“A inflacção do
custo de vida em Lisboa assenta essencialmente no aumento dos valores
das rendas, que reflectem o crescimento da procura associado também
ao turismo.”
Lisboa
sobe na lista de cidades mais caras do mundo
LILIANA BORGES
22/06/2016 – PÚBLICO
O
custo de vida na capital portuguesa aumentou durante o último ano. A
cidade subiu 11 lugares no ranking das cidades mais caras do mundo.
Lisboa está –
mesmo – mais cara. No último ano, a capital portuguesa subiu 11
posições na lista de cidades mais caras do mundo, passando da 145.ª
posição para o 134.ª lugar. Apesar de se manter, globalmente, como
uma das cidades menos dispendiosas para expatriados, a verdade é que
a desvalorização do euro face ao dólar deveria ter reduzido o
custo de vida relativo. Segundo a consultora Mercer, empresa autora
do estudo, existe uma explicação, que, de resto, não é uma
novidade para os lisboetas. A inflacção do custo de vida em Lisboa
assenta essencialmente no aumento dos valores das rendas, que
reflectem o crescimento da procura associado também ao turismo.
A acompanhar a
subida de Lisboa estão também algumas cidades norte-americanas,
algo proporcionado pela valorização do dólar americano. A
distinção de cidade mais cara vai para Hong Kong. Luanda fica em
segundo lugar. Zurique e Singapura mantêm a terceira e quarta
posições, e Tóquio assume o quinto lugar, registando uma subida de
seis lugares face ao ranking do ano passado.
Na lista das dez
cidades mais caras, duas são europeias. Zurique lidera enquanto
cidade europeia mais cara e tem a companhia de Genebra, em oitavo
lugar, que ainda assim desce três lugares este ano, numa queda
acompanhada por Berna (13.º), que perdeu quatro lugares face ao ano
passado, seguindo o enfraquecimento do franco suíço face ao dólar
americano. O mesmo aconteceu com Oslo (59.º) e Moscovo (67.º), que
desceram 21 e 17 lugares respectivamente. Londres (17.º) e
Birmingham (96.º) caíram cinco e 16 posições.
Tiago Borges,
responsável Ibérico da área de estudos de mercado da Mercer,
explica que “mesmo com o aumento de preços nesta região, algumas
moedas locais europeias enfraqueceram face ao dólar americano, o que
as 'empurrou' algumas posições para baixo no ranking”. “Além
disso, outros factores, como os recentes eventos de ameaça à
segurança, a instabilidade social e preocupações quando às
perspectivas económicas tiveram um claro impacto”, analisa.
Já Copenhaga (24.º)
e São Petersburgo (152.º) mantiveram as mesmas posições e Paris
(44.º), Milão (50.º), Viena (54.º) e Roma (58.º) registaram
praticamente os mesmos lugares do ano passado. Já na Europa Central
e de Leste algumas cidades subiram. É o caso de Kiev (176.º) e
Tirana (186.º), que este ano se encontram oito e 12 lugares mais
acima. Também as cidades alemãs de Munique (77.º), Frankfurt
(88.º) e Dusseldorf (107.º) viram os seus custos de vida aumentar.
Cerveja é dos bens
mais baratos
Nos dados
analisados, é possível, por exemplo, comparar os custos de
arrendamento de um apartamento T2. Se olharmos para os preços
praticados em Lisboa, os preços rondam uma média de 1500 euros. Em
Hong Kong, a média de arrendamento de um apartamento com esta
tipologia ultrapassa os seis mil euros.
Outra das
comparações feitas pela empresa é o preço da gasolina sem chumbo
95. Em Lisboa, um litro deste combustível custa cerca de 1,36 euros.
Em Pequim, o mesmo valor dá para comprar o dobro da gasolina. Se
formos para Moscovo, a mesma quantidade não ultrapassa os 50
cêntimos.
Em bens essenciais,
como água e pão, Lisboa surge com valores mais elevados do que a
capital do Reino Unido. Por oposição, um dos bens mais acessíveis
para os lisboetas é o leite, que custa cerca de 0,75 euros. Em Hong
Kong, um litro do mesmo tipo de leite custa mais de 3,50 euros.
Se o assunto for
cultura e lazer, Lisboa não é das piores cidades. Olhando para o
preço de um bilhete normal de cinema, em Lisboa o custo é de cerca
de 6,7 euros por pessoa, menos de metade do valor praticado em Nova
Iorque e Londres, por exemplo. Não obstante, se falamos de roupa os
lisboetas têm de fazer esforço maior comparativamente aos
nova-iorquinos e londrinos.
Lisboa é também,
nas cidades analisadas pela Mercer, uma das capitais onde beber
cerveja é mais económico. Com cerveja importada a custar menos de
90 cêntimos, Lisboa apresenta preços mais convidativos do que
Sydney, por exemplo, onde a mesma bebida custa quase três vezes
mais.
A capital portuguesa
é a única cidade do país a entrar neste ranking que inclui mais de
375 cidades em todo o mundo. O ranking de 2016 inclui 209 cidades dos
cinco continentes e mede o custo comparativo de mais de 200 itens em
cada local, incluindo habitação, transportes, comida, roupa, bens
de uso doméstico e entretenimento. O objectivo do estudo da
consultora passa por fornecer uma base de comparação às empresas e
organizações interessadas em expandir a nível global.
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