quarta-feira, 18 de maio de 2016

Aprovação final de sanções a Portugal pode não acontecer antes de Julho / Spain and Portugal could face EU sanctions over national budgets

Aprovação final de sanções a Portugal pode não acontecer antes de Julho
Os 28 ministros das Finanças têm de aprovar sanções económicas caso a Comissão as proponha. No entanto, tal pode ser adiado até depois das eleições espanholas

Tendo em conta que as próximas reuniões do Ecofin estão agendadas para 17 de Junho e 12 de Julho, a aprovação final não deverá ter lugar antes de Julho

Sérgio Aníbal e Sílvia Amaro, Bruxelas / 18-5-2016 / PÚBLICO

A Comissão Europeia apresenta hoje novas recomendações a Portugal para corrigir as contas orçamentais — um anúncio que pode também ditar sanções económicas pelo incumprimento das metas orçamentais em 2015.
No entanto, qualquer decisão definitiva sobre a aplicação de sanções, incluindo quais os valores em causa, não será imediata e pode acontecer apenas em Julho.
“A discussão no [dia] 25 seria prematura”, disse fonte comunitária, referindo- se à próxima reunião dos 28 ministros das Finanças da União Europeia, marcada para a próxima semana em Bruxelas. “A minha expectativa é que estas discussões aconteçam em Junho ou Julho”, acrescentou.
De acordo com as regras europeias, se o colégio de comissários, que se reúne hoje em Bruxelas, decidir que Portugal não tomou uma “acção efectiva” para corrigir o défice em 2015 e propuser a imposição de sanções, o próximo passo acontecerá em Conselho de Ministros.
Os 28 ministros com a pasta das Finanças avaliarão — provavelmente na reunião de 17 de Junho — se a Comissão Europeia está correcta ao dizer que Lisboa não fez esforços suficientes para corrigir o défice. Se também estes chegarem à mesma conclusão, a Comissão Europeia tem depois até 20 dias para fazer uma recomendação final ao conselho.
Tendo em conta que as próximas reuniões do Ecofin estão agendadas para 17 de Junho e 12 de Julho, a aprovação final não deverá ter lugar antes de Julho. “Não há nenhuma razão particular, é apenas uma questão de timing”, disse fonte europeia ao PÚBLICO, explicando que a Holanda, que preside neste momento ao conselho, pode decidir deixar a discussão para a Eslováquia, que assume a presidência em Julho.
“Também pode acontecer que discutam o assunto nas duas reuniões, uma vez para reconhecer que não houve acção efectiva para corrigir o défice e uma segunda para elevar o procedimento [o que pode significar a imposição de sanções]”, acrescentou.
O que é certo é que as dúvidas sobre as sanções continuarão nos próximos meses e a decisão final deverá acontecer já depois das eleições espanholas.
Espanha, que também recebe hoje novas recomendações para corrigir as suas contas orçamentais, repete eleições legislativas a 26 de Junho, e quaisquer decisões sobre sanções podem ter impacto na campanha eleitoral. Em particular, os partidos da oposição podem usar a imposição de sanções como argumento contra o Governo em funções, liderado pelo Partido Popular de Mariano Rajoy.
No caso de Portugal, o que estará em causa na avaliação da Comissão Europeia é, em primeiro lugar, o facto de o país não ter conseguido, como estava previsto, colocar o défice público abaixo de 3% no ano passado. A meta do anterior Governo era de 2,7%, mas o resultado final foi de 4,4%, com a ajuda da injecção de capital no Banif. Mesmo sem essa operação, o défice teria ficado em 3%.
Depois de constatar que o défice excessivo se mantém, os responsáveis da Comissão Europeia vão olhar para outro indicador, o do défice estrutural, que retira da análise o efeito da conjuntura económica e as medidas de carácter excepcional, para que se possa medir qual foi o verdadeiro esforço de consolidação orçamental realizado pelo país.
Também aqui, Portugal tem poucos resultados positivos para apresentar. Bruxelas pedia uma redução do défice estrutural durante o ano passado, mas o resultado final acabou por ser um agravamento. Este indicador pode por isso reforçar os argumentos daqueles que defendem que, para além de manter o défice excessivo, Portugal não tomou uma “acção efectiva” para contrariar este resultado. Estas duas condições são necessárias para que a Comissão possa recomendar ao conselho a imposição de sanções a Portugal.
Por fim, Bruxelas irá também levar em linha de conta aquilo que Portugal está a fazer para corrigir o desequilíbrio orçamental já este ano. E, novamente, a avaliação pode não ser muito positiva. É certo que Bruxelas já admite que o défice nominal pode cair para 2,7%, um valor abaixo da barreira dos 3%. No entanto, o valor fica acima dos 2,2% previstos pelo Governo e, em relação ao défice estrutural, a Comissão continua a prever um agravamento.
Se a análise da Comissão a todos estes factores for negativa (e a situação em Espanha é semelhante) e os governos da UE tiverem na sua maioria a mesma posição, Portugal fica sujeito a sanções, que vão da aplicação de uma multa financeira até ao congelamento parcial de fundos europeus, passando pelo endurecimento dos procedimentos de fiscalização às políticas económica e orçamental em Portugal.

