Fenprof
pede à PSP confirmação de números sobre a manifestação dados ao
PÚBLICO
PEDRO SALES DIAS
20/06/2016 – PÚBLICO
Federação
quer que a polícia esclareça se disse que apenas estiveram 15 mil
manifestantes no sábado em Lisboa. Direcção do PÚBLICO reafirma
que "não tomou partido sobre a polémica".
A Federação
Nacional dos Professores (Fenprof) pediu à PSP que confirme se
forneceu ao PÚBLICO o número de pessoas que estiveram presentes na
manifestação em defesa da escola pública, em Lisboa, no sábado.
Durante a manifestação, o secretário-geral da Fenprof, Mário
Nogueira, apontou terem participado 80 mil pessoas no protesto,
enquanto o comando da PSP de Lisboa indicou terem estado presentes 15
mil. “Procurando apurar a verdade, a Fenprof já dirigiu um ofício
ao comando da PSP de Lisboa para saber se foi ou não prestada
qualquer informação à comunicação social em geral e, em
particular, ao jornal PÚBLICO”, refere a federação num
comunicado divulgado nesta segunda-feira. Ao PÚBLICO a PSP remeteu
esclarecimentos para esta terça-feira.
A Fenprof considera
“estranho” que a PSP tenha fornecido os números ao jornal.
“Também a organização da marcha tentou obter o número calculado
pela PSP, tendo-se dirigido ao chefe do destacamento policial
presente, tendo este informado que, por decisão superior, não
divulgavam números”, alega. Após uma polémica de números
relacionada com uma manifestação também da Fenprof, em Maio de
2009, em Lisboa — em que a federação apontava 80 mil pessoas e a
PSP entre 50 a 55 mil —, a polícia decidiu deixar de revelar as
estimativas de manifestantes que calcula com base na área urbana
ocupada. Nos últimos anos, porém, alguns oficiais da PSP voltaram a
fazê-lo pontualmente.
No comunicado, a
Fenprof diz já ter apresentado um “protesto junto da direcção do
PÚBLICO pela forma como tratou a marcha em defesa da escola pública:
antes, silenciando a iniciativa, durante e depois, não conseguindo
disfarçar a irritação pelo êxito da mesma, o que teve a expressão
nas abordagens que fez”.
As explicações do
PÚBLICO
A directora do
PÚBLICO, Bárbara Reis, rebate a acusação. “O PÚBLICO não
tomou partido sobre a polémica. Tem ouvido todas as partes e abriu
as suas páginas ao debate livre sobre o tema”, salienta. Bárbara
Reis também explica como foram recolhidos os dados. “No sábado, o
PÚBLICO falou com o oficial de dia do Comando Metropolitano da PSP
de Lisboa, Filipe Silva, que nos deu as estimativas da manifestação
da Fenprof. Pelo menos mais dois jornais, o Jornal de Notícias e o
Observador, contactaram a PSP e publicaram números semelhantes. Do
mesmo modo que, no dia seguinte, o PÚBLICO falou com o subcomissário
Hélder Andrade, do Comando Metropolitano da PSP do Porto,
responsável pela preparação e acompanhamento da manifestação do
movimento Defesa da Escola Ponto. Foram estes dois membros da PSP que
forneceram os dados que publicámos: 15 mil (Lisboa) e ‘menos de
sete mil’ (Porto)”, esclarece.
A Fenprof critica
ainda o jornal por ter referido que a manifestação começou com
duas mil pessoas, “número inferior a quantos viajaram só nos
comboios que partiram do Norte”. Ainda no âmbito da manifestação
de sábado, a federação volta a lamentar a referência no artigo à
presença de Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, e Jerónimo de
Sousa, do PCP, no palco ao lado de Mário Nogueira. Quanto a esse
“erro”, Bárbara Reis sublinha que “foi identificado e
corrigido”.
Além de acusar o
PÚBLICO de não ter sido “neutro” no que “concerne ao debate
sobre a escola pública e os contratos de associação com privados”,
a Fenprof considera que o jornal usou “dois pesos e duas medidas”
por, no mesmo artigo, se ter referido “a duas manifestações: a da
escola pública, pondo em causa a informação divulgada pelos
promotores”, e a “dos colégios privados, dando como certa a
informação dos promotores”.
Numa carta enviada
nesta segunda-feira ao PÚBLICO, a deputada do PS Gabriela Canavilhas
— que sugeriu, no domingo, no Twitter, o despedimento da jornalista
Clara Viana, que acompanhou a manifestação de sábado em Lisboa —
insiste na “discrepância absurda entre as 15.000 pessoas”
indicadas pela PSP e as 80.000 apontadas pela Fenprof. Já ao
Expresso, recusou ter sugerido o despedimento da jornalista e,
questionada sobre se mantém tudo o que disse, acrescentou que “teria
colocado emojis”. A deputada do PS apagou entretanto o polémico
post publicado na sua conta naquela rede social.
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