PJ
deteve director do Museu da Presidência
EM ACTUALIZAÇÃO:
MARIANA OLIVEIRA , PEDRO SALES DIAS e SÓNIA SAPAGE 30/06/2016 -
09:48 (actualizado às 10:56)
A Polícia
Judiciária (PJ) deteve, esta quinta-feira de manhã, o director do
Museu da Presidência da República, Diogo Gaspar, na sua casa por
alegadamente ter cometido vários crimes económicos. É suspeito dos
crimes de tráfico de influência, falsificação de documento,
peculato, peculato de uso, participação económica em negócio e
abuso de poder, revela a Procuradoria-Geral da República (PGR) em
comunicado. Diogo Gaspar será presente a um juiz de Instrução
Criminal.
O Departamento de
Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e a Unidade Nacional
de Combate à Corrupção da PJ estão a fazer várias buscas na
Secretaria-Geral e no Museu da Presidência, em Lisboa; no Palácio
da Cidadela em Cascais (que também faz parte do património da
Presidência), em várias residências particulares na área da
Grande Lisboa e Portalegre.
Esta investigação
começou em Abril de 2015 e não foi a Presidência da República que
fez a denúncia, sabe o PÚBLICO. Participam na operação oito
magistrados do Ministério Público e cerca de três dezenas de
elementos da PJ que investigam suspeitas de favorecimento de
interesses de particulares e de empresas com vista à obtenção de
vantagens económicas indevidas e suspeitas de solicitação de
benefícios como contrapartida da promessa de exercício de
influência junto de decisores públicos, refere a PGR no seu
comunicado. Investigam-se, ainda, o uso de recursos do Estado para
fins particulares, a apropriação de bens móveis públicos e a
"elaboração de documento, no contexto funcional, desconforme à
realidade e que prejudicou os interesses patrimoniais públicos",
acrescenta.
Diogo Gaspar, que
está no Museu da Presidência desde o seu início, em 2001, era
então Presidente da República Jorge Sampaio, foi condecorado pelo
Presidente socialista e, em Fevereiro deste ano, por Cavaco Silva,
com o grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago, numa cerimónia de
Imposição de Insígnias.
Marcelo deu
instruções para Presidência colaborar
Entretanto, o
Presidente Marcelo Rebelo de Sousa já deu instruções para total
transparência e cooperação com as autoridades policiais na
investigação que decorre no Museu da Presidência da República,
disse fonte oficial de Belém à Lusa. "O Presidente da
República instruiu as Casas Civil e Militar e a Secretaria-Geral
para darem toda a colaboração possível às autoridades judiciais,
em total transparência e abertura, e espera que a Justiça possa
exercer rapidamente o seu papel. Mais instruiu o Conselho
Administrativo e a Secretaria-Geral para reforçarem as medidas, já
em curso, de fiscalização, controle da despesa e luta contra
actividades ilícitas, auditando sistematicamente a gestão
orçamental", refere um comunicado da Presidência.
Diogo Gaspar nasceu
em Lisboa, a 23 de Abril de 1971, e foi também na capital, na
Faculdade de Letras que se licenciou em História, variante de
História de Arte, aos 22 anos Quatro anos depois, especializou-se em
Ciências Documentais, opção Arquivo. Nessa altura, já havia
iniciado funções no Instituto dos Arquivos Nacionais Torre do
Tombo, onde chegou a ser coordenador do Gabinete de Leitura Pública.
Em Setembro de 2001,
nomeado pelo então chefe de Estado Jorge Sampaio, torna-se o
primeiro e único coordenador do recém-fundado Museu da Presidência
da República (só três anos depois assume o cargo de director, que
não existia anteriormente). Também deu aulas na Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias, no Instituto Superior de
Línguas e Administração, na Associação Portuguesa de
Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas e no Instituto
Superior de Línguas e Administração de Bragança.
Em Março de 2006
foi condecorado por Sampaio com o grau de comendador da Ordem
Nacional do Infante D. Henrique. Em Junho do mesmo ano, vence o
Prémio Europa Nostra, na Categoria de Investigação, pelo trabalho
desenvolvido no museu. Já este ano, em Fevereiro, Cavaco Silva
condecorou-o com o grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago.
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