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Remember
we live here, say irate Lisbon locals amid tourist crush
Residents feel left behind
as city trams fill with tourists and public partying grows.
By Henrique Almeida
Bloomberg News
Originally published
August 14, 2015
Ever since tram
number 24 stopped running up one of Lisbon’s famous hills two
decades ago, residents have been demanding its return. So when the
renamed Tram Tour began service in May on a shortened route known for
hilltop views of the city, it might have been cause to rejoice.
Instead, the tram
has become just the latest symbol for locals of tourists being
attended to while they’re literally being left behind. Lisbon has
been the fastest-growing city destination in southern Europe for
overnight guests since the global financial crisis amid an
unprecedented surge in the nation’s $11.6 billion tourism sector.
The tram is “a
little insulting for Lisbon residents,” said Mario Alves, who is
among the more than 2,500 people who have signed a petition demanding
another tram service also meant for locals, which, at 6 euros ($6.7)
a ride, costs more than twice other city transport and caters to
visitors. “Other trams are often filled with tourists and some old
city residents have to walk.”
The backlash isn’t
limited to trams — resident groups across the city are asking for
more regulation to limit the impact of the tourism inflow.
Neighborhood officials are advocating that Lisbon join European
cities such as Barcelona, which froze hotel openings. Better garbage
collections in highly trafficked zones and a crackdown on public
drinking are also necessary, they said.
While Lisbon hasn’t
announced any similar plans, the nation’s economy minister agrees
that something may have to give. While tourism is crucial to the
economy, “there are aspects that need to be balanced out, such as
noise in certain areas of Lisbon,” Antonio Pires de Lima said
recently.
Mass influx
Long overlooked by
visitors who favored Portugal’s southern Algarve region, Lisbon is
attracting more tourists as a result of an ambitious online marketing
campaign and relatively lower prices for tourists than in other
similar destinations, a growing cruise-ship port and security
concerns in other sunny destinations.
An estimated 3.6
million overnight foreign guests, or more than 6.5 times the city’s
population, will visit it this year — an even higher multiple than
Barcelona, which expects to receive 7.6 million international
visitors.
The increase has
helped lead Portugal out of recession and is forecast to account for
15.8 percent of Portugal’s 2015 GDP. Still, locals are increasingly
feeling put out as tourists take over their streets, transport and
even their apartments, changing the fabric of the city.
Pink Street crowds
The epicenter of the
growing tension between residents and tourists has turned to the
riverside Cais do Sodre neighborhood, which decades ago was one of
the city’s forgotten districts. Its dark, back streets with a
handful of brothels was filled with sailors and locals.
In 2011, everything
changed. The quarter was given a makeover and its main street Rua
Nova do Carvalho closed to traffic, painted fluorescent pink and
nicknamed Pink Street. Hotels, tourist apartments, restaurants and
bars set up shop in the area.
“These days, about
70 to 80 percent of our clients are tourists,” said Catarina
Cabrita, a bartender at Champanharia do Cais in Pink Street.
“Business is excellent.”
Living there is
another matter, locals say.
“It’s gotten
worse,” said Isabel Sa da Bandeira, who lives 100 meters from Pink
Street and heads an organization called “People Live Here” aimed
at reminding authorities of the residents around them. “This area
used to be in bad shape but we could all sleep at night because
everything was done behind closed doors. Now, the party is
everywhere.”
Short-term rentals
swell
And she really means
everywhere as tourists start sleeping in locals’ apartments. One
change of the 2011 European Union and International Monetary Fund aid
package extended to Portugal to ease it out of the sovereign-debt
crisis stipulated a gradual end to long-held rent controls.
As those protections
end, landlords are turning away longtime tenants and selling
properties to foreign investors — or renting directly to tourists
for short stays. Sale prices measured in square meters have jumped 60
percent in some areas of Lisbon since 2011, said Paulo Silva, head of
Aguirre Newman in Lisbon, a real estate consulting firm.
The money keeps
pouring in — foreigners accounted for 90 percent of the 730 million
euros invested last year in Portuguese real estate — nearly three
times the 2013 amount. Portuguese property investment will increase
to about 1 billion euros this year, according to Aguirre Newman data.
That could lead to
an exodus of natives from the city, said Vasco Morgado, president of
Santo Antonio civil parish, which includes several of Lisbon’s
historic quarters.
“Landlords are
putting pressure on residents to leave so they can rent the units to
tourists,” said Morgado, pointing out a 35-meter street in his
parish that is now home to five hostels. “Nobody is against tourism
but there must be a balance because Lisbon has Lisbonites and
Lisbonites can’t be considered as collateral damage. Tourists won’t
want to come to Lisbon if there are no residents.”
Without legislation
to restrain the growth, however, Lisbonites might need to learn how
to live with it in the short term, at least, said Eduardo Abreu, a
partner at the Lisbon- based Neoturis tourism consulting firm,
calling the dissent “growing pains.”
