quarta-feira, 18 de maio de 2016

Mal-estar no PSD deixa Passos Coelho mais isolado


Mal-estar no PSD deixa Passos Coelho mais isolado
SOFIA RODRIGUES 17/05/2016 - PÚBLICO
Líderes das distritais e parte da direcção não foram à festa de aniversário do partido. Na bancada, a ala conservadora não gostou de ver o líder votar ao lado do BE.

Os sociais-democratas começam a dar sinais de descontentamento em relação à liderança de Passos Coelho. Os líderes das distritais — à excepção de dois — faltaram ao aniversário do partido, celebrado há pouco mais de uma semana, no Porto. Só dois dos seis vice-presidentes estiveram no jantar com mais de mil pessoas. Na bancada parlamentar, há um visível mal-estar por ter sido o PSD a viabilizar a gestação de substituição, uma bandeira do Bloco de Esquerda.

Muitos dos dirigentes e deputados do PSD faltaram à festa do 42.º aniversário do partido, assinalado no dia 7 de Maio com uma conferência e com um jantar. Sinal de pouco entusiasmo das estruturas do partido pela forma como a direcção está a conduzir o PSD e sobretudo, ao que o PÚBLICO apurou, pela falta de atenção por parte da cúpula social-democrata. Só os líderes das distritais de Viana do Castelo (Carlos Morais Vieira) e do Porto (Virgílio Macedo) estiveram no jantar, no Palácio da Bolsa. Da própria direcção apenas estiveram os vice-presidentes Teresa Morais e Marco António Costa. Nem o líder parlamentar, Luís Montenegro, nem muitos dos vice-presidentes da bancada foram à festa de aniversário. De tal forma que se correu o risco de haver cadeiras vazias na mesa de honra de Passos Coelho. Acabaram por se sentar um presidente da câmara (Manuel Moreira, do Marco de Canaveses) e o presidente da mesa da assembleia da distrital de Aveiro (António Topa, também deputado), além de outros responsáveis de órgãos do partido.

A ausência de Luís Montenegro (que justificou a falta por motivos de doença) foi notada. Até porque começa a ganhar visibilidade a sua agenda pessoal, num momento em que a bancada está a ferro e fogo por causa da votação da gestação de substituição. Da ala mais conservadora, há muitos deputados desagradados por ter sido o PSD (com o voto favorável de 24 parlamentares) a permitir que fosse aprovado o projecto do BE, na passada sexta-feira. Tanto mais que muitos não compreenderam a posição de Passos Coelho, por ter também votado a favor da proposta quando a comissão política a que preside deu a orientação de voto contra o projecto, apesar de haver liberdade de voto. Há quem veja aqui uma contradição. Mas, acima de tudo, há quem não goste de ver o partido contribuir para a agenda do BE.

Muitos sociais-democratas também não gostaram de saber pelas notícias que o PSD tinha avançado com um pacote sobre as incompatibilidades dos políticos e com uma proposta sobre a redução do número de deputados. “Isto não foi discutido no grupo parlamentar, ninguém sabia de nada”, desabafa um social-democrata.

Sinal de que o líder está cada vez menos acompanhado são também as visitas que Passos Coelho tem feito sobre temas específicos, designadamente a educação e as pequenas e médias empresas. O líder tem convidado todos os deputados da área respectiva, mas, ao que o PÚBLICO apurou, são poucos os que aparecem. No caso da educação, por exemplo, a que Passos dedicou todo o dia na passada terça-feira, só dois dos nove deputados da comissão acompanharam o líder na visita que fez a escolas.


Mês e meio após o congresso, a comissão política fechou esta terça-feira - dia do primeiro conselho nacional pós-congresso, marcado para a noite - a lista dos nomes para secretários-gerais adjuntos. Novidade é a entrada para este cargo de João Montenegro, que foi assessor de Passos Coelho em São Bento.

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