Mal-estar
no PSD deixa Passos Coelho mais isolado
SOFIA RODRIGUES
17/05/2016 - PÚBLICO
Líderes
das distritais e parte da direcção não foram à festa de
aniversário do partido. Na bancada, a ala conservadora não gostou
de ver o líder votar ao lado do BE.
Os
sociais-democratas começam a dar sinais de descontentamento em
relação à liderança de Passos Coelho. Os líderes das distritais
— à excepção de dois — faltaram ao aniversário do partido,
celebrado há pouco mais de uma semana, no Porto. Só dois dos seis
vice-presidentes estiveram no jantar com mais de mil pessoas. Na
bancada parlamentar, há um visível mal-estar por ter sido o PSD a
viabilizar a gestação de substituição, uma bandeira do Bloco de
Esquerda.
Muitos dos
dirigentes e deputados do PSD faltaram à festa do 42.º aniversário
do partido, assinalado no dia 7 de Maio com uma conferência e com um
jantar. Sinal de pouco entusiasmo das estruturas do partido pela
forma como a direcção está a conduzir o PSD e sobretudo, ao que o
PÚBLICO apurou, pela falta de atenção por parte da cúpula
social-democrata. Só os líderes das distritais de Viana do Castelo
(Carlos Morais Vieira) e do Porto (Virgílio Macedo) estiveram no
jantar, no Palácio da Bolsa. Da própria direcção apenas estiveram
os vice-presidentes Teresa Morais e Marco António Costa. Nem o líder
parlamentar, Luís Montenegro, nem muitos dos vice-presidentes da
bancada foram à festa de aniversário. De tal forma que se correu o
risco de haver cadeiras vazias na mesa de honra de Passos Coelho.
Acabaram por se sentar um presidente da câmara (Manuel Moreira, do
Marco de Canaveses) e o presidente da mesa da assembleia da distrital
de Aveiro (António Topa, também deputado), além de outros
responsáveis de órgãos do partido.
A ausência de Luís
Montenegro (que justificou a falta por motivos de doença) foi
notada. Até porque começa a ganhar visibilidade a sua agenda
pessoal, num momento em que a bancada está a ferro e fogo por causa
da votação da gestação de substituição. Da ala mais
conservadora, há muitos deputados desagradados por ter sido o PSD
(com o voto favorável de 24 parlamentares) a permitir que fosse
aprovado o projecto do BE, na passada sexta-feira. Tanto mais que
muitos não compreenderam a posição de Passos Coelho, por ter
também votado a favor da proposta quando a comissão política a que
preside deu a orientação de voto contra o projecto, apesar de haver
liberdade de voto. Há quem veja aqui uma contradição. Mas, acima
de tudo, há quem não goste de ver o partido contribuir para a
agenda do BE.
Muitos
sociais-democratas também não gostaram de saber pelas notícias que
o PSD tinha avançado com um pacote sobre as incompatibilidades dos
políticos e com uma proposta sobre a redução do número de
deputados. “Isto não foi discutido no grupo parlamentar, ninguém
sabia de nada”, desabafa um social-democrata.
Sinal de que o líder
está cada vez menos acompanhado são também as visitas que Passos
Coelho tem feito sobre temas específicos, designadamente a educação
e as pequenas e médias empresas. O líder tem convidado todos os
deputados da área respectiva, mas, ao que o PÚBLICO apurou, são
poucos os que aparecem. No caso da educação, por exemplo, a que
Passos dedicou todo o dia na passada terça-feira, só dois dos nove
deputados da comissão acompanharam o líder na visita que fez a
escolas.
Mês e meio após o
congresso, a comissão política fechou esta terça-feira - dia do
primeiro conselho nacional pós-congresso, marcado para a noite - a
lista dos nomes para secretários-gerais adjuntos. Novidade é a
entrada para este cargo de João Montenegro, que foi assessor de
Passos Coelho em São Bento.
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