Renováveis
batem recordes. Na Alemanha, até levou a preços negativos Leia
mais: Renováveis batem recordes. Na Alemanha, até levou a preços
negativos
Em
Portugal, onde as renováveis foram 90% do consumo até abril, o
preço chegou a zero apenas duas horas, mas impacto para o consumidor
é quase nulo.
Ana Baptista
12.05.2016 / 01:05 / Dinheiro Vivo
No domingo 8 de
maio, a produção de energia renovável na Alemanha atingiu um pico
tão elevado que fez os preços no mercado de compra e venda de
energia baixar para valores negativos, mais precisamente para menos
124 euros por cada megawatt/hora consumido. “É claramente uma
exceção. Isto quase nunca acontece. É como se fossem saldos para
despachar stock”, comentou o presidente da Associação Portuguesa
de Energias Renováveis (APREN), António Sá da Costa. De facto, foi
isso que aconteceu. A eletricidade que é produzida nas várias
centrais elétricas de um país, seja na Alemanha, em Portugal ou na
Espanha, é negociada num mercado cujas produtoras fazem ofertas de
energia e as que saem primeiro para serem consumidas são as mais
baratas, ou seja, as renováveis. Só depois é que a energia que
está a ser produzida nas centrais a gás, a carvão ou nucleares é
colocada no mercado para vender aos comercializadores que depois
vendem aos consumidores finais. Ora, no passado domingo, na Alemanha,
segundo o jornal online Quartz, as renováveis produziram 87% do
consumo e, portanto, as outras centrais não era necessárias. As de
gás encerraram, mas as de carvão e as nucleares não o podem fazer
de forma tão simples e continuaram a produzir. Resultado: começaram
a vender ao desbarato para escoar a produção. “Mas só o fizeram
porque sabiam que era durante um período limitado. Depois os preços
sobem”, repara Sá da Costa. Diz o Quartz, que cita a consultora
alemã Agora Energiewende, nesse domingo o preço voltou a subir até
aos 24 euros por MWh consumido. Em Portugal, os preços nunca
estiveram negativos, porque não há centrais nucleares e a central a
carvão não tem necessidade de descer tanto os preços. Mas é cada
vez mais normal haver horas em que os preços estão a zero e que os
produtores estão a ganhar menos. Por exemplo, segundo Sá da Costa,
em 2014 – que foi um ano recorde para as renováveis –
registaram-se 200 horas com os preços a zero. Mas nos primeiros
quarto meses deste ano – em que as renováveis voltaram a bater
recordes, representando em média 90% do consumo – só se
registaram duas horas a zero. Mas isto porque os preços do gás e do
carvão estão muito baixos e levaram a que a média no mercado
descesse de uns 45 para 29 euros por MWh . Consumidor não sente
impacto O facto de os preços serem zero ou negativos tem um impacto
quase nulo para os consumidores, diz Sá da Costa. É que o
consumidor não compra ao produtor, mas sim ao comercializador que
cobra um valor fixo e assume o risco do preço estar mais alto ou
mais baixo. Se a eletricidade fosse comprada ao produtor havia
alturas em que seria grátis ou mais barata e outras em que era tão
cara que a fatura mensal disparava para valores mais altos do que os
do contrato com preço fixo para a energia. Por exemplo, em 2014,
houve dias em que a energia esteve a sete euros mas depois disparou
para 75 euros. Pelas contas do DN/Dinheiro Vivo, isto significaria
que uma família com um consumo médio mensal de 196 KWh (dados do
regulador) estaria a pagar 48 cêntimos o KWh. Com um contrato paga
entre 15 e 16 cêntimos. Além disso, diz Sá da Costa, a energia é
só uma parte da conta da luz. É preciso pagar o custo das redes, o
transporte e os impostos. E isso é válido tanto em Portugal como na
Alemanha. O facto de os preços atingirem valores tão baixos é
positivo porque mostra como seria se toda a produção fosse
renovável, mas agora ainda não é assim. Aliás, há agentes do
mercado que acreditam que nunca será porque as barragens, as eólicas
e o solar não estão sempre a funcionar e será sempre preciso haver
centrais de reserva. Leia mais: Renováveis batem recordes. Na
Alemanha, até levou a preços negativos
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