Cinema
Odeon poderá dar lugar a apartamentos e loja
INÊS BOAVENTURA
30/05/2016 – PÚBLICO
A
Direcção do Património deu parecer favorável condicionado. O
projecto de transformação num centro comercial foi abandonado
O futuro do antigo
cinema Odeon, em Lisboa, deverá passar pela sua transformação num
edifício de uso habitacional, com 13 apartamentos. No piso térreo
do imóvel prevê-se a instalação de um espaço comercial, com
cerca de 600 m2, no interior do qual será preservada a boca de cena
existente e outros elementos, como o tecto de madeira pau-brasil.
No sábado, o Fórum
Cidadania Lisboa tornou público que a Direcção-Geral do Património
Cultural (DGPC) tinha proposto a aprovação condicionada do mais
recente projecto apresentado para o antigo cinema, na Rua dos Condes.
Segundo a informação que foi transmitida ao movimento de cidadãos
pelo Ministério da Cultura, com a proposta em apreciação ficava
“garantida a salvaguarda das principais características do
edifício, nomeadamente a leitura urbana da imagem do antigo
cineteatro (…) e, no interior, a preservação do frontão da boca
de cena”.
Nessa mesma
informação fazia-se referência a um anterior projecto para o
local, que “previa a transformação do cinema em centro comercial”
e que tinha também merecido a aprovação da DGPC. Quanto ao
conteúdo da nova proposta, que deu entrada nessa entidade em meados
de Abril, nada é dito na comunicação que chegou ao Fórum
Cidadania Lisboa, o que gerou alguma confusão sobre se o uso
anteriormente previsto seria ainda para concretizar.
Ora, o PÚBLICO
apurou esta segunda-feira que o projecto de reconversão do Odeon que
foi divulgado em 2013, e que contemplava a sua transformação num
espaço comercial com valências culturais e estacionamento
subterrâneo, foi abandonado. Esse projecto era da autoria do
arquitecto Luís Pereira Coelho e gerou na altura alguma polémica.
Segundo o vereador
do Urbanismo, no passado dia 31 de Março deu entrada na Câmara de
Lisboa um outro projecto, com a assinatura do arquitecto Samuel
Torres de Carvalho. Em declarações ao PÚBLICO, Manuel Salgado
explicou que esta proposta prevê a criação de uma loja com 666 m2,
“com o pé direito correspondente ao volume todo da sala” de
espectáculos, no interior da qual serão preservados a boca de cena
e o tecto de madeira.
Na “parte de trás”
do edifício, na área que de acordo com o vereador corresponde aos
antigos “balcões”, a ideia é instalar 13 apartamentos, com uma
área total de cerca de 2100 metros. “A fachada será toda
recuperada”, garante, explicando que a alteração mais
significativa passa pela colocação de janelas de trapeira na
cobertura do imóvel.
Manuel Salgado
acrescenta que o projecto que foi submetido à apreciação da
autarquia prevê ainda o surgimento de 22 lugares de estacionamento,
num sistema robotizado. O autarca diz ter “sérias dúvidas”
sobre essa solução, lembrando a proximidade do parque de
estacionamento subterrâneo dos Restauradores.
O autarca frisa
ainda que os serviços camarários só apreciarão este projecto
depois de receberem os pareceres solicitados a entidades externas.
Entre eles o da DGPC que, segundo as informações divulgadas pelo
Fórum Cidadania Lisboa, condicionou a aprovação “à preservação
das caixilharias/carpintarias dos vãos exteriores do piso térreo”,
“à implementação de um solução com menor expressão nas
divisórias entre fracções nas varandas existentes nos pisos 1 e 2”
e “à execução da caixilharia das novas trapeiras em ferro ou
madeira”.
Inaugurado em 1927,
o cinema Odeon está encerrado desde a década de 90 do século
passado. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, falar com o arquitecto
Samuel Torres de Carvalho e com a empresa Parisiana, que é a
requerente do processo que deu entrada na Câmara de Lisboa.
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