“When a city goes
through such an unprecedented tourism boom, it’s obvious that
unpleasant situations occur,” Abreu said. “But Lisbon residents
have to learn to live with tourists. After all, if you go to London,
Paris or New York you will always find thousands of tourists in spots
like Piccadilly Circus, the Eiffel Tower or Times Square. It’s
inevitable.”
Henrique Almeida
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Boom'
turístico sacode a tradicional Lisboa
Fisionomia
está mudando devido à condição de destino turístico da moda.
Turismo
se transformou na principal atividade econômica da cidade.
GLOBO/16/06/2016
Ruas pavimentadas,
edifícios revitalizados, dezenas de novos hotéis, milhares de
turistas pelas vias estreitas, "tuk-tuks" que circulam por
caminhos íngremes, bondes lotados de estrangeiros e velhas tascas
transformadas em locais "gourmet".
Este é o panorama
que o centro de Lisboa apresenta hoje, uma cidade frequentemente
qualificada de tradicional, muito presa às suas raízes, com um
caráter profundamente ligado aos bairros e cuja fisionomia está
mudando de forma visível devido a sua condição de destino
turístico da moda.
Os edifícios
derruídos e em mau estado - normalmente no Centro Histórico - estão
sumindo graças à reabilitação, e o turismo se transformou na
principal atividade econômica da cidade. No entanto, um crescente
número de vozes alerta para as consequências deste fenômeno e
reivindicam limites para que a capital de Portugal não perca sua
essência.
Os quatro milhões
de visitantes estrangeiros registrados em 2015, um novo recorde - e
que continua subindo -, contrastam com os pouco mais de 500 mil
moradores que tem Lisboa, número que chega a 1,5 milhão se a área
metropolitana for incluída.
Esta tendência
representa também uma revolução no mundo imobiliário, que vive um
"boom" praticamente inédito, em oposição à letargia da
construção nos anos de crise.
Ao calor da explosão
de lisboetas que alugam quartos em seus próprios apartamentos
através de novas plataformas da internet, os preços tenderam a
subir de forma exponencial e as imobiliárias estimam um aumento no
preço do aluguel de 30% a 40% desde 2014.
Por trás do "boom"
do setor imobiliário está fundamentalmente o investimento
estrangeiro, responsável por quase 80% de toda a atividade. Segundo
dados de um relatório da PricewaterhouseCoopers (PwC), os números
são "impressionantes para o contexto português, que nunca
tinha recebido" tantos fundos procedentes do exterior.
A própria
prefeitura de Lisboa calcula que um apartamento de um quarto no
centro ronda agora os 800 euros (pouco mais de R$ 3 mil), um valor
praticamente igual ao salário líquido médio de um trabalhador
português.
Esta pressão de
alta de preços agravou a saída de moradores do centro histórico,
totalmente voltado a atender turistas. Os armarinhos, os bares
clássicos e até os açougues deram lugar às lojinhas de presentes,
aos "gastrobares" e ao comércio das grandes marcas de
roupa mundialmente conhecidas.
"Estamos
transformando Lisboa em um parque temático, uma espécie de
Disneyworld", advertiu o pesquisador urbano Luís Mendes,
professor no Instituto de Geografia e Regulação do Território da
Universidade de Lisboa.
Mendes acrescentou
que existe uma "turistificação" da cidade que "está
acelerando o processo de expulsão de antigos moradores dos bairros
históricos para zonas periféricas".
Em sua opinião, uma
lei antiga que permite aos proprietários encerrar o contrato com o
inquilino com relativa facilidade e uma legislação sobre
alojamentos turísticos informais demais são dois importantes
fatores neste processo.
"A maior parte
dos desalojamentos não é direto, e sim indireto, já que à medida
que a região se revitaliza, desaparecem as lojas de bairro. E assim
fica uma população pobre, com pouca mobilidade, sem serviços
próximos e cuja rede de amigos estava no bairro", lamentou.
Tanto no Bairro Alto
quanto em Alfama, dois dos bairros mais típicos da cidade, é cada
vez mais difícil ouvir o português, segundo os presidentes das
respectivas associações de moradores.
A multiplicação de
rotas com companhias aéreas de baixo custo, a chegada em massa de
cruzeiros, o reforço da estratégia de promoção internacional,
preços competitivos em comparação a outras partes da Europa e a
crise que vivem destinos como Tunísia e Egito são algumas das
razões do sucesso turístico luso.
Uma pesquisa
realizada pelo Observatório de Turismo de Lisboa com visitantes
estrangeiros em 2014 concluiu que a característica mais
significativa da cidade era, com ampla vantagem, a "autenticidade".
Dois anos depois, essa marca parece agora correr risco de extinção.
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