mais frequência, os turistas tendem a considerar Lisboa uma cidade pacata e segura, como o DN comprovou esta semana com uma reportagem na zona dos Restauradores, onde se localiza a esquadra de Turismo da PSP de Lisboa. Victoria Lynch e o marido, australianos, contaram como ficaram sem 250 euros no elétrico 28 e acabaram por ter de ir apresentar queixa à esquadra de Turismo. Mesmo depois desta experiência, a australiana Victoria, de 60 anos, continua a considerar Lisboa uma cidade "razoavelmente segura".

Segundo um inquérito sobre segurança do Observatório do Turismo de Lisboa, feito no verão do ano passado, 96% dos turistas estrangeiros disseram sentir-se seguros na capital portuguesa. A esmagadora maioria (75%) disse também sentir confiança na polícia.


Na esquadra dos Restauradores, fala-se inglês, francês, italiano, alemão, russo - os agentes receberam formação específica para lidar com os turistas. A situação mais comum é os queixosos reportarem que a carteira desapareceu porque na maior parte dos casos nem dão pelo roubo.

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