Lisboa
caminha a passos largos em direcção ao ponto de saturação e de
ruptura de Barcelona
OVOODOCORVO
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Airbnb
em Lisboa rende 530 euros por mês aos proprietários
JOÃO PEDRO PEREIRA
28/06/2016 – PÚBLICO
Número
de hóspedes duplicou no ano passado. Em média, ficam quatro noites,
mais do que nos hotéis
Em Lisboa, ter uma
casa (ou mais) no Airbnb significa ganhar, em média, 530 euros
mensais, um valor equivalente ao salário mínimo actual.
Um relatório
apresentado nesta terça-feira pela empresa, cuja plataforma permite
arrendar casas a turistas por curtos períodos de tempo, indica que
aquele valor é obtido mesmo tendo a casa vazia na maior parte do
ano. O estudo refere que uma propriedade na capital está tipicamente
ocupada 76 dias, ou seja, dois meses e meio.
Ao todo, o Airbnb
diz ter encaminhado para os proprietários em Lisboa quase 43 milhões
de euros ao longo de 2015 e afirma ter dado um contributo
significativo para a economia da cidade. Além disso, estima que os
visitantes que reservaram casa através da plataforma tenham gasto o
ano passado perto de 225 milhões de euros no comércio e serviços
locais, com pouco mais de um terço deste valor a ir para a
restauração.
Reflectindo o
crescimento de Lisboa como destino turístico, os números contrastam
com a média do país. Feitas as contas a todo o território, o
rendimento mensal médio desce consideravelmente, para 290 euros, e o
número de dias de ocupação de cada propriedade também cai, para
68.
O alojamento
turístico tem sido apontado como uma das razões para o aumento do
preço das casas em Lisboa. A Apemip, uma associação de empresas do
sector imobiliário, estima que as rendas nas zonas centrais da
cidade tenham aumentado entre 30% e 40%, ao passo que a oferta de
casas para arrendamento permanente caiu para dois terços nos últimos
cinco anos.
Na apresentação do
estudo da Airbnb, o responsável de políticas públicas para a
Península Ibérica, Àngel Mesado, tentou afastar a ideia de uma
concentração de propriedades nas zonas mais centrais de Lisboa, ao
afirmar que a plataforma faz com que pessoas possam ficar alojadas em
“bairros que tradicionalmente não beneficiam do turismo” (a
empresa afirma que 70% dos hóspedes ficaram fora dos bairros mais
turísticos). Também se esforçou por afastar uma ideia de
profissionalização dos anfitriões, ao indicar que 71% têm apenas
um anúncio na plataforma (são 15% os que têm mais de dois).
Ainda assim, a
generalidade dos anúncios são para uma casa inteira, o que,
considerando os dois meses e meio de ocupação anuais, indicia que
muitos dos casos serão de propriedades que se destinam a alojamento
local e não casas alugadas a turistas apenas nos períodos em que os
proprietários estão fora. De acordo com o Airbnb, quase três em
cada quatro anúncios em Portugal dizem respeito a uma casa ou
apartamento inteiro, com 26% a serem de quartos privados.
Os dados indicam, no
entanto, um crescimento acentuado da actividade da plataforma em
Portugal. O número de hóspedes na capital duplicou no ano passado,
para 433 mil pessoas. Em média, ficam quatro noites, uma noite mais
do que na estadia média no sector hoteleiro. Já no total do país,
foram 921 mil hóspedes.
Parte dos
rendimentos conseguidos pelos proprietários no Airbnb continuam, no
entanto, a ficar na economia paralela. Àngel Mesado afirmou não ter
forma de saber quais as propriedades listadas que não pagam
impostos. Mas, há dois meses, a taxa turística em Lisboa, que é
devida pelos visitantes, passou a ser cobrada pela plataforma e
entregue ao Estado em nome dos anfitriões.
Nesta terça-feira,
em declarações à Antena 1, a secretária de Estado do Turismo, Ana
Mendes Godinho, reconheceu que há no sector uma fuga às obrigações
legais, nomeadamente de registo das propriedades, e afirmou estar a
trabalhar com o Airbnb para alertar os proprietários para a
necessidade de regularizarem a situação. Antes, o Governo já tinha
avançado com a hipótese de mudar o enquadramento fiscal deste tipo
de actividade, eventualmente acabando com as diferenças entre o
arrendamento habitacional e o de curta duração.
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