Estudo revela
aumento alarmante dos assassínios de ativistas ambientais
05.08.2019 16:41
por Lusa
Investigação
conclui que a maioria das 1.558 mortes registadas entre 2002 e 2017 estiveram
relacionadas com as tensões em torno da exploração dos recursos naturais que os
ativistas tentavam proteger.
O número de
assassínios de ativistas ambientais está a aumentar a ritmo alarmante e afeta
em particular membros das comunidades indígenas, assinala um relatório esta
segunda-feira publicado pela revista científica britânica Nature.
A investigação,
promovida pela Universidade de Queensland (Austrália) conclui que a maioria das
1.558 mortes registadas entre 2002 e 2017 estiveram relacionadas com as tensões
em torno da exploração dos recursos naturais que os ativistas tentavam
proteger.
"O número de
mortes registadas de defensores do meio ambiente aumentou, assim como o número
de países em que decorrem", explica em comunicado Nathalie Butt, da Escola
de Ciências Biológicas da Universidade de Queensland.
Estes ativistas
contribuem "para proteger a terra, florestas, água e outros recursos
naturais", e "podem ser qualquer pessoa que resiste à
violência", como "líderes comunitários, advogados, jornalistas,
membros de movimentos sociais, trabalhadores de organizações não-governamentais
e indígenas", destaca.
Nesse sentido,
Butt recorda que o número de vítimas registadas nas comunidades indígenas
"é maior que em qualquer outro grupo".
O relatório
precisa que um terço das mortes ocorridos entre 2014 e 2017, cerca de 230,
estiveram relacionadas com negócios de exploração de minas e agrícolas.
"Apesar de a
causa subjacente da violência serem os conflitos pelos recursos naturais,
análises especializadas demonstram que a corrupção era o fator chave para os
assassínios", sublinha Butt, que lamenta a impunidade nesta área.
A nível global,
recorda, 43% de todas as mortes implicam condenações, enquanto esse número se
reduz para 10% para as mortes de ativistas do meio ambiente.
"Em muitos
casos, um Estado de direito frágil significa que estes casos não são
investigados de forma adequada, e por vezes são a polícia ou as próprias
autoridades as responsáveis pela violência", denuncia a investigadora.
Nesta perspetiva,
o estudo exorta as empresas multinacionais e os governos que adotem "mais
transparência e responsabilidade", e solicita ao "consumidor"
que atue com "consciência".
"A ecologia
do planeta é fundamental para a produção de alimentos e recursos, dos quais
todos dependemos, e, em última análise, estamos obrigados a apoiá-la. Parte
deste apoio supõe defender as pessoas que o protegem", acrescenta.
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