(….) “A outra
opção inquietante é a da omnipresença quotidiana nos média, com
telejornais a consagrarem uma, duas, três, quatro ou mais sequências
ao dia do presidente e às suas declarações a propósito de tudo e
de nada. Uma omnipresença que o próprio presidente manifestamente
favorece e que o serviço de comunicação de Belém indubitavelmente
promove. Quando o chefe de Estado num sistema constitucional não
presidencialista deve saber preservar uma certa reserva, de modo a
que a sua palavra e a sua ação possam ter o devido peso quando
necessárias forem.
(…) A omnipresença
diária nos média é também de natureza a levar estes mesmos média
a quererem saber mais sobre a “face oculta” do presidente e da
presidência. A quererem ir para além da versão oficial da vida
quotidiana do personagem, das suas relações familiares, sociais e
afetivas, dos meandros do seu passado nomeadamente político. O que
tem grandes probabilidades de lhe retirar a aura simbólica
indispensável à magistratura suprema junto da opinião pública.
Esvaziando desde logo muito seriamente, junto dos cidadãos, a sua
capacidade de intervenção e decisão política, com autoridade e
serenidade, desmonetizado que foi o seu titular ao longo dos meses
por um híper-ativismo omnipresente…”
J.-M. NOBRE-CORREIA
/ “Os riscos do híper-ativismo” / 21-6-2016
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