A decisão está longe de ser apenas técnica, envolvendo muitas considerações de ordem política, tanto para Portugal como para Espanha. E é notória a divergência de opiniões sobre esta matéria entre os diversos membros do colégio de comissários e os vários governos da União Europeia, com alguns a defender uma aplicação rígida das regras e outros a querer dar importância às circunstâncias económicas e políticas vividas pelos dois países durante os últimos anos.

Spain and Portugal could face EU sanctions over national budgets
European Commission may sanction countries for failing to meet EU budget rules.

By ZOYA SHEFTALOVICH 5/18/16, 8:35 AM CET Updated 5/18/16, 8:37 AM CET

The European Commission will decide Wednesday whether to issue fines to Spain and Portugal for exceeding the EU’s budget deficit limit of 3 percent of GDP.

The college of commissioners may impose fines, which can be set at a maximum of 0.2 percent of GDP, delay its decision, or give the countries more time to meet targets.

At last week’s college meeting, a majority of commissioners “agreed that both countries are candidates for stepping up the procedures,” a source in the room told POLITICO.

The EU has never used its power to sanction countries for breaching deficit rules since the creation of the eurozone, but Spain and Portugal have repeatedly failed to follow rules.

Spain in particular has a tough case to answer, with a headline deficit of 5.1 percent of GDP in 2015. While the country had managed to cut the deficit from 5.9 percent in 2014, it was still above its forecast and exceeded the 4.2 percent target set by the EU. In addition, during the country’s election campaign, several parties advocated doing less to try to reach EU targets.

Spain’s caretaker Prime Minister Mariano Rajoy may have made things worse Tuesday, telling the Financial Times in an interview he would cut taxes if elected next month.

Kristalina Georgieva, European commissioner for budget and human resources, reminds the European Parliament to be mindful of the targets.
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QUENTIN ARIÈS
“If tax revenues continue to rise, as they are doing now, we can plan another tax cut,” Rajoy said. “We lowered the deficit by 4.3 percentage points in four years, even though we spent two years in recession … No one can say Spain is not willing to comply with the rules of the game and do things well.”

António Costa, the new Portuguese prime minister, argued last week his country shouldn’t be sanctioned. He said the EU had praised the previous government for austerity, and the new government could not be blamed for any fiscal gap its predecessor failed to fill.

The college of commissioners will also consider fining Italy, but the country is likely to be spared because it has taken steps to improve its budget deficit. The Commission is ready to grant Italy an “unprecedented amount of flexibility,” according to a letter sent by Vice-President Valdis Dombrovskis and Commissioner Pierre Moscovici to Italy’s Finance Minister Pier Carlo Padoan on Monday.

“It is our intention in principle … to recommend to the college to grant the full 0.5 percent available under the structural reform clause, 0.25 percent under the investment clause, 0.04 percent for the increase in costs this year related to migrant inflows and 0.06 percent for exceptional costs directly related to the security situation,” Moscovici and Dombrovskis wrote, adding: “This amounts to 0.85 percent of GDP.” In exchange, they asked for “a clear and credible commitment” that Italy will respect the rules in 2017.

The Commission has previously considered issuing fines to countries that fail to meet EU targets, but has pulled back. Last year, France looked likely to be penalized for missing the deficit target but was given more time to meet the EU budgetary requirement.

Authors:


Zoya Sheftalovich  

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