Nesta descrição,
pois o artigo não passa de uma pura descrição do "fenómeno",
nem um ligeiro momento de aproximação/ análise crítica para as
graves consequências do "fenómeno" em evolução ... Isto
é péssimo jornalismo e o PÚBLICO tinha obrigação de fazer melhor
...
OVOODOCORVO
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Casas
para alugar a turistas não param de aumentar
ANA RUTE SILVA
15/05/2016 - PÚBLICO
Em Março havia
quase 25 mil registos de alojamento local. Ao mesmo tempo, nunca como
agora houve tanta oferta em Portugal de hotéis de quatro e cinco
estrelas.
Já há quase 25 mil
casas de aluguer temporário a turistas em Portugal, o maior valor de
sempre. O número de registos não tem parado de crescer desde finais
de 2014, depois de terem entrado em vigor novas regras para o registo
de alojamentos locais. Esta evolução também acompanha o aumento de
turistas e a procura de casas, sobretudo, em Lisboa e no Porto.
Num retrato sobre o
sector que o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, distribuiu
aos parceiros sociais durante a última reunião de concertação, é
notória a evolução mensal consecutiva de novas formas de
alojamento, popularizadas por plataformas online que põem
proprietários e visitantes em contacto. Em Dezembro de 2014, altura
em que entrou em vigor a nova lei, havia 2579 casas. Nos meses
seguintes o crescimento foi expressivo e, em Junho de 2015, já havia
15.832 registos. A partir de Agosto do ano passado, a evolução
mensal foi mais lenta e desde o final do ano passado que se mantém
entre os 3 e os 4%. Há dez anos, escreve o Ministério da Economia,
as novas formas de alojamento eram residuais.
O alojamento local
já estava regulamentado desde 2008, em portaria, mas com as novas
regras foram facilitadas as condições de acesso. Deixou de ser
necessário um pedido de licenciamento ou autorização e, agora,
para legalizar um apartamento é preciso fazer uma comunicação
prévia junto da câmara municipal, que pode ser enviada através do
Balcão Único Electrónico. É nesta plataforma que é emitido o
título de abertura dos estabelecimentos.
Mas o boom do
alojamento local é apenas um dos indicadores do sector do turismo
que tem vindo a crescer. Nunca houve tanta oferta em Portugal de
hotéis de quatro e cinco estrelas e o seu peso no total das unidades
existentes é cada vez maior. Em 2015 já representavam 37,3% do
total, quando em 2010 valiam 31,7% da oferta. Em termos globais, o
número de camas também cresceu: de 263,8 mil em 2005 para 311,6 mil
no ano passado, o valor mais elevado dos últimos dez anos. A
hotelaria está mais qualificada, contudo, "apenas metade da
oferta de alojamento instalada no país é ocupada durante o ano",
lê-se no relatório. No retrato à sazonalidade, o Algarve é a
região onde esta tendência é maior (tem um índice de sazonalidade
na ordem dos 42,3%). Seguem-se os Açores (39,9%) e o Alentejo
(36,7%). Em média, cada visitante fica 2,8 noites nas unidades.
Nos últimos dez
anos, as dormidas têm crescido a uma média anual de 3,3%. No ano
passado, 70,3% dos hóspedes eram estrangeiros. Ao mesmo tempo, as
receitas também estão a evoluir de forma positiva a cada ano, a uma
média de 6,2% entre 2005 e 2015.
Outros dados sobre o
desempenho do sector mostram que, apesar de todos os bons resultados,
as empresas não têm conseguido manter a sua autonomia financeira.
Neste indicador, estão incluídas não só as actividades de
alojamento, como as de restauração e similares. A capacidade de
contraírem empréstimos junto da banca caiu fortemente em 2010 e só
entre 2013 e 2014 se notou uma ligeira recuperação, ainda assim,
longe dos níveis que se registava em 2007. Quanto ao emprego,
praticamente estagnou na última década e a população empregada no
turismo está a descer consecutivamente desde 2013.
Novo fundo para
inovação em turismo
No documento, o
Governo identifica vários aspectos a melhorar: a “permanência das
assimetrias regionais”, as baixas taxas de ocupação, a
sazonalidade acentuada ou a “persistência de baixos rendimentos
dos trabalhadores do turismo”. Para resolver os problemas
identificados, o executivo de António Costa delineou um pacote de
medidas que incluem, por exemplo, uma campanha de dinamização do
turismo interno para impulsionar “o aumento de dormidas em Portugal
do mercado nacional”. Outra das intenções é ter “projectos
âncora” para valorizar o interior (como é o caso da Coudelaria de
Alter). Na calha está também um programa para reposicionar o
Algarve e travar a sazonalidade elevada, com captação de mais
eventos fora da época alta.
No capítulo da
inovação e empreendedorismo, será promovido um concurso no âmbito
dos fundos de capital de risco participados pelo Turismo de Portugal
para apoiar a criação de empresas no sector. Outras medidas, já
conhecidas, passam por ter wi fi nos centros históricos do país ou
criar um portal de reserva de espaços públicos que podem ser
alugados para congressos e eventos.
Depois de ter
lançado uma linha para financiar a requalificação da oferta
turística, de 60 milhões de euros, o Governo vai agora lançar
outra dedicada a apoiar “actividades de inovação, capitalização
e empreendedorismo”, no valor de 50 milhões de euros. O documento
entregue aos parceiros indica ainda que desde Dezembro do ano passado
e no âmbito do Portugal 2020 (fundos comunitários) foram aprovados
49 projectos que envolvem um investimento de 93 milhões de euros.
No final do mês,
será apresentada a Estratégia Nacional do Turismo que pretende,
entre outros aspectos, promover a articulação entre todos os
operadores do sector e “dar sentido estratégico às opções de
investimento”.
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