Campo
do “Brexit" sobe nas sondagens e centra debate na imigração
SOFIA LORENA
01/06/2016 – PÚBLICO
Proposto
sistema de pontos em que qualquer “imigrante económico” que
queira trabalhar no Reino Unido “deverá ser qualificado para o
posto a que se candidata, o que pode implicar “um bom domínio do
inglês”.
A incerteza sobre o
resultado ao referendo que decidirá já no dia 23 a permanência ou
a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) mantém-se, mas as
novas sondagens realizadas pelo ICM para o jornal The Guardian dão o
“não” à frente, no mesmo dia em que os seus principais
defensores apresentaram uma proposta para endurecer as políticas de
imigração.
Estes inquéritos de
opinião são os primeiros feitos depois de ter sido divulgado que ao
longo do ano passado chegaram ao país mais 330 mil pessoas do que as
que saíram – o segundo valor mais alto desde que os dados
começaram a ser compilados, em 1975. Destes, 184 mil foram cidadãos
comunitários, beneficiários da livre circulação na UE, um número
que iguala o anterior recorde.
Até agora, as
sondagens realizadas por telefone sobre o referendo de dia 23 de
Junho davam tendencialmente a vitória à permanência, enquanto nos
inquéritos feitos online a margem do “não” era
significativamente maior. Desta vez, as sondagens do ICM, tanto a
online como a telefónica, estão empatadas, ambas com 52% dos
eleitores a votarem pela saída. “É só uma sondagem. Mas, numa
alteração significativa da tendência, os dois inquéritos são
consistentes nas intenções de voto”, diz ao Guardian o director
do instituto, Michael Bloom.
“Medos da migração
dão liderança nas sondagens ao ‘Brexit’”, escreve o
Independent, num momento em este se desenha como o tema central da
campanha pela saída da UE. É a estratégia possível, já que os
estudos sobre o impacto económico apontam todos para consequências
negativas de uma saída – depois de ter dito que “não há
qualquer lado positivo para o Reino Unido no [caso de vitória] do
‘Brexit’”, a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico) afirmou esta quarta-feira que “as ondas
de choque poderão ser significativas para outros países”.
Os líderes do campo
"Brexit" já tinham acusado o primeiro-ministro, David
Cameron, de ter falhado a promessa de reduzir a imigração para o
país feita em 2010 – o que os números do gabinete de estatísticas
britânico vêm sublinhar. Para os principais rostos da defesa do
“Brexit”, com o ex-presidente da câmara de Londres Boris Johnson
(que aspira chegar à liderança do Governo) à cabeça, o aumento do
número de cidadãos europeus a viver no Reino Unido provoca “um
peso insustentável” nos sistemas de saúde e de educação, assim
como no preço da habitação.
“Até às próximas
eleições legislativas vamos criar um verdadeiro sistema de
imigração por pontos com base no modelo australiano”, escrevem
num “comunicado conjunto” os conservadores Johnson, o ministro da
Justiça Michael Gove, a secretária de Estado para o Emprego Priti
Patel e a deputada Gisela Stuart. A ideia é que, após a saída, os
cidadãos de países da União sejam tratados como quaisquer outros,
perdendo “o direito automático de viver e trabalhar no Reino
Unido”. Esta mudança, garantem, não afectará os cerca de três
milhões de pessoas de países da União que lá residem.
“Queremos
continuar a beneficiar da imigração. Mas se vamos receber mais
pessoas os britânicos têm de saber que controlamos quem vem. Estar
na UE significa que não temos controlo”, lê-se no texto. A ideia
é instituir um sistema de pontos (existe em vários países, o
primeiro a adoptá-lo foi a Austrália) em que cada pedido de
autorização de permanência para trabalho seja tratado em função
das competências e qualificações de quem o faz, “sem
discriminação base
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