EDITORIAL
/ PÚBLICO
A
"sensatez" da Comissão
“A
ser verdade, os dirigentes comunitários só provam que não
aprenderam nada com a tragédia do Brexit e com a inquietante
indefinição espanhola. Indiferentes ao clamor dos cidadãos,
continuam, impávidos, a demolir o projecto europeu.”
PÚBLICO
28/06/2016
Quando, em meados de
Maio, a Comissão Europeia optou por adiar a decisão sobre os
défices de Portugal e Espanha, o Presidente da República considerou
essa posição “sensata”. Não se percebe o porquê de tanta
indulgência, dado que este órgão comunitário de topo não é
propriamente conhecido pela sensatez e equidade das suas decisões.
Na altura, toda a gente percebeu que o adiamento se deveu ao
referendo no Reino Unido e às eleições em Espanha e não a razões
de ponderação ou justiça. Aliás, o próprio Jean-Claude Juncker
eliminou pouco depois qualquer dúvida sobre os critérios da
Comissão ao justificar, curto e grosso, que a França não seria
sancionada por défice excessivo apenas “porque é a França”.
Ontem soube-se que a Comissão deve mesmo propor a aplicação de
sanções aos países ibéricos na reunião do Eurogrupo, em Julho. A
ser verdade, os dirigentes comunitários só provam que não
aprenderam nada com a tragédia do Brexit e com a inquietante
indefinição espanhola. Indiferentes ao clamor dos cidadãos,
continuam, impávidos, a demolir o projecto europeu.